O recado do Ernani
Quanto mais violentos e cruéis são retratados no noticiário policial dos sites dos jornais e portais de notícias, maior o número de comerciais entre um parágrafo e outro. Não está certo. Vocês podem achar o contrário, mas não está certo, na minha opinião. Não casa, não fecha. Ah, dirão, mas os sites precisam sobreviver então é um material publicitário como qualquer outro, certo?
Não. Pode ser que, nos dias que correm, a cultura de curtir tragédias sobreponha o negativismo de ver peças publicitárias como recheio de relatos de crimes selvagens, mas minha experiência como publicitário coloca em xeque essa assertiva moralmente falando.
Conto um causo que tem tudo a ver. Nos anos 1970, trabalhei numa agência chamada SGB, cujo diretor regional era o querido e saudoso Ernani Behs, então visitamos uma fábrica de adubos que encomendou uma campanha milionária de divulgação da marca. Entre dezenas de outras peças, havia a previsão de painéis de estrada, placas em moirões, postes e em lugares de aglomeração de gente, como vendas de beira de estrada e postos, adesivos para lonas de caminhões e por aí afora. Na euforia, sugeri também pintar para-choques traseiros de caminhões que transportavam os fertilizantes. Ao meu lado, o Ernani pulou.
– Se tem uma coisa que aprendi com as agências americanas é nunca botar propaganda atrás de uma coisa que te irrita ou te amedronta.
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