Prisão domiciliar
Depois de alguns meses, mesmo a melhor suíte do melhor hotel parece uma prisão. Quem me disse essa frase foi um amigo já falecido, depois de uma dolorosa separação em que perdeu até a casa. Contava-me da solidão e do tédio de olhar sempre as mesas paredes e o teto, nas noites insones, num hotel cinco estrelas, tortura que se prolongou por mais de um ano.
Marcelo Odebrecht deixa a cadeia e fica em prisão domiciliar. Não deixa de ser uma prisão, embora não tenha termo de comparação com a cadeia onde esteve por motivos que nem preciso explicar. Perto dos dias e noites na sua cela, sempre temendo o pior, prisão domiciliar é o paraíso. Até que a alegria passada não se repetir mais no dia a dia. Então ele amaldiçoará o infortúnio de viver recluso mesmo que seja numa gaiola dourada.
Prisão, no fim das contas, é um estado de espírito. Cada um dia tem a sua.