A grande noite alemã
Festejado dia 3, mas com festa dia 4 no Theatro São Pedro, o Dia da Unidade Alemã reuniu um grande número de pessoas que ouviram com atenção as palavras do Cônsul Geral da Alemanha para o RS e SC, Milan Andreas Simandi. Prefeitos de Santa Catarina estiveram presentes. Como se recorda, durante o jugo soviético eram duas Alemanhas, a Oriental e a Ocidental, divididas ao meio pelo Muro de Berlim.
O reinado da Bic
O que mais vai se gastar até o dia 28 são as cargas de tinta da caneta Bic. Gregos e troianos fazem cálculos de quantos votos poderão conseguir entre as abstenções, que foram muito grande, de eleitores de outros candidatos e partidos que apoiam um ou outro, e quantos por cento isso significa. Eu sempre digo que segundo turno é outra eleição. E é até chato ficar repetindo isso, mas não tem como evitar o conceito.
Ao longo do meu tempo de jornalismo e cobertura de eleições cristalizei algumas opiniões. Entre elas, voto de cacique não necessariamente é obedecido pela indiada.
Apoio pessoal de personalidades políticas de antes e de hoje também não. Fernando Henrique abrir o voto para Lula é segredo de Polichinelo, ele já abriu assim que a campanha começou. Tanto faz quanto fez, inclusive entre a família dele.
O derretimento do trabalhismo
Ciro Gomes e PDT abriram seu voto para Lula, o que significa que parte dos 5% ou 6% dos voos que foram para Ciro vão para Lula. Iriam antes mesmo desse apoio.
No Rio Grande do Sul, é um pouco mais complicado. O candidato do trabalhismo de Brizola, Vieira da Cunha, fez 1,61% dos votos. A neta de Brizola, Juliana, uma espécie de símbolo do petismo, não se elegeu. O PSDB encolheu pela metade mais um pouco. O PP vai de Bolsonaro.
O futuro gaúcho
O MDB velho de guerra tem candidato a vice Gabriel de Souza na chapa de Eduardo Leite, um tucano que sobreviveu graças ao seu prestígio pessoal. Se Leite vencer, ele se gabarita para o Piratini em 2026. O problema é que o prefeito de Porto Alegre, que fez de tudo para o partido ter candidato próprio, tem a mesma ideia.
Sumidos ou desaparecidos
O PTB, outrora cobiçado tanto pela direita quanto pela esquerda, hoje é ignorado. É outro que implodiu. O MDB nacional já tinha votado em parte para Lula – Renan Calheiros & Cia – e parte para Bolsonaro. No RS, ficou em quinto lugar na Assembleia. Para quem já foi o maior partido do Ocidente, nos anos 1970, como se proclamava, é como uma baleia virar sardinha.
Trio máquina de escrever
Simone Tebet abriu o voto para Lula porque vai ser ministra. E um partido que não conseguiu nem ter um nome de peso para ter chance, é partido nanico.
O PT teve que buscar o ex-governador Olívio Dutra no Rio Grande do Sul porque não tinha ninguém com mais densidade eleitoral que ele. Tiraram-no do sofá da aposentadoria.
E a Santíssima Trindade, Tarso Genro, Raul Pont e o próprio Olívio, ficaram obsoletos. Como se uma máquina de escrever pudesse ser mais veloz que um tablet ou note. Esse foi o erro mortal do PT, não se modernizar para ser uma esquerda à europeia.
Marxismo de unha encravada
Herança da Revolução de 1917, a esquerda nunca conseguiu fazer uma autocrítica de verdade. Sempre que perdia, a culpa era dos outros. O DNA do marxismo pesa. O marxismo é a única filosofia que tem explicação para tudo, até para unha encravada. Logo, não podia errar.
Os pequenos burgueses
Se derreterem a militância de esquerda o que sobra é uma moral pequeno-burguesa, expressão feliz que a esquerda usava muito nos anos 1970 para mostrar que essa classe média aspirava à burguesia sem ter condições para tanto. Pois os petistas uniram essa religiosidade com tinha de ética e bom mocismo de comadre.