• Bala de prata

    Publicado por: • 30 out • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Quando conversei lá atrás com um amigo de Jair Bolsonaro, perguntei a ele se, caso o capitão vencesse a eleição, ele teria consciência de que não pode falhar sob pena, aí sim, de deixar o país quase que às vias de fato. Completamente, respondeu ele. Bolsonaro sabe que só tem uma bala de prata.

    Foto: Divulgação

    No fragor da batalha

    Pelo que o capitão falou ainda no início da campanha, se o ungido pelas urnas não disparar medidas de impacto, metade da batalha estará perdida. Não é privilégio nosso. No mundo todo, governantes sabem que precisam dizer a que vieram, mas que não seja de forma atabalhoada. Se é para fazer mal feito, esquece.

    Questão de timing

    Isso se explica. Primeiro, porque em início de governo a militância e apoiadores ainda estão com o motor aquecido, não deu tempo de esfriar; segundo, o novo Congresso estará desperto, em estágio inicial da vida nova. Mas, ao mesmo tempo, tem que ser costurado previamente com a bancada que o apoia, mas não demais.

    Fuja do Frankenstein

    Como tudo na vida. Se o presidente der muita corda para os parlamentares, eles vão querer emendar e, no fim, o projeto inicial vira uma coisa.

    Miniaquário

    Não deixei de ser amigo de petistas só porque Lula ou Dilma ganharam as eleições. Cara virada agora é uma reação infanto-juvenil de quem nada num aquário muito pequeno.

    Respeito fingido

    Quem acredita em Papai Noel, Fada do Dente e que ETs estão entre nós também acredita que os votos de sucesso enviados por Fernando Haddad para Jair Bolsonaro vêm do fundo do coração. Não existe coração na política, a não ser o mau. Não me comovo. É para ficar bem com o eleitor de quem venceu a batalha, Bolsonaro no caso.

    Keep cool

    Aprendi muito cedo que, na minha profissão, você tem que ser frio como um legista. Caso contrário o juízo crítico fica prejudicado. É o que acontece hoje. O jornalista deveria ser o último a se indignar, mas o que mais vejo são indignações. Deixo isso em alguma gaveta. Caso não consiga, você nunca entenderá o que vem a ser jornalismo de fato.

    O vagido do nenê

    Estou dizendo há meses – e não sou só eu – que a economia vem reagindo positivamente, fato que só não ganhou mais espaço nos jornais devido ao esforço concentrado nas eleições. Não há, principalmente hoje, gente para cobrir tudo. Fato é que, pela primeira vez em meses, o Boletim Focus reajustou a previsão do PIB para cima. De 1,34% para 1,36% positivos.

    Que lástima!

    Depois de a Livraria Cultura entrar com pedido de recuperação judicial, agora foi a vez de a rede Saraiva tomar uma medida drástica. Fechando 20 das suas lojas espalhadas no país. Estou dizendo há anos que estamos escrevendo para cada vez menos gente. O que é realmente uma coisa trágica.

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  • Só os mortos conhecem o fim da guerra.

    • General Douglas MacArthur •

  • Urna cervejeira

    Publicado por: • 30 out • Publicado em: Usos & Costumes

    urnaE dizer que, em décadas passadas, as cabines de votação podiam ser confeccionadas por empresas privadas, caso da Cervejaria Antarctica. Naqueles tempos inocentes, não víamos mal nisso e é até possível que a empresa pensasse menos em propaganda e mais em civismo. Imaginem hoje, uma marca ser vista por 178 milhões de brasileiros em um dia fora as fotos e vídeos nos dias seguintes.

    Candidato mais lido

    A Taboola, maior plataforma mundial de descoberta de conteúdo, apurou que Bolsonaro tem mais leituras on line do que Fernando Haddad. A diferença em favor de Bolsonaro é de 20 milhões de leituras on line da data do primeiro turno até hoje. Bolsonaro também ganha no tempo que seus adeptos dedicam à leitura. Foram 66,2 milhões de eleitores, que leram sobre ele durante 2,09 milhões de horas. Haddad teve 41,7 milhões de leitores on line, que dedicaram 1,5 milhão de horas de leitura a ele.

    Inimigos para sempre

    A campanha eleitoral 2018 consolidou de vez a arte de transformar amigos em inimigos, mas não vice-versa. Infelizmente a política não consegue esse efeito.

    Nacionalistas

    Yankes go home, a expressão muito usada a partir dos anos 1950 no Brasil, perdeu a razão de ser. Primeiro que boa parte das empresas que realmente contam já voltou ou pensa em voltar; segundo, agora o slogan dos nacionalistas histéricos daquele tempo poderia mudar para Chineses, go home. Em mandarim.

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  • Os três cheiros do chope

    Publicado por: • 30 out • Publicado em: A Vida como ela foi

    Outubro é mês de Oktoberfest e esta é uma festa anual assim como os Kerbs nas regiões de colonização alemã. Kerb, para quem não sabe, é festa de três dias realizada anualmente quando se comemora o dia do santo protetor do município. É uma festa que reúne parentes vindos de longe. Nos meus tempos de guri, começava com farto almoço no domingo e o baile à noite nos salões das sociedades, mais a chamada segunda e terceira noites se ainda sobrasse fôlego. Não se fazia baile no sábado porque os padres temiam que os dançarinos não acordassem para a missa de domingo.

    Vivi Kerbs nas casas de vários tios, e o que mais me marcou eram os Kerbs na casa do meu tio Arno Selbach, em Santa Teresinha, Bom Princípio, onde os Selbach arrancharam quando vieram da Alemanha fracionada de então no século 18. Era fantástico. Lembro como se fosse hoje, filmes inteiros estão na minha cabeça, ver primos e primas por quem eu era apaixonado. Especialmente uma delas.

    Aí que entra o cheiro do chope. Um dia antes os distribuidores da Brahma eram acionados e o barril ou barris de chope chegavam na casa do anfitrião. Abria-se um buraco, colocava-se serragem misturada com gelo em barra, que vinha de Sebastião do Caí, até cobrir quase todo o barril. Ali ele ficava gelando a noite e a amanhã. Por volta das 11h, começava a Grande Cerimônia.

    Alguém com experiência em fincar as bombas, operação que às vezes resultava em fiasco, fazia a abertura dos trabalhos. Tipo perfurar as plataformas da Petrobras no pré-sal. O cheiro de gelo e de serragem estão nas minhas papilas olfativas até hoje e mais ainda quando o petróleo, digo o chope, começava a jorrar. O Kerb de Santa Teresinha sempre era no verão, então fechava todas.

    Quando eu era pequeno de verdade, meu pai me dava um copinho desses de aperitivo com a bebida, que eu revolvia na parte superior da boca, entre o lado interno dos lábios e a gengiva. Só para sentir o formigar da pressão. Anos depois, já na provecta idade de 18 ou mais anos, tínhamos o direito de beber um copo inteiro de chope.

    Mas nunca antes dos adultos. Ficávamos no fim da fila. Mas o cheiro, meu Deus, como lembro dos três cheiros, do gelo, da serragem e do chope.

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  • Tradição mantida

    Publicado por: • 29 out • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    No Rio Grande do Sul, o voo do tucano Eduardo Leite foi mais alto do que o de José Ivo Sartori. Manteve-se a tradição gaúcha de não reeleger governador, mas a margem não foi tão folgada como diziam as pesquisas no início da campanha. Aquele porcentual 60-40 não se sustentou. E se fossem mais alguns poucos dias, o gringo de Caxias chegaria à frente.

    Mudança de atitude

    Na reta final da campanha para governador do RS, o empresariado, que sempre teve boas relações com o governador Sartori, mas podia conviver com o tucano Leite devido ao viés liberal do ex-prefeito de Pelotas, ficou alarmado com algumas opiniões dele sobre a segurança pública. Em uma das mais atuantes instituições do setor, Leite teria sugerido que não vê com bons olhos a ação das forças da lei e da ordem. Teria falado até em “desarmar a Brigada”. Evidentemente, em sentido figurado, quero crer.

    Avalanche asiática

    Em várias cidades da China, Japão, Austrália, Nova Zelândia, para ficar só nessas regiões, Jair Bolsonaro deu de goleada – humilhante – sobre Fernando Haddad. Significa que o antipetismo se espraiou neste mundo velho sem porteira. O que contradiz o que sempre se pensou sobre a popularidade do PT.

    bras il

    A guerra, quem vence?

    Mas que ninguém se iluda. O PT pode ter perdido a batalha, mas a guerra na conquista de corações e mentes ele já está vencendo. O Estado está todo aparelhado, artistas, intelectuais, professores, carreiras de Estado, boa parte do funcionalismo público, entidades de classe de toda ordem, tudo está dominado. É como o Capim Anoni, trazido do exterior por um produtor rural ao RS nos anos 1960 como sendo a salvação do campo. Explico.

    O Capim Anoni

    Essa planta sufoca o Bioma Pampa. É praticamente indestrutível. Aguenta secas e não adianta usar agroquímicos. Nem queimar adianta, porque – as raízes podem chegar a muitos metros abaixo da superfície. Enfim, virou praga. Pior: o gado só gosta dele logo que brota. Como é abrasivo, gasta cedo os dentes dos bovinos, o que reduz sua vida útil. Só pode ser controlado em termos plantando outra cultura depois de arado o solo. Não lembra ninguém, o Anoni.

    Síndrome do tambor

    O cidadão comum europeu, principalmente, coça a cabeça com a vitória de Bolsonaro. Como a esquerda possuiu as mentes de intelectuais, artistas, formadores de opinião, universidades e jornais importantes, esse cidadão imaginava que o PT era um partido hegemônico. Não é, ou não é mais. Neste caso, foi como um tambor: bate faz um barulhão, fura não tem nada dentro. O que não significa que ele está morto, ao contrário.

    Que rei sou eu?

    Lula quase conseguiu se eleger Presidente da República por quatro mandatos, dois deles consecutivos e outros dois terceirizados por Dilma. Desde sua primeira eleição e considerando-se o governo Dilma inteiro – Michel Temer, afinal foi vice da chapa – já são 16 anos de hegemonia do PT. Provisoriamente.

    Fica, zona eleitoral

    Há anos voto na mesma seção eleitoral, em um colégio de Porto Alegre. Invariavelmente, todas as seções vizinhas de andar mais as dos outros andares registram enormes filas – menos a minha. Depois de muito matutar cheguei à conclusão que isso se deve ao fato de a minha ser uma das mais antigas. Ao longo de décadas, quem nela votava foi morrendo e não preencheram os “cargos” vagos.

    Caluda!

    Só não digo o número nem o nome do colégio porque alguém do TRE-RS pode ler estas mal-traçadas linhas e preenchê-los, o que acabaria com minha festa de votar rapidamente e sem filas.

    A pausa que não refresca

    Já que o apetite da China por energia é tão grande, será que ela não quer comprar nosso estoque de energia negativa? A temos para dar e vender.

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