• Extremos eu se tocam

    Publicado por: • 20 dez • Publicado em: Notas

     Se Jair Bolsonaro eleito presidente já coloca o país de ponta-cabeça com fortes possibilidades de irmos à breca, Marina Silva também é outra ameaça. Pode descarrilar o trem Brasil.

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  • Presas fáceis

    Publicado por: • 20 dez • Publicado em: Notas

     O que não me impressiona mais é como o eleitor é presa fácil das promessas vãs e das definições maltrapilhas da maioria dos candidatos. Faz parte do nosso DNA. Ou, como dizia o velho Ernesto Moser, o homem é o único animal que cai no mesmo buraco duas vezes. No Brasil, cai dez.

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  • Os dorminhocos

    Publicado por: • 20 dez • Publicado em: Notas

     Não se iludam com aquela velha enganação de que o povo é sábio. Se fosse sábio não seria mais povo, em primeiro lugar. Nem o país estaria nesta situação. Já teria acordado do berço esplêndido há muito tempo.

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  • Prisão domiciliar

    Publicado por: • 19 dez • Publicado em: Caso do Dia

     Depois de alguns meses, mesmo a melhor suíte do melhor hotel parece uma prisão. Quem me disse essa frase foi um amigo já falecido, depois de uma dolorosa separação em que perdeu até a casa. Contava-me da solidão e do tédio de olhar sempre as mesas paredes e o teto, nas noites insones, num hotel cinco estrelas, tortura que se prolongou por mais de um ano.

     Marcelo Odebrecht deixa a cadeia e fica em prisão domiciliar. Não deixa de ser uma prisão, embora não tenha termo de comparação com a cadeia onde esteve por motivos que nem preciso explicar. Perto dos dias e noites na sua cela, sempre temendo o pior, prisão domiciliar é o paraíso. Até que a alegria passada não se repetir mais no dia a dia. Então ele amaldiçoará o infortúnio de viver recluso mesmo que seja numa gaiola dourada.

     Prisão, no fim das contas, é um estado de espírito. Cada um dia tem a sua.

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  • Demônios da dança

    Publicado por: • 19 dez • Publicado em: A Vida como ela foi

     Os casais esvoaçavam pelo salão rústico em danças rudes e imperfeitas ao som de improvisados instrumentos de corda, que ninguém realmente sabia tocar. Do tosco instrumento de fole, saía um estranho som mais parecido com um ataque de asma que música. Mesmo assim, todos bailavam felizes e acometidos de um frenesi inexplicável. As mulheres levantavam as pesadas saias para sugerir que a casa final era de quem se atrevesse e da invasão elas não protestariam. Quase dava para tocar a libido que impregnava o ambiente.

     A festa de casamento começara cedo naquele dia. Seguia noite e madrugada adentro. Bebiam vinho zurrapa e um líquido amarelo que deveria ser cerveja ou algo assemelhado. Carnes de caça cruas ou queimadas eram devoradas e imediatamente repostas, algumas ainda sangrentas. Os noivos dispensaram a saída na surdina, eles estavam deitados em cima da mesa a centímetros dos rostos dos convidados.

     Todos naquele amplo ambiente enfumaçado cheirando a suor, vinho azedo e sexo, não tinham real consciência que estava dominados pelos demônios da dança, algo que os aldeões mais antigos sussurravam para os mais novos, que ansiavam ser possuídos por eles. Cuidado, diziam os velhos sábios, há castigo para quem se deixa dominar por eles.

     Num determinado momento, aparece um padre buscando passagem para ir para a casa de um devoto em agonia, familiares queriam que o quase-finado recebesse a extrema unção. O problema era que a turba em frenesi se postava na frente dele, dançando e impedindo sua passagem. O homem de Deus não conseguiu ir na casa do moribundo, que acabou falecendo sem receber os últimos sacramentos. Neste momento, já quase raiando o dia, todos saíram para os campos totalmente bêbados e sempre dançando. Os demônios da dança extraiam deles o último grama de energia.

     Como os mais velhos sussurravam, veio o castigo. Quando o sol firmou no céu azul sem nuvens, um inexplicável vento varreu toda a região. Todos os participantes daquele bacanal foram convertidos instantaneamente em pedras, sem nenhum vestígio de que, algum dia, eles tivessem sido humanos.

     É assim que os franceses da Bretanha explicam a origem das rochas mais ou menos da altura de um homem que estão postas em um pedaço daquela região no oeste da França. A lenda é simplesmente espetacular.

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