• Samba de uma nota só

    Publicado por: • 27 maio • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Há um componente pouco conhecido na cobertura dos fatos do dia, que tem focado o mais do mesmo, pandemia, curvas do vírus, crise do governo Bolsonaro, STF blá blá blá. É verdade que a imprensa em geral não tem largado o pé do Capitão pelo que ele fez e pelo que não fez. É ir além do dever. Mas a cobertura de outros fatos, como ficou?

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    Mal. Antes mesmo desse bichinho tenebroso atanazar a vida do mundo inteiro os jornais já estavam com as pernas bambas por falta de oxigênio financeiro. E essa despressurização vem de anos, acentuada a partir e 2018.

    A primeira providência que uma empresa toma quando cai o faturamento é cortar gastos diversos, concomitantemente com cortes no pessoal. Os que ganhavam mais, justamente os que fizeram por merecer o salário mais alto, foram os primeiros ceifados. Depois, chegou a vez dos médios.

    CORTES PELO PÉ

    Quando uma matéria, artigo ou coluna tem mais toques que a página suporta e não há tempo para reduzir o conteúdo, o editor ameaça “cortar pelo pé”, mesmo que torne o texto sem sentido. É solução extrema abandonada depois que a diagramação resolvia o problema eletronicamente. Mas no caso de cortes de profissionais, não há eletrônica que resolva.

    QUERIDOS, ENCOLHI VOCÊS

    Cortes nessa dimensão significam cortar qualidade agregada ao produto, outra velharia que ainda é o melhor resumo da coisa. Então fomos perdendo qualidade. E quantidade. Não se pode multiplicar repórteres. Como é impossível cobrir tudo o que acontece, é mais impossível ainda com redução drástica nas redações. Então cortaram pelo pé. Sacou?

    ONDE MORA O CIFRÃO

    Antes da bronca, dizia-se que havia poucos países em que ainda se podia ganhar muito dinheiro. Bilionários, em suma. Não confundir com salários altos, falo de grana e de rico de verdade. Quase todas as fronteiras monetárias já foram exploradas. A tecnologia da informação foi a última. Comércio eletrônico também.

    As exceções se concentravam em países do Sudeste Asiático. Brasil ainda tinha espaço. EUA, só no show bizz, aquela turma que ganha oito dígitos por ano e torra nove em besteiras cromadas, com festas de 100 mil dólares para um grupo de amigos. Pois aposto que o Rei Midas voltou.

    Com a economia mundial resetada, tudo está barato. É uma nova corrida ao ouro. Depende de correr riscos altos para ganhar montanhas altas de dinheiro. Onde e como, seu sabichão, perguntarão vocês. Meu camaradinha, é só o que sei. Sei, mas não sou garimpeiro na Califórnia do século 19. Se soubesse onde e como, não seria mais um abnegado, mas pobre jornalista. Olhe a frase do dia de hoje.

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  • Quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro.

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  • Pensamento do Dias

    Publicado por: • 27 maio • Publicado em: Caso do Dia

    O que os pardais do trânsito não veem,  o bolso não sente.

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  • Sem décimo terceiro

    Publicado por: • 26 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

    O bar, restaurante e rotisserie Pelotense tinha esse meio do nome nobre  por berço. Nos anos 1950, o estabelecimento da Rua Riachuelo de Porto Alegre era frequentado por cavalheiros de gravata e relógio de bolso. As senhoras sentadas em cadeiras de ferro trabalhado e mesas de mármore usavam chapéu e longos embebidos em perfume francês, eventualmente também com champanhe Veuve Clicqot, que a plebe ignara logo rebatizou de A Viúva.

    Passaram-se os anos e os dinheiros e a Pelotense, além de um cardápio apenas razoável, virou palco da fundação do Proálcool, representada pela barulhenta Mesa Um. A roda era formada por advogados, magistrados, jornalistas, engenheiros e outros que tais. No balcão, também de mármore, aperitivava a turma dos Em Pé. Detestavam beber sentados por um motivo ou outro.

