• Esperteza judaica

    Publicado por: • 18 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

    “…não confessavam coisas simples, como pular a cerca”

    Uma das boas histórias que os próprios judeus gostam de contar sobre sua esperteza diz respeito à instituição do sacramento da Confissão da Igreja Católica. Quando surgiu, o pé-rapado não se confessava para o padre. Ou melhor, até podia, mas eram coisas simples, como matar, roubar, pular a cerca, essas coisas. A confissão era quase que uma exclusividade da nobreza. Prelados especialmente escolhidos pelo Vaticano, especialistas em questões estratégicas, financeiras e políticas, eram despachados para ouvir os pecados da turma. Obviamente os nobres não contavam coisas como pular a cerca. Confessavam segredos de Estado, que os preparados padres repassavam para o Papa. Daí que os judeus perderam valiosas informações. Portanto, poder. E e o Vaticano passou a recebê-las e a tê-lo, respectivamente. Informação é poder, etc, etc. O que fizeram os judeus? Inventaram a psicanálise. O sujeito confessava os mesmos segredo de Estado, em 50 minutos e ainda pagava para isso.

     

     

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  • Bonitinhos e ordinários

    Publicado por: • 15 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

    “…mas é no item boca-livre que os enganos são monumentais”.

    Uma das coisas que as pessoas comuns mais invejam nos jornalistas é a possibilidade de viajar, conhecer pessoas VIP e autoridades e, sobretudo, ter o dia-a-dia recheado de bocas-livres. Fortes emoções. Almoços, jantares e coquetéis de primeira linha, dizem os civis. Há controvérsias. Por partes: viajar a serviço é conhecer o hotel e o aeroporto do país visitado; pessoas VIP ou são inacessíveis ou são malas sem alça de primeira grandeza; autoridades idem, sem falar que não se pode mandar os distintos àquela parte quando eles dizem besteira ou enrolam. Fortes emoções são raras, a não ser que ganhar o bilhete azul seja considerada uma. É rotina sempre, ou quase sempre. Mas é no item boca-livre que os enganos são monumentais. Jornalista calejado morre de inveja quando vê alguém comer um prato de feijão, bife e batatinha frita. Para ele, só comida fashion, pratão desse tamanho todo enfeitado mas com porções microscópicas. E sem gosto. Além do que, quando não é pouca, falta. No caso de coquetéis, os veteranos já descobriram que coquetel bom é coquetel de pobre. Tem pastel, coxinha de galinha e croquete em abundância. E não precisa ir de gravata. Coquetel de rico é B.O: bonitinho mas ordinário. E o refrigerante nunca vem gelado. Então não nos inveje, cara-pálida. Você não sabe o que não está perdendo.

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  • A lógica do Bispo

    Publicado por: • 14 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

     

    “…tem que ir a um casamento e abraçar 100 pessoas que nunca viu na vida”.

    Denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do STF sobre o mensalão, o ex-deputado federal Bispo Rodrigues (PL) negou a existência do esquema e se queixou dos “sacrifícios” da vida parlamentar. – Porque ser parlamentar é muito ruim, meritíssimo, é muito ruim. O senhor sacrifica tudo o que o senhor tem. Entra no Congresso de manhã, sai à noite, e não vê o dia passar. Sábado à noite, às vezes tem que ir para um casamento abraçar 100 pessoas que nunca viu na sua vida. E às vezes está em casa, um eleitor seu morreu e você tem que botar um terno e ir lá no enterro. E larga a sua família, sua esposa quer ir ao cinema, e você tem que atender o pedido político. Como dizia aquele antigo bordão de programa humorístico da TV Globo, o macaco tá certo. Na mesma linha, um vereador de Porto Alegre costumava dizer que um político em campanha enfrentava três maldições que, por si só, já o fazia merecer o paraíso. – Vocês pensam – repetia – que é mole agüentar papo e borracho pedindo dinheiro, comer carreteiro de vila e ter cusco de favela mordendo teus calcanhares todo em santo comício?

     

     

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  • Um conselho de panzer

    Publicado por: • 13 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

     

    “…nein, nein, eu quero um chope e em copo, pequeno”

    O já falecido comerciante Francisco José Albrecht, nascido em Isny in Algau, Alemanha, chegou ao Brasil em 1920 e se radicou no Vale do Caí. No início dos anos 50, ele voltou à Alemanha para visitar seus pais. Cumprido o roteiro familiar, o velho Franz Josef deu uma esticada em Munique e obviamente foi molhar as idéias na famosa cervejaria Hofbrauhaus, um estabelecimento com mais de 400 anos. Na incursão cervejeira, Albrecht teve a companhia de um turista brasileiro, descendente de alemães mas com pouca ou nenhuma ligação cultural, lingüística e etílica com seus antepassados. Instalados numa mesa, pediram cerveja, servido naquelas enormes canecas de um litro. Aí veio uma alemoa parruda carregando cinco canecas cheias em cada mão. – Nein, nein, quero um chope em copo, pequeno – disse o brasileiro em português. A garçonete, talvez um protótipo do primeiro panzer Tiger, só entendeu o “nein”. Olhou interrogativamente para o parceiro, que explicou a ela em alemão o pedido do seu amigo. Ela suspirou, revirou os olhos, largou as canecas na mesa e afagou a cabeça do brasileiro, homem dos seus 50 e tantos anos. – Wir verkaufen kein Bier für kinder. Bitte, kommen Sie wieder wenn Sie erwachsen sind. E deu meia volta para servir outras mesas. Albrecht caiu na gargalhada. Curioso, o brasileiro pediu a tradução. Quando a ouviu, fechou a cara. Significava: – Não vendemos cerveja para crianças. Por favor, volte quando tiver crescido

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  • A sogra do taxista (final)

    Publicado por: • 12 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

    “E ela se foi porta afora. Veio a hora do almoço e nada dela aparecer…”.

    – Bom, minha sogra recusou uma carona, dizendo que ia de ônibus. E meu sogro com aquela cara de quem ouviu no rádio a descida de um disco voador. Nem piou. E ela se foi porta afora. Veio a hora do almoço e nada dela aparecer; duas da tarde, e nada, cinco horas, e nada. Tipo sete horas da noite meu sogro me chamou, preocupado. Quem sabe ela se acidentou? Dá uma geral no Pronto Socorro, Delegacia de Trânsito…. Segunda sinaleira fechada. – …aí eu me fui. Não tinha registro no HPS, nem no Trânsito. E já passava das dez horas. Voltei pra casa. A essa altura, o meu sogro estava quase enfartando. Quarta sinaleira fechada. – Aí aconteceu uma coisa esquisita, cara. Quando eu ia saindo para registrar queixa de pessoa desaparecida, ela entrou. Sem pintura na cara, despenteada, vestido meio amarrotado, com uma ar de felicidade que nunca vi nessa mulher. Foi direto pro quarto alegando cansaço. Não deu uma palavra. O sinal abre e o motorista não arranca. Olha para lugar nenhum. Atrás dele começou uma sinfonia de buzinadas. Aí ele se vira para o passageiro. – O que tu acha? Será que essa velha botou um chapéu de vaca no meu sogro? O jornalista pensou, pensou, e resolveu dizer a dura verdade, até porque a essa altura o engarrafamento atrás do táxi se estendia por duas quadras. – Olha… eu acho que sim. Sim. Com toda a certeza, sim. Não tem outra explicação. – Pois agora é que eu me dei conta. Só pode ser isso – arrematou o genro. Minha sogra, quem diria…puta que o pariu! E só então engrenou a primeira e se foi. Mudo. E preocupado. Muito preocupado.

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