• Pilchas defumadas

    Publicado por: • 10 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Em outros tempos, o Acampamento Farroupilha já estaria botando gauchada autêntica e disfarçada pelo ladrão. Até o 20 de Setembro seria a repetição de edições anteriores, um Festival de Defumação misturada com poeira. Em caso de chuva, com barro. A cada 20 metros se alternam piquetes, galpões frios como uma nota de 30 reais de bancos, empresas e órgãos públicos.

    PERDIDOS NA NOITE

    Para quem não é daqui, era preciso chamar atenção que 80% dos acampados eram funcionários públicos em licença-prêmio ou de meio expediente. Deixavam a pilcha na cadeira da repartição e se mandavam para a fumigação. Dos 20% restantes, 10% só queriam saber onde ficava a Rodoviária; os outros 10% queriam achar a saída.

    DESESTRESSE GAUDÉRIO

    Acampar no Parque a pretexto de honrar a tradição tem vários efeitos colaterais benéficos. Por exemplo, fugir da nega veia, também conhecida como a perpétua. Por sua vez, a nega veia tira um tempo do maridão. Se voltasse para casa de noite, teria que aguentar bafo de cachaça com bigode cheirando a gordura de borrego. Nem a santa das santas aguenta.

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    Aliás, a gauchada casada há mais tempo gosta de chamar a legítima de Santinha. Às vezes ela é,  às vezes ele pensa que ela é.

    O DIA DA GLÓRIA

    O ápice é o Desfile do 20 de Setembro. A bordo dos cavalos, às vezes tontos pelo cheiro que vem da bombacha e da cueca samba-canção que têm saudades do tanque, lá se vão eles. Como nos versos do pernambucano Acêncio Ferreira.

    Lá vem os gaúchos em louca disparada
    Pra quê?
    Pra nada…


    Bem coisa do Nordeste. Mal sabem eles que a verdade está no nosso hino, aliás, composto por um paulista.

    Sirvam nossas façanhas de exemplos para toda a terra.

    Ao que um gaiato modificou para:

    Sirvam nossos exemplos de façanhas para toda a terra.

    SUA MAJESTADE, O CAVALO

    Certa vez perguntei ao DJ Claudinho Pereira se ele estava de boa. Resposta:

     – Tô igual a cavalo no desfile do Vinte de Setembro. Cagando e andando, mas sendo aplaudido.

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  • Se você olhar muito para o abismo, o abismo olhará dentro de você.

    • Friedrich Nitsche •

  • O Brasil que funciona

    Publicado por: • 10 set • Publicado em: O Brasil que funciona

    Live Marcelo Beetoluci* Nesta quinta-feira, dia 10, o convidado para a live do IARGS será o ex-presidente da OAB/RS, Dr Marcelo Bertoluci, que  falará sobre “O exercício da  liderança a partir de valores e princípios”, às 20h, no @iargs.oficial.
    Convite em anexo.

    * OAB/RS informa semanalmente o funcionamento das comarcas, conforme atualização semanal das bandeiras do Estado. Após um diálogo intenso entre a OAB/RS e o TJRS, o judiciário definiu a retomada do expediente presencial e dos prazos de processos físicos respeitando o Modelo de Distanciamento Controlado do Governo do Estado com o sistema de bandeiras. Para saber masi, acompanhe: clicando aqui.

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  • Júlio, o erudito

    Publicado por: • 9 set • Publicado em: A Vida como ela foi

    Quando fui comentarista na TV Pampa, em 2000/1, resolvi ir de táxi em vez de carro. A empresa pagava. Horários sempre de pico, melhor desse jeito. Eu conhecia um taxista gurizão, o Júlio. Flor de pessoa, mas com um defeito: nunca chegava na hora marcada. Fui enchendo as medidas, sabia que ele pegava corridas mesmo sabendo que chegaria atrasado no meu prédio.

    Um dia, peguei o Júlio, e com toda gravidade fiz ele ver que arriscava perder cliente certo, que pagava a semana adiantada, que eu não podia entrar atrasado no ar. Ele jurou que isso nunca mais se repetiria. Então tá, eu falei. No dia seguinte, o Júlio se atrasou de novo. Quando o táxi chegou, rodei à baiana.

    – Júlio, eu avisei. É o fim da parceria. Desta vez, o copo transbordou.

    – Mas seu Fernando, minha tia…

    – Tua tia deve ser mentirosa como tu – atalhei. – Vamos pela última vez, e troca de estação, bota na Rádio da Universidade. Só faltava ter que ouvir esse falso pagode.

    Cada vez que ele queria falar, eu cortava o papo pela raiz. Com a cabeça quente, decidi curtir um concerto para trompete de Haydn. Absorto na peça, falei alto comigo mesmo.

    – Algumas vezes, o Haydn é melhor que o Bach…

    Era a deixa que o Júlio esperava. Alvoroçou-se.

    – Pior que é! Pior que é!

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  • Mutatis mutandis

    Publicado por: • 9 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Se pode complicar, para que simplificar? Os bafômetros agora são chamados de etilômetros no politicamente correto alcoólico. O que antigamente era chamado de cafona agora é brega. Como se pinguim na geladeira notasse a diferença.

    CAFONICES…

    Má substituição imposta pela teledramaturgia. Cafona, que foi nome de novela da Globo, era cafona e estávamos conversados. Veio outra novela com o nome Brega & Chique, algo inusitado: a segunda palavra elimina a primeira. Os tempos antigos eram mais preto no branco, sem subtexto.

    https://ww8.banrisul.com.br/brb/link/brbwe4hw.aspx?largura=1366&altura=683&sistema=portalderenegociacao&utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=blog&utm_campaign=negocie&utm_content=centro_600x90px

    …BREGUICES

    Então, qual teria sido o marco zero da breguice chique? Engana-se quem acha que foi a moda de tênis com terno. Muito antes, entre 1972/3, o cantor Waldyck Soriano conquistou corações e mentes da mulherada da alta burguesia que viam nele um Adonis com correntinha de ouro. De preferência cantando a música “Eu não sou cachorro não”.

    PESO EXTRA

    Vamos prestigiar a cafonice brasileira. Correntinha de ouro a plebe ignara só botava no pescoço se fosse com medalhinha de santo. Então os bicheiros cariocas lançaram a moda do correntão de ouro, com ou sem santos. Alguns até ficaram corcundas.

    SALTOS ALTÍSSIMOS

    Sinceramente, salto alto deixa a mulher mais elegante, mas salto altíssimo a transforma em caminhão baú. Se passarem debaixo de um viaduto, podem ficar entaladas.

    GRANDES VERDADES

    Ex-prefeito de Cocal, Piauí, foi à convenção do MDB  desancar o seu sucessor, o tucano Rubens Vieira. La pelas tantas inflamou-se e disse ao microfone “não roubei tanto quanto esse aí roubou”, referindo-se ao tucano. Sincero, o rapaz.  Também pode ter sido modesto.

    COMO DIZIA…

    …o personagem Justo Veríssimo, do Chico Anísio, “Eu sou, mas quem não é?”

    SEM FALAR…

    …em outro personagem, desta vez  Viva o Gordo, do Jô Soares, que mostrava uma gaiola onde não se via que bicho era, mas era chamado de Corrupto.

    COMO DIZIA…

    …um grande vigarista de Porto Alegre, “posso ser tudo, mas pelo menos não sou corrupto”.

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