Saudade do Tupy
Nos meus tempos de criança em São Vendelino, eu odiava foguetes e tudo que fizesse barulho, tiros e assemelhados. A vila ficava a um quilômetro da nossa casa em estrada de chão batido, talvez 600 ou 700 metros em linha reta. Em dias festivos, como festa de igreja ou kerb, malucos detonavam um negócio que em alemão de chamava de katzekopft, algo como cabeça de gato.
Consistia em um tubo oco de ferro fundido fechado numa ponta. Então socavam pólvora e papel, botavam o artefato na parte alta do potreiro ao Lado da igreja. Bem na hora da Consagração, um idiota botava uma mecha acesa na ponta de uma longa taquara e BUM, três vez mais alto. Um tiro de canhão.
Rapaz, aquilo ecoava pelo vale ganhando volume. Nesses dias, eu me recusava a ir à missa. Pegava meu fiel cachorrinho Tupy e íamos para um remanso coberto de árvores de copas baixas no Arroio Forromeco, esperando o tormento passar. Idiotas. A copada ajudava a abafar o som, como uma surdina da natureza.
O que eu sinto falta é do Tupy, da densa vegetação e do Arroio Forromeco. As árvores abafariam o som das bombas e dos mísseis russos explodindo hospitais e maternidades.
« Dias felizes Com foco na captação de novos recursos, diretores do BRDE têm encontros com bancos internacionais »