• “Vivemos tempos tão confusos que até as notícias verdadeiras são falsas.”

    • F. A. •

  • Inferno

    Publicado por: • 2 abr • Publicado em: Notas

    Li que o Papa Francisco disse a um jornal italiano que o inferno não existe. Reincidente, o rapaz. Algum tempo atrás, o Vaticano já tinha esclarecido que não havia inferno pessoa física, tal como nos ensinaram, substituindo o foguinho por “privação de Deus”. Estamos bem arrumados. Se assim é, abriram a porteira.

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  • Diário de uma Vida Nova

    Publicado por: • 29 mar • Publicado em: Caso do Dia

    Dia 17

    O bolo inglês

    Depois de seis dias de comida de hospital, literalmente, os ventos da boa comida começaram a enfunar as velas do meu barco. Ontem completei sete dias da cirurgia. Tirando algumas dores no abdômen, o mais evolui a cada dia que passa. Então, na noite do sexto dia, juntamente com o jantar, ganhei um bolo inglês, que vocês chamam de muffin – que vem a ser o  mesmo bolo inglês nascido em bairro nobre.

    Era enorme, doce, sabor desconhecido, mas também não dei muita bola. Ontem, ao meio-dia, outra agradável surpresa: comida de verdade. Carne de panela, farofa com passas e arroz. Uma maravilha. À noite, mais uma boa notícia: peito de frango, jardineira de legumes e arroz de verdade.  O que mais precisa um homem para ser feliz?

    Quando veio o segundo bolo inglês, no lanche, o enfermeiro Jhonatan – que estava trocando o curativo – exclamou em alto e bom som:

    – É de laranja.

    Se tem uma coisa que não precisa dizer o quanto é bom é sentir o cheiro de comida boa. Meu olfato melhorou, o que deve ser efeito colateral do tumor que tiraram de mim.

    O barbeiro

    Como já escrevi antes, a biópsia dos países do meu conesul – intestino, estômago etc – só sairá no início da próxima semana. Nunca se sabe o que vai dar numa biópsia. Mas já estou me precavendo. Vou economizar dinheiro, se der positivo.

    Explico: Normalmente, a quimioterapia, que terei de fazer, se for o caso, faz com que você perca cabelo. O meu, que não é grandes coisas, parece um cerrado de meio-oeste, tende a crescer somente na nuca, o que obriga a cortá-lo a cada seis semanas. Como eu pago R$ 30,00 para o barbeiro Paulo, em um ano economizarei R$ 270,00.

    Eu sei o que vocês estão pensando. Mas peruca, jamais! É contra a minha religião. Se eu me tornar pálido, como é comum nesse tipo de tratamento, pelo menos afugentarei a multidão de mulheres que me assediam sem parar. Como ficarei mais feio, se isso é possível, pelo menos metade delas não vai querer nada comigo.

    É chato ser… (Neste momento, Fernando Albrecht apanhou de toalha molhada da senhora Maria da Graça, sua mui digna consorte). Curativos feitos, segue-se o relato.

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  • Que tiro foi esse?

    Publicado por: • 29 mar • Publicado em: A Vida como ela foi

    Ameaças de morte raramente são anunciadas, mesmo não desprezando o lado perverso desse tipo de ameaça, colunistas, como eu, repórteres e outros profissionais da imprensa são ameaçados de morte várias vezes. Em dezembro de 1968, por volta das 6h, encerrando o plantão da madrugada, eu mesmo levei um tiro. Voltava à redação de Zero Hora, que, na época, ficava na rua Sete de Setembro.

    O tiro não acertou-me e estilhaçou uma pastilha da fachada do prédio, a 20 centímetros da minha orelha esquerda. Nem me dei conta. Eu achei que tinha sido a descarga de um fusca marrom que passara na rua na hora em que eu abri a porta e desci. Pálido como um cadáver, o porteiro me deu a real. Soube, depois, que o autor do disparo era um capanga de um notório criminoso, cujo apelido era Mina Velha.

    De outra feita, foi um molotov jogado embaixo do carro em que estávamos eu, o motorista Luismar e o fotógrafo Miro Soares. Saíamos do café da manhã, de uma lancheria na esquina da Uruguay com a Sete de Setembro. Deus ajuda o sortudo. Bem na hora, em que o coquetel incendiou, Luismar  tinha ligado o motor e posto marcha a ré. Com o estrondo, ele largou a embreagem e o carro deu um pulo para trás. Vocês não têm ideia do que era cobrir a reportagem policial nas madrugadas da segunda metade dos anos 1960.

    Teve o caso de uma espingarda calibre 12 na minha cara, mas essa já é outra história.

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  • Al mal tiempo, buena cara.

    • Ditado espanhol •