• Salsicha também é cultura

    Publicado por: • 4 mar • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    É do Chanceler de Ferro, Otto Von Bismarck, a frase “convém ao povo não saber como se fazem leis e salsichas. De fato, ver o processo ao vivo tira o apetite, mais pelos ingredientes misturados, o visual da coisa. Mas não é esse o fulcro. Falamos de salsichas como se elas fossem únicas, todas iguais. Na-na-ni-na-não.

    De acordo com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Produtos de Origem Animal, as salsichas têm as seguintes denominações, conforme a matéria-prima utilizada e o processo tecnológico empregado (lembrando que salsicha é um produto cozido):

    Salsicha comum

    É feita de diferentes carnes de espécies de açougue, mais carnes mecanicamente separadas até o limite máximo de 60%, miúdos comestíveis de diferentes espécies de animais de açougue (estômago, coração, língua, rins, miolos, fígado), tendões, pele e gorduras.

    Salsicha tipo Viena

    É feita de carnes bovina e/ou suína e carnes mecanicamente separadas até o limite máximo de 40%, miúdos comestíveis de bovino e/ou suíno (estômago, coração, língua, rins, miolos, fígado), tendões, pele e gorduras.

    Bon apetit.

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  • Tudo igual

    Publicado por: • 3 mar • Publicado em: A Vida como ela foi

    Desfile de escola de samba é como favela – viu uma, viu todas. Há um estrato que é mais fiel aos desfiles no sambódromo do que torcedor de futebol chamado de fanático. O samba também tem seus fanáticos. E, no caso do Rio de Janeiro, o problema começa aí: quem é que disse que samba-enredo têm samba? É marcha rancho, ora bolas, até um alemão de dupla cidadania como eu sabe a diferença.

    Não faz muito que, antes mesmo do Carnaval, o povo cantava as músicas principalmente porque tinham melodias e letras fáceis de decorar. Mas havia música nelas, e não samba-ruído. Onde estão os veneráveis compositores das escolas cariocas?

    Bom mesmo era no tempo dos carnavalescos rivais Clóvis Bornay e Evandro de Castro Lima, que reinaram nos anos 1970 até o fim dos 1980. Trocavam farpas pela mídia, aquela coisa de fazer rir. Eles mesmos faziam questão de brigar um com o outro. Mas eram as fantasias que faziam a massa vibrar. E sem ter que engrossar o caldo com atores e atrizes globais que hoje vão desfilar apenas para se exibir.

    O nome de fantasia que nunca esquecerei foi de um dos dois supracitados que não esqueço. Chamava-se Honra e Glória Vespertina do Céu Cor de Anil do Brasil. Em matéria de originalidade, disputava posição com o título do livro de um delegado de Polícia aposentado gaúcho, Lycurgo Cardoso:

    Ninguém vive impunemente as delícias dos extremos.

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  • Tudo a ver

    Publicado por: • 2 mar • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Todos eles
    Estão errados
    A Lua é
    Dos namorados.

    O que a famosa marchinha de Carnaval dos anos 1960 tem a ver com o físico Stephen Hawking? Tudo a ver. Antes de falecer, o gênio inglês já não estava assim tão certo que o início de tudo foi o Big Bang, teoria geralmente aceita para explicar como o Universo teve início. Um ponto extremamente quente e denso explode e dispara cacos em todas as direções. Bilhões e bilhões de anos depois, nós surgimos.

    Se Hawking tinha lá suas dúvidas, não as exprimiu antes. E a ser verdadeira sua dúvida, praticamente desdiz quase tudo que escreveu antes. O Big Bang explica uma coisa e torna outras inexplicáveis. Como começou esse ponto extremamente denso e quente? A única explicação lógica, pela lógica humana, é que teve outro Universo antes que, ao contrário do Bing Bang, foi encolhendo até se tornar um ponto extremamente denso e quente, quando tudo começou.

    Desde a descoberta das partículas subatômicas, quarks, bósons etc e da nanotecnologia, e os quatro pontos cardeais da procura por uma explicação de quem somos, de onde viemos e para onde viemos. Não sabemos os limites do que está em “cima”, a finitude do Universo ou não, embaixo, atrás e na frente. Ou seja, descobrimos coisas espantosas – para os lados, teoria das cordas, universos paralelos. No essencial, para a frente, não avançamos um milímetro.

    Talvez o grande erro da Ciência seja a pretensão de explicar o Universo pela lógica científica. A abordagem do problema sempre foi falha, desde o início. Tal qual alguém que nunca saiu do seu apartamento, não tem como explicar como ele é por fora. Teríamos que fazer uma abordagem em curva, como o hipotético fuzil que permite que a bala faça uma curva. Ou então aplicar a Lâmina (ou Navalha) de Occam, um filósofo medieval, que afirma que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir a menor quantidade de premissas possível, ou, a explicação para um fenômeno complexo é a resposta mais simples.

    A questão é qual a pergunta que deve ser feita para obter a resposta mais simples.

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  • Vai nessa?

    Publicado por: • 1 mar • Publicado em: Caso do Dia

    Corvette Z06 consumo não revelado, mas em modelos 2017 em torno de 2,5 Km por litro na cidade e 6,5 na estrada. Talvez até mais se você dirigir de forma comportada. Mas quem compra um carro desses para dirigir de forma comportada? Carros de ponta costumam não ser tão beberrões assim até 120/130 Km/h, mas depois disso você começa a ouvir o glub glub glub e acha que é o escapamento do motorzão V8.

    A preocupação do dono de um carro de alta potência não é o consumo. É a autonomia.

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  • Os perigos da inércia

    Publicado por: • 1 mar • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O rame-rame venezuelano deixa espaço para uma pergunta que sempre me fiz: por que alguns povos são elétricos, pulam como lagartixas na água fervente se a economia vai mal enquanto outros se deixam fritar sem realizar ações para escapar da inércia governamental?

    Não é de hoje que a oposição ao regime é fraca. Até que melhorou com Guardió, mas durante décadas era palpável que a sociedade venezuelana carecia de potência para desalojar os que deixaram o país em destroços. Houve um ano em que a oposição nem mesmo quis disputar a eleição.

    Ah, mas, mas ela perderia. Olha aqui, não tá morto quem peleia e como já disseram vários pensadores e estrategistas o pior erro é não tentar. A própria natureza funciona assim, tentativa e erro. Surgimos dessa teimosia. Mas é a polícia que intimida e vai em cima de quem ousa protestar e cambiar as coisas.

    Países latinos (e católicos) são assim, dóceis na sua maioria, cpom poucas exceções.

    Remadores de galés I

    Durante o verão o Rio Grande do Sul vive uma espécie de clima casa grande e senzala. Na primeira, faixas consideráveis dos três poderes estão em recesso – apenas o executivo está na luta porque trocaram os e os titulares do ritmo. Os demais estão viajando ou vivendo entre o mar e o bar ou se entregam ao dolce far niente, o não fazer nada.

    Remadores de galés II

    Já a senzala é a parcela da população que, a rigor, se enquadra na categoria de remadores de galé. A única diferença com os tempos antigos é que hoje a maioria rem carteira assinada, ou simplesmente não podem deixar a peteca cair em outras atividades, mourejando de sol a sol. E que sol! O mundo não é justo.

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