    Um deles, um senhor rubicundo com jeito de porquinho da Índia anabolizado, bebia o seu martelinho de maracujá com cachaça de um gole só. Fazia glu-glu-glu em três segundos. Ato contínuo, saia do recinto não sem antes se virar para a mesa e rogar uma praga. Em tom profético, com vozeirão que parecia sair do indicador apontado para cada um em rodízio.

    – Vais para o São Miguel e Almas, e não demora!

    Talvez não tenha registrado a ameaça em cartório, porque foi ele quem subiu primeiro a lomba do cemitério. Alguma comorbidade, talvez. Não recebeu o décimo terceiro naquele ano.

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  • Abertos e vazios

    Publicado por: • 26 maio • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Não se pode pedir muito nestes tempos de fechadura parcial ou abertura em termos, como queiram. Os shoppings estão abertos, mas não estão. As exigências são severas, distanciamento, medição de temperatura entre outras. O que tenho sentido como repórter – repórter pergunta – é que uma barreira é a medição da temperatura.

    Foto: João Mattos

    OS RECALCITRANTES

    É conhecido o temor do brasileiro em fazer exames e ir ao médico. A frase que mais se ouve dos recalcitrantes é “quem procura acha”.  Então eles não procuram. Tudo piorado pelo fato de estes centros de compra, lazer e gastronomia estarem com boa parte e até a maior parte das lojas fechadas. É um sentimento natural de fuga quando em outros tempos se gostava de gastar dinheiro nestes templos de consumo.

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    O GOL QUE NÃO HOUVE

    A seleção canarinho que pretende expulsar Bolsonaro do posto número 1 do país, até agora só chutou na trave. Dificilmente sai coelho  da Constituição. Afora ser pioneiro em falar palavrões na TV e vê-los publicados na imprensa, o que os transforma em não-palavrões, o presidente não abriu a janela do descuido constitucional. Todos sabem disso, menos os incautos de sempre. Ontem, a bolsa subiu e o dólar caiu porque Seu Mercado chegou à  conclusão que ainda não é hora da onça beber água.

    SÍNDROME DO BUNKER

    Apesar do quadro ligeiramente favorável ao Capitão, há que se considerar que a ofensiva da imprensa e instituições peso-pesado não vai parar. É como cusco latindo nos calcanhares, sem querer me referir a estas instituições, por favor. O que muda é o Capitão se irritar com isso e então partir para ataques escabelados. Deveria seguir a regra de ouro do silêncio quem precisa ser obsequioso. Basta ser silêncio. Mas é mais fácil a Terra parar de girar que Bolsonaro calar.

    CRIANÇA! NÃO VERÁS…

    ruy…País nenhum como este, já escreveu e deu fé nisso outro Olavo, o Bilac. Mal sabia ele que no futuro teria outro significado, bem menos jubiloso. Já a Águia de Haia, Ruy Barbosa de Oliveira, cunhou esta preciosidade:

    “O povo não tem representante porque as maiorias partidárias reunidas nas duas casas do Congresso distribuem a seu bel-prazer as cadeiras de uma e de outra casa conforme os interesses das facções a que pertencem.”
    Isso no século passado. Disse muito mais, inclusive citando outro poder, mas não o reproduzo porque não quero ser processado e ir em cana. E Ruy não está mais entre nós para me defender.

    RESETADA A ECONOMIA…

    …agora entramos na fase tenebrosa de contar os sobreviventes pessoa jurídica. Alguns já estavam na UTI e basta um empurrãozinho do malvado vírus até a chegada do amargo fim. Outros irão para casa, mas com as pernas fracas que exigirão muletas governamentais. Sabe-se-lá de onde vão tirar dinheiro. Vai ser um banquete de mendigos.

    PROCESSOS

    A OAB RS ingressou com pedido no TJRS para que o judiciário gaúcho retome a tramitação dos processos físicos. A queixa é geral.

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