• O fim do corpo humano

    Publicado por: • 7 ago • Publicado em: Caso do Dia

     Antes restrito a carros importados de primeira linha, os dispositivos que dispensam o motorista para estacionar em vagas agora ganham modelos de custo bem menor. É a escala que permite a redução de preço. Também estão disponíveis modelos que dispensam a direção, o carro é guiado pelas faixas demarcatórias da pista nas rodovias e/ou pelo carro à frente, mantendo sempre uma prudente distância. A Volvo foi pioneira em carros seguros, e, nos modelos mais novos, os computadores calculam até a chance de um veículo vir na diagonal e acertar o seu em cheio, então freiam automaticamente. A condução autônoma vem logo, logo. Alguns carros como os da Mercedes saem do estacionamento a trafegam até 150 metros e param na sua frente.

     Tudo isso é muito bonito, mas o efeito colateral é tenebroso. Quanto mais automatizados os automóveis, mas imperícia no volante, que é uma das duas principais causas de acidentes. Não saberemos mais estacionar nem com uma quadra inteira à disposição, o que dirá em vaga demarcada. Perderemos, ao longo do tempo, a capacidade de reação nas rodovias, o reflexo que levamos uma vida inteira na direção para desenvolver.

     Usamos cada vez menos nossos membros. Quase não conseguimos mais mexer o nariz, já perdemos o controle das orelhas para ver de onde vêm os predadores ou o perigo, nem mesmo vidro de carro abrimos ou mudamos de canal na TV e assim vai o crescente atrofiamento dos nossos membros. O esforço físico será mínimo, então seremos uma bolinha com bracinhos e perninhas sem serventia nenhuma. Nem para coçar o saco ou ajeitar o cabelo. Sentados em meio de uma floresta de computadores, alguns dentro do nosso corpo, finalmente a humanidade chegará ao seu ápice físico.

     O Jabba the Hutt do Star Wars.

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  • Os cabarés de Porto Alegre (II)

    Publicado por: • 7 ago • Publicado em: A Vida como ela foi

     Como escrevi na edição passada do blog, as casas noturnas de hoje, depósitos de garotas de programa disponíveis prêt-à-porter, nada têm em comum com os cabarés que existiam na Capital até o início dos anos 1980 (o auge foram os anos 1960), a não ser as mulheres que vendem o corpo. Em primeiro, o layout das “casas da luz vermelha”, na concepção interiorana de “zona”, era improvisado a partir de residências de classe média, preferencialmente, com vários ambientes.

     É claro que oferecia bebidas, servidos por garçons, o mais famoso era o Jorginho, da Mônica, que usava um casaco de pele caríssimo. Assim como havia música e uma pista de dança para dar fim aos constrangimentos masculinos. Por isso que os homens bebem nas casas noturnas e antes do sexo, porque têm medo de mulheres que tomam a inciativa. Em alguns casos, ele broxa. O macho precisa de um trago para se aprumar de novo. Era assim e ainda é assim, vão por mim, para rimar.

     Então, você ia aos cabarés em turma, especialmente os mais jovens, raramente sozinho, a não ser que já tivesse um programa agendado. Mesma coisa, em grupo todo mundo fica valente e viril, pelo menos na aparência. A música, quase sempre mecânica, não era de rock and roll, nem Jovem Guarda. Tocavam boleros, sambas-canção, que ninguém mais compõe, poucos sabem o que seja, standards das grandes orquestras e, de vez em quando, um samba mais sacudido. Você dançava de rosto colado, corpo colado, devagar ma non troppo. Aquela história de beijos de língua para todo mundo ver é coisa de onanista – vejam no Google o que é -, de amador sexual.

     O garçom quase sempre era gay, contido, ou não. Não era incomum que alguns vendessem perfumes, batons, maquiagem etc para as mulheres, giletes e desodorantes importados aos homens. Qualquer gesto ou ação mais violenta e lá vinha o leão de chácara para primeiro acalmar, depois para dar umas porradas no mal educado. Não havia quase motéis em Porto Alegre, dois ou três, então se usavam os quartos da antiga residência. Por isso a escolha desse tipo de imóvel, e não espaços maiores.

     Então vinha a hora da cama.

    (continua amanhã)

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  • A diferença entre a galinha e o político é que o político cacareja e não bota o ovo.

    • Millôr Fernandes •

  • E Eu criei a gemada

    Publicado por: • 7 ago • Publicado em: Notas

     Por que nenhuma cafeteria de Porto Alegre faz gemada? Se fazem, deveriam anunciar. Mas atenção, eu falo de gemada de verdade, não um amerengado qualquer. Na concepção da brilhante quituteira Felicita Avelina Selbach Albrecht, que Deus a tenha nas Eternas Confeitarias, a “fabricação” da gemada começa com a gema batida com muito açúcar. Pode ser com uma colher na xícara. Desculpem se digo o óbvio, mas vocês sabem que só sei fazer duas ou três coisas.

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  • Ovo de verdade

    Publicado por: • 7 ago • Publicado em: Notas

     Atenção para o ovo: tem que ser OVO e não esses ovinhos que recheiam xis, ovão, se me faço entender. E a gema tem que ser gemão e não uma dessas coisas amarelo-hepatite que galinha desovou (!) quando estava no soro, acamada devido a algum distúrbio intestinal.

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