• O Flauto da Plauta

    Publicado por: • 1 ago • Publicado em: Notas

     Nos áureos tempos da seresta, no final dos anos 1960 e início dos 70, em Porto Alegre, Flauto da Plauta – como brincávamos na época – estava no auge. Dava canja no Adelaide’s Bar, na parte alta da rua Marechal Floriano, ele, o Lupicínio, Marino do Sax, Mário Barros do violão sete cordas, Johnson, às vezes o Túlio Piva, o Clio do Cavaquinho e outros ases com vários coringas.

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  • Uma viagem ao exterior

    Publicado por: • 1 ago • Publicado em: A Vida como ela foi

     Eu e o Clio do Cavaquinho éramos mais que amigos, éramos confidentes. Já no início dos anos 80, ele começou a receber a fatura. Diabético, meia idade, a febre da seresta estava dispersa como estouro da boiada em noite de tormenta, acabou. Juntado o humor que lhe restava, contou um caso envolvendo o seu fiel acompanhante do violão sete cordas. Clio se queixava da vida e como o verde do vale passou para marrom, até que o companheiro explodiu.

     – Tu tiveste uma boate, foste amante de gente rica, viajaste, fizeste shows por todo o Brasil, gravaste vários discos com tua foto enorme na capa, e eu mal e mal era citado na contracapa do vinil em letras miúdas. O pior é que eu nem mesmo pude realizar meu maior desejo.

     Clio se comoveu. Como ele pode ser tão insensível, pensou. Então perguntou qual era o desejo do parceiro de longa data.

     – Viajar para o exterior! Eu quero ir para o exterior!

     Isso foi no tempo que só rico podia fazer isso, mas, mesmo assim, Clio resolveu ver onde ele queria ir, qual país.

     – Libres! Eu quero ir para Libres!

     Clio engasgou.

     – Mas Libres é na Argentina, do outro lado da ponte!

     O violonista fincou pé.

     – Eu insisto: quero conhecer o exterior, quero ir para Libres.

     Libres o Clio podia bancar. Dias após, foram para Uruguaiana a bordo do trem húngaro, atravessar a ponte a pé, tomaram um porre federal em um boteco pé-sujo do outro lado e, horas depois, pegaram o trem de volta para Porto Alegre. O violonista, contou Clio, morreu feliz porque finalmente tinha conhecido o exterior.

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  • Novos tempos

    Publicado por: • 1 ago • Publicado em: Notas

     Nos bons tempos, as oficinas mecânicas não tinham mãos a medir, tanto era o movimento, até porque automóvel brasileiro e alguns importados já nascem avariados. Tudo mudou com o encolhimento do vil metal, então hoje o pessoal precisa se virar nos 30 para conseguir se manter e manter a equipe.

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  • Blindado blinda

    Publicado por: • 1 ago • Publicado em: Notas

     Quem está no ramo de blindagens de veículos está sorrindo de orelha a orelha. Com o detalhe que uma boa proteção custa algo como R$ 60 mil. Só em Porto Alegre, esse mercado cresceu em torno de 100%, avalia Júnior Fossá, da Casco Blindagens. No caso dele, em torno de 25 veículos/mês.

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  • O recado do Ernani

    Publicado por: • 31 jul • Publicado em: Caso do Dia

     Quanto mais violentos e cruéis são retratados no noticiário policial dos sites dos jornais e portais de notícias, maior o número de comerciais entre um parágrafo e outro. Não está certo. Vocês podem achar o contrário, mas não está certo, na minha opinião. Não casa, não fecha. Ah, dirão, mas os sites precisam sobreviver então é um material publicitário como qualquer outro, certo?

     Não. Pode ser que, nos dias que correm, a cultura de curtir tragédias sobreponha o negativismo de ver peças publicitárias como recheio de relatos de crimes selvagens, mas minha experiência como publicitário coloca em xeque essa assertiva moralmente falando.

     Conto um causo que tem tudo a ver. Nos anos 1970, trabalhei numa agência chamada SGB, cujo diretor regional era o querido e saudoso Ernani Behs, então visitamos uma fábrica de adubos que encomendou uma campanha milionária de divulgação da marca. Entre dezenas de outras peças, havia a previsão de painéis de estrada, placas em moirões, postes e em lugares de aglomeração de gente, como vendas de beira de estrada e postos, adesivos para lonas de caminhões e por aí afora. Na euforia, sugeri também pintar para-choques traseiros de caminhões que transportavam os fertilizantes. Ao meu lado, o Ernani pulou.

     – Se tem uma coisa que aprendi com as agências americanas é nunca botar propaganda atrás de uma coisa que te irrita ou te amedronta.

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