• Jornalismo de interjeição

    Publicado por: • 24 maio • Publicado em: Caso do Dia

     O jornalismo praticado hoje no Brasil é, em boa parte, jornalismo de interjeição. Nas emissoras de rádio que ele é mais notável, como “que horror!”, “mas onde vamos parar?” falando ou com estridência ou como se narrando um velório. Nos telejornais, essa mania vai bem além, com apresentadores caprichando em caras e bocas para mostrar sua indignação, uma forma de as emissoras darem um recado ao telespectador tipo “Viu só? Nós pensamos como você!”

     Na minha ótica, o jornalista-repórter deveria ser o último a se indignar, pelo menos na narração dos fatos como os que estamos vivenciando. O calor da indignação, no caso, é como uma imagem em zoom ou teleobjetiva de asfalto num dia de verão, em que aparecem aquelas reverberações térmicas que impedem que se veja com nitidez o que está além delas.

     O narrador da história tem que ser frio. Tem que ter o tal distanciamento crítico pregado pelo dramaturgo Bertolt Brecht. O resto é jogo para torcida e um convite para contar a história como ela não é.

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  • A balinha de Deus

    Publicado por: • 24 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

     Quando eu era criança, chamava-me atenção o fato de tios ou amigos dos meus e de outros pais dar balinha para a piazada, eu inclusive. Na minha cabeça cristalizei convicção que era Deus quem mandava dar essas balas, e, da mesma forma, Deus mandava os homens tirarem as balas quando elas não mereciam. Acho que fui bem na coluna de crédito divino, porque nunca um tio me tirou a balinha dada. Mas isso foi há muito tempo. Hoje, ele tira balinha. Deus ficou mais severo ou eu não me comportei bem, sei lá.

     Hoje de manhã, acordei bem, então Deus me deu uma balinha. Desci para a garagem do prédio, mas tive que voltar porque esqueci o celular em casa, então Deus me tirou a balinha. No caminho para a academia do União, peguei todos os sinais abertos, então Deus me deu outra balinha. Estou com duas, pensei, maravilha.

     Quando peguei os tênis e a sacola, notei que a costura estava começando a abrir. No caminho para o vestiário uma criança me cortou a frente então, na ginástica para não machucá-la, bati o ombro na quina da escada. Puxa, Deus, me tira duas balinhas seguidas, qual é?

     Pior que tirou outra em seguida. Já atrasado, perdi tempo atendendo o celular, o cara não tinha jeito de falar curto e grosso. Porém, tinha pouca gente, então tinha aparelhos e esteira sobrando, o que fez Deus me dar uma balinha, zero a zero. Durante os exercícios, uma mulher maravilhosa e desconhecida me deu um meloso e sorridente oooi!, então lá estava eu com mais uma balinha divina. E das graúdas.

      Uma balinha nos tempos que correm não é de se jogar fora. Obrigado pela balinha do dia 23 de maio de 2017, Deus.

     

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  • Aí, o sujeito vê a espuma de uma onda e acha que entende o mar.

    • F. A. •

  • Paulo, o sabido

    Publicado por: • 24 maio • Publicado em: Notas

     Paulo Maluf foi condenado a 7 anos e 9 meses de prisão em regime fechado. Como ele tem mais de 70 anos – está com 85 – não pode cumprir pena em presídio. Sabido, esse Maluf. Tem fôlego de gato.

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  • Fora do jogo

    Publicado por: • 24 maio • Publicado em: Notas

     O frustrante de governantes que usaram e abusaram de projetos e medidas demagógicas para ganhar o fácil apelo das ruas é que eles estarão fora do jogo ou mortos quando a dolorosa fatura chegar para o conjunto da sociedade, então não poderão sentir o peso da cacaca que cometeram. SE bem que jogarão a culpa no capitalismo, nos EUA ou no inimigo mais à vista.

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