• O carrão e o utilitário

    Publicado por: • 25 out • Publicado em: A Vida como ela foi

    As notas sobre o fim da letra cursiva substituída pelas máquinas e smartphones ensejou comentários da turma que praticava essa escrita desde os bancos escolares. Eu lembro muito bem das aulas de caligrafia, um tipo de letra cursiva escrita em uma espécie de pauta musical, com espaço delimitado para minúsculas e maiúsculas. Para aumentar a tortura, não se usava esferográfica (que ainda não tinha chegado aqui) e nem as canetas-tinteiro, assim chamadas porque tinham um reservatório para tinta.

    O que nós usávamos era a famigerada Pena 12. Era uma pena que precisava ser mergulhada na tinta, que era retida apenas para desenhar umas poucas palavras. O professor ou professora de caligrafia enchia o saco até se uma letra tinha mais tinta que a vizinha. Nunca fui bom nisso.

    Originalmente, a tinta era indelével, ou seja, ficava para sempre especialmente nas roupas, perdidas. Depois surgiu o azul-lavável, usado nas cara e excelente Parker 51, e a Compactor. Mal comparando, a Parker era uma Mercedes Benz e a Compactor um utilitário qualquer. A primeira tinha seus fricotes, a segunda era pau para toda obra, durável como só ela.

    Mas nenhuma delas ensinava a escrever bonito.

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  • Os sertanistas

    Publicado por: • 24 out • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O sertanejo é, antes de tudo, um forte. A frase que entranhou na História é de Euclides da Cunha, na sua obra Os Sertões. Transportada para os dias de hoje, posso dizer que o jornalista, mas sobretudo o colunista, é, antes de tudo, um forte. Nos meus 50 anos de jornalismo, já vi de tudo. Costumo dizer que já vi boi voar e passarinho pastar, mas nem nos meus mais horripilantes pesadelos sonhei com um Brasil como o de hoje.

    Meu nome é Sofia

    Uma constatação, compartilhada por boa parte dos meus amigos: nunca foi tão difícil votar como neste 2018. Disputam o Grande Prêmio Brasil dois atletas que, bem, vou te contar, é brabo. Um Brasil ponderado, de centro, com incursões laterais amenas, seria tudo o que merecemos. Ou não merecemos, daí o castigo?

    Mala suerte

    Vi apenas uma ou duas vezes Fernando Haddad com sua mulher na mídia. Neste sentido, o petista prima pela discrição. Já Bolsonaro é o contrário, embora resguarde a mulher por questões que só lhe dizem respeito. Mas os filhos do capitão, pelo amor de Deus!

    Terceirização do poste

    Eleger Fernando Haddad é eleger Lula. Não é nem eleger o poste. E se isso acontecer, ele virá com fúria para se vingar dos desafetos. Vem mordido. Imagina sair da cana depois de mais de 200 dias levando o lábaro de Lulinha Paz e Amor.

    Poema enjoadinho

    Filhos… Filhos?/Melhor não tê-los!/Mas se não os temos/Como sabê-los?/Se não os temos. Este verso marca o início do Poema Enjoadinho de Vinicius de Moraes, mas muito antes dele o velho e excelente Machado de Assis embebeu sua pena na tinta da amargura para dizer algo bem mais radical.

    Porém…

    …o de sempre, é que eu estou satisfeito com os meus.

    Então…

    … segundo Albert Einstein, só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre.

    …aos finalmentes

    …seja quem for o eleito vai ter menos espaço de manobra que carro em estacionamento de prédio Minha Casa, Minha Vida. Vai ter que enfrentar as corporações e sindicatos das áreas públicas. Sem falar nas inevitáveis negociações com o Congresso Nacional. O rio prometido durante a campanha se transformará em riacho.

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  • Taxicão

    Publicado por: • 24 out • Publicado em: Caso do Dia

    Quando me enviou essa foto de sua autoria, o jornalista Gilberto Jasper anexou o seguinte comentário: o que eles não inventam. Meu caro Giba, eles inventam tudo que é possível e impossível desde que advenha dinheiro do invento. Não duvido que inventem também o aplicativo, o Uber canino, que levará o cão até outro ponto da cidade. Sendo o Uber cuidadoso, certamente o GPS evitará um traçado que passe por uma barraca ou tenda de cachorro-quente.

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  • O que arde cura e o que aperta segura.

    • Ditado popular •

  • O ciclista que pegou fogo

    Publicado por: • 24 out • Publicado em: A Vida como ela foi

    Já contei aqui que ninguém passa pelo jornalismo incólume. Em algum momento ou momentos, a gente vacila e não faz a coisa certa. Mas não serei só eu no Dia do Juízo Final, não senhor. O meu primo Rui Pedro Selbach, titular do Cartório de Notas de Três Coroas, vai ser chamado para se explicar. Ele me causou um dano terrível. O horror, o horror que foi naquela fatídica manhã no início dos anos 1950 em São Vendelino, onde nasci. Para resumir, ele me ateou fogo, acreditam?

    Conto o causo como o causo foi. Pedalávamos nossas bicicletas rumo ao Grupo Escolar quando atravessamos uma pequena ponte. Ao lado, frondosos arbustos carregados de frutas vermelhas eram empurrados pelo vento. O Rui então desceu da bike.

    – Primo, quem sabe vamos comer algumas pitangas?

    Não precisou falar duas vezes, porque é a fruta da minha infância. Subi no selim para alcançar as frutas e, de imediato, enfiei um punhado na boca. Foi assim que meu primo me incendiou.

    Era pimenta.

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