Si asi lo dices…

21 jun • NotasNenhum comentário em Si asi lo dices…

Mesmo as agências de notícias ligadas ou não a jornais devem ser lidas com calma. Não que sejam propositalmente fake. Mas porque o jornalismo atual é exercido por egressos da faculdade com um mínimo de conhecimento do mundo prático.

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Sempre me perguntam como consigo tanto assunto para minha página do Jornal do Comércio. Costumo dizer que é por associação de ideias. A informação A ligada à informação B gera uma C, com adição de dados relevantes esquecidos pelo redator. É uma das vantagens da idade.

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O maior perigo é achar que tudo que o Google fornece é 100% certo. Na questão das frases célebres, uma mesma pode ser creditada a três, quatro e até mais autores. Não raro, não é nenhum deles.

O milênio dos loucos sãos

Os americanos têm uma definição perfeita para quem bebe ou se droga, alterar a consciência. Pois eu acho que além da alteração da consciência (da realidade) por substâncias químicas lícitas ou ilícitas, a velocidade das mudanças no mundo dito civilizado é tão vertiginosa que não tem como o cérebro processar todas essas novidades.

O que se passa é que, em defesa da sanidade, a cabecinha das pessoas ignora essas novidades ou as processa de modo equivocado. Como isso gera um ruído interno muito grande, elas recorrem à alteração da consciência bebendo, fumando ou se drogando.

Inicialmente, com a drogas leves ou cervejas de baixo teor alcoólico. Depois, vão fundo até culminar com a consciência totalmente alterada de forma irreversível.

Do meu posto de observação já cristalizei opinião. A velocidade das mudanças e o exagero da tecnologia começam com a sede de ser do novo, ser fashion, traduzido não só pelo uso dessas novidades como também se paramentando como elas. Seja por vestimentas esquisitas, seja por comportamentos esquisitos. No meio, o uso e abuso do inglês.

O populismo como religião

Nos anos 1950, o Brasil vivia uma febre de anti-imperialismo, provavelmente derivado do status dos vencedores da II Guerra Mundial, Estados Unidos à frente. O Império onde o sol nunca se punha da Rainha Victoria começou a naufragar antes da guerra. A libra deixou de ser referência monetária, e o dólar assumiu esse posto. Então se criou uma raiva contra os Estados Unidos porque ele deu certo.

Aqueles que odeiam o sucesso

America go home, repetia a massa, atendendo ao apelo dos demagogos e populistas, que brotavam como inço entre a política da década de 1950 e início dos 60. A esquerda odiava o americano e sua língua, mas o que acontece hoje?

Podem até odiar os EUA mas falam… inglês. Naquele tempo, era costume dizer que o way of life americano estava em plena decadência. Quando era exatamente o contrário, devido ao crescimento da economia gerado pelo parque industrial ocioso com o fim da guerra, novas tecnologias derivadas da mesma guerra mundial e o – vou usar o inglês – o baby boom.

Efeito nenê

A cautela em ter filhos devido ao futuro incerto deu lugar a desejar famílias numerosas porque tudo muda bem, menos a guerra fria. Sem bebês a cadeia não sai do lugar.

Pelo mesmo motivo, o Japão foi conhecido pelo PIB enorme nos anos 1970, eram os bebês do pós-guerra que ficaram adultos e passaram a consumir. Hoje, com poucos nascimentos, nunca mais veremos outro milagre japonês.

Efeito contrário

O esquisito é que, hoje, realmente os Estados Unidos parecem ter entrado em processo de decadência, por causa do seu hedonismo exacerbado e, por vezes, ridículo. E o que nós fazemos? Usamos o inglês a torto e a direito.

É uma inversão histórica, que também mostra o quão pouco o brasileiro médio e até o das elites conhece de história. No futuro, os arqueologistas dirão que o terceiro milênio começou com a filosofia do “eu aqui e agora”, movimento antecipado pelo bordão “tenha sucesso ou morra tentando”.

O que é uma idiotice, convenhamos. Assim que eles chegarem aos 40, pensarão diferente. Pelo menos os sobreviventes.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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