Avenida Farrapos dos anos 1950

6 maio • A Vida como ela foiNenhum comentário em Avenida Farrapos dos anos 1950

Com gancho da tragédia do incêndio em pousada, surgiram narrativas sobre a avenida Farrapos, em que a maioria não falou da essencial daquela que teve seu tempo de glória. Para começar, não foi Getúlio Vargas que a construiu.

Foi num rasgo de ousadia que o prefeito Loureiro da Silva a abriu sem dar bola para os técnicos. “Cumpra-se de imediato” foi a filosofia. Loureiro também abriu a avenida Salgado Filho.

A Farrapos foi uma das primeiras do país a ter a onda verde, que durou até meados dos anos 1960. Se você entrasse em uma das pontas com sinal verde a 60 Km/ chegava na outra ponta sempre com sinal verde. Com o tempo e aumento de movimento, surgiram novas sinaleiras, e aí deu.

Outro erro foi dizer que ela começou a morrer por causa da saída das empresas. Ela morreu antes por falta de estacionamento. Muito antes da decadência. No tempo em que sediava grandes revendas de automóveis, como a Casa Dico, Cia. Geral de Acessórios (GM), Ribeiro (Jung Ford), Importadora Americana (várias marcas) e, a 50 metros dela, a Cranwood (carros europeus de grande vendagem nos anos 1950, como o inglês Austin).

Mas o forte dela, até os anos 1960, foram as lojas de autopeças, e por um bom motivo. Por volta de 1952, Getúlio Vargas proibiu a importação de carros com valor acima de 1,5 mil dólares.

Aí começaram a entrar os carros mais baratos, os europeus como Citroën, Ford, o polonês Skoda e os alemães como o NSU. Mas a proibição gerou um problema: as peças de reposição. Esse tipo de negócio encheu a avenida.

Um detalhe que durou até os anos 1970 foi o leito com as duráveis placas de cimento em metade da pista. A demanda por ônibus inclusive de outros municípios era grande porque a Castelo Branco não existia. Era a única saída. A avenida Pernambuco não emendava com a Farrapos.

Outro detalhe daqueles anos era o comércio, inclusive restaurantes nas transversais. O que eu sempre chamei de distrito erótico da Capital, como o Gruta Azul antigo, A Caverna e e assemelhados, são dos anos 1970 e 1980.

Na década seguinte, surgiram outras casas, na altura da esquina com a Santo Antônio. O (ou a) Gruta foi palco de lançamento de um filme, evento em que foram várias socialites.

Um freguês paulista reclamou da idade das moças para a gerência. Mas essa já é outra história.        

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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