A máquina do tempo

21 out • NotasNenhum comentário em A máquina do tempo

De repente, vi-me de volta ao final dos anos 1960, durante o regime militar, quando a censura atingiu principalmente os jornais. O alvo maior era o Estadão, que substituía as notícias censuradas por receitas culinárias.

Nas demais redações vigia o silêncio obsequioso. Havia algumas questões sagradas, como falar em guerrilha, terrorismo dos grupos de esquerda, drogas.

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Pois com a censura imposta hoje, não só em jornais, mas em rádios, TVs com acréscimo das redes sociais, em um passo de mágica voltei àquele tempo. Só dói quando rio.

E falando em vi\agem no tempo, fico alegre ao recordar os Kerbs da minha juventude. Era o dia (ou semana) do santo padroeiro.

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Os padres mandavam muito naquela época. A ponto de proibir os fieis a ir a bailes de Kerb se fossem no sábado.

Os donos de salões tiveram que curvar a cabeça. Então, baile só domingo. Não raro, havia baile nas segundas e terça também. Tudo começava depois da missa solene das 8h.

Ao meio-dia, as famílias esperavam os parentes que moravam em outras cidades e as recebiam com um lauto almoço regado a chope.

Os barris eram comprados com empréstimo da bomba, gelo e serragem, pois a madeira é um poderoso isolante térmico. As barras de gelo eram picadas e misturadas com a serragem e depois enterradas ao lado dos barris. 

Comida típica alemã, que salivo cada vez que lembro dos filés de porco à milanesa, assado de porco, massa caseira, salada de maionese e um bufê de sobremesas. Eu era e ainda sou tarado por pudim.

A partir das 18/19h, às bandinhas começaram os bailes. Havia uma curiosidade que até descendentes de alemães das cidades desconhecem. Tão logo a bandinha entrava no salão, formavam-se grupos de pessoas encarapitadas nos ombros de outros para tirar uma garrafa de cerveja amarrada na parte mais alta do teto.

Seria normal não fosse o detalhe: quem arrancava a garrafa deveria pagar a primeira rodada para todos os presentes. Acreditem, todos queriam ter essa despesa.

No fim da madrugada, serviam linguiça fervida, café preto e cuca para recarregar as baterias.

A volta das pesquisas

Todo mundo deixa de acreditar nas pesquisas até que surja uma nova. Profissionalmente, não devo me envolver emocionalmente com os resultados. Distanciamento crítico é a palavra de ordem. Ao contrário do jornalismo de hoje, praticado por muitas redações, não se brigava com a notícia. E o que elas estão dizendo?

Estão dizendo que a distância entre Lula e Bolsonaro diminui mais um pouco, que seis ou sete pontos hoje são quatro, falam que Lula estacionou e Bolsonaro está quatro pontos atrás do petista. Provisoriamente. Amanhã tudo pode mudar.

Day after

Acredito que teremos muito mais votos nulos do que no primeiro turno. E que vai ser pau a pau entre os dois, com Bolsonaro tendo reais chances de chegar lá se acelerar mais um pouco no início da semana que vem. 

O que me preocupa é o dia seguinte. Ganhe quem ganhar, vai acentuar a divisão no país. Ciro Gomes já disse que, se Lula ganhar, o Brasil vai amanhecer com possibilidades de um entrevero social. E se Lula ganhar, vai comer uma beira para conseguir governar com o Congresso majoritariamente bolsonarista.

Também não acredito que Lula vá fazer concessões ao centro. Os falcões, como Rui Falcão, um dos coordenadores da sua campanha, avisou que a agenda vai ser de esquerda e não a que o centro quer. Recado claro, claríssimo.

É possível que as alas mais moderadas – se é que isso existe – da esquerda vão brigar de tapa com os radicais em caso de vitória petista. Não existe esquerda de centro.

Nova Velhinha de Taubaté

Os empresários, Simone Tebet e Geraldo Alckmin que acham possível o governo Lula agradar a Capital. Vai ser pau puro.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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