• Panorama visto da ponte

    Publicado por: • 20 jun • Publicado em: Caso do Dia

    Por Sidnei Moura Nehme

    Economista e Diretor Executivo da NGO

    No exterior, o viés de tendência de corte na taxa de juro americano ganha consistência e viabilidade no entendimento da maioria dos analistas, e, isto se e quando se confirmar, certamente impulsionará as Bolsas americanas que se fortalecerão ao mesmo tempo em que a moeda americana se fragilizará frente à cesta de moedas.

    E, esta percepção poderá aumentar o apetite pelo risco por parte dos investidores estrangeiros e a nossa Bovespa, que tem se ressentido da ausência de investimentos externos ao longo deste ano pode vir a se beneficiar, principalmente e na medida em que se confirmar a probabilidade da aprovação da Reforma da Previdência.

    A questão que corrói o otimismo em torno da atividade econômica brasileira é o fato de ter sido recebida em estado letárgico pelo governo atual, que, contudo, não logrou sucesso em conquistar apoio maciço e imediato à Reforma da Previdência, ação relevante e prioritária para que o país possa desafogar-se…

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  • As mil e uma inutilidades

    Publicado por: • 19 jun • Publicado em: A Vida como ela foi

    Bem, nem tanto ao céu nem tanto à terra. O Bombril, cujo slogan prometia que ele tinha mil e uma utilidades, realmente era e ainda é capaz de algumas proezas além do dever. Umas 30, digamos. Esses publicitários, sempre exagerando. Mesmo seco, ele pode fazer parte de um kit de sobrevivência quando você estiver sem pai nem mãe no fundo de um país qualquer. Serve para fazer fogo. Mas precisa de duas pilhas de qualquer tamanho, mesmo com a carga no final. E de preferência, já usado. Cansei de fazer foguinho fingindo que fazia um safári, e sem nenhum carregador de moringa para ajudar.

    Para quem não conhece, o truque é simples. Pegue uns fios do Bombril e espiche-os como esperança de pobre. Junte folhas e outro material combustível, encoste cada uma das extremidades nos dois polos da pilha et voilà! Fiat lux, que significa faça-se a luz e também é marca de fósforos. Ou era.

    Agora vamos à uma inutilidade, que o povaréu gostava de acreditar. Até o aparecimento das TVs digitais, sintonizar os canais com a tela estabilizada era um inferno. Os aparelhos contavam dois botões giratórios, espécie de corretor vertical e horizontal. Este último era o pior. Você sentava na cadeira e a imagem começa a correr; levantava, ia lá para acertar, acertava, mas quando voltava a sentar tudo degringolava. Um inferno. