• Cada homem é uma raça.

    • Mia Couto, escritor •

  • Ritual de acasalamento (final)

    Publicado por: • 20 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

    Leia antes: aqui.

    O ritual obedecia a normas não escritas, mas rígidas, de certa forma. Após a orquestra tomar providências musicais, os alegres rapazes da banda escolhiam a moçoila que mais lhes agradava, e após emissão de códigos por parte delas, tiravam-nas para dançar. A conversa fluía e se os dois se relinchassem, dava casório.

    Mas em algum momento durante o ritual do baile, a garota fazia a inevitável pergunta: estudas? Caso positivo, qual a Faculdade? Se fosse Medicina, alegria geral. Se o cavalo mecânico engatasse no reboque da carreta antes do casório, sem problemas, desde que depois viessem as alianças e o papel passado. O risco sempre era a escapadela de um espermatozoide solitário e furungador. Mas a ideia era casar virgem.

    Se a resposta dele fosse Odontologia, a menina (e sua mãe, não esqueçam) teriam uma sombra de desapontamento. Mas pensando melhor, não era marido de se jogar fora. Caso o rapaz estivesse cursando Engenharia, já não era casamento Brastemp de antigamente, mas vá lá. Se o universitário em questão cursasse Filosofia, Letras, não haveria uma segunda valsa, salvo paixão. A mãe, atenta, perguntava depois qual era o futuro ganha-pão. Parece que ainda estou ouvindo.

    – Cai fora, minha filha! O sujeito está tirando Jornalismo! De pelado chega teu pai.

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  • Banquete dos Equivocados

    Publicado por: • 20 fev • Publicado em: Notas

    Em recente entrevista ao Jornal do Comércio de Porto Alegre, o senador Paulo Paim (PT-RS) disse que a reforma da Previdência é desnecessária. Como ele se debruça sobre o tema há décadas, surge a inevitável pergunta: como é que pode um senador da República desconhecer cálculos atuariais e desconhecer o efeito do vertiginoso aumento da expectativa de vida dos brasileiros? E tem quem acredite nele. Natural, é o Banquete dos Equivocados.

    A notícia

    Em meio a denúncias de irregularidades em candidaturas do PSL nas eleições de 2018, o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar, reuniu-se com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, nesta terça-feira, 19.

    A tradução

    Antes que ecloda uma guerra declarada entre o PSL e seus parlamentares e o governo Bolsonaro, uns e outros procuram uma fórmula de encerrar a pugna sem vencidos e vencedores. OK, mas vai dizer para Gustavo Bebianno.

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  • Vingança armada

    Publicado por: • 20 fev • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O vereador Carlos Bolsonaro (PSC) comentou o caso da empresária espancada durante quatro horas no Rio de Janeiro. “Se esta senhora tivesse como se defender, e fosse de sua vontade, uma arma de fogo legal resolveria justamente este absurdo”, escreveu o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em postagem no Twitter.

    Não é por aí…

    …mas não dá para brigar com a notícia. O que Carlos disse seria endossado por um bocado de gente boa país afora. É politicamente incorreto assumir publicamente uma postura de olho por olho, dente por dente. Mas, na intimidade do lar e das conversas, a grande verdade é que – em matéria de crimes hediondos ou não – um grita mata e outro, esfola.

    Duas em uma

    Um sentimento comum em bairros da periferia ou até mesmo mais votados é o clima de linchamento se algum assaltante é pego com a boca na botija. Sempre aparece um mais decidido que vai à caça do malfeitor e, após o pontapé inicial, que Deus salve sua alma porque o corpo – não raro – fica irreconhecível. São as duas sociedades que temos, a de faz de conta e a outra que não tem os pudores da primeira. Mas são uma só.

    O ministro do milagre

    Morreu aos 87 anos o economista João Paulo dos Reis Velloso, ex-ministro de Planejamento dos governos Médici e Geisel. Foi um longevo no cargo. Foi titular da pasta de 1969 a 1979, período conhecido como “milagre brasileiro”, com PIB ultrapassando com folga 8% ao ano. Fundou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

    Sem entrar no mérito das ações dos governos militares o fato é que realmente o Brasil cresceu de forma estupenda. Parou por que? Como hoje, não tínhamos infraestrutura para crescer de forma continuada. Sempre se disse que PIB acima de 4% não seria mantido pelas nossas deficiências por mais de três anos.

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  • Quem pensa pouco, erra muito.

    • Leonardo da Vinci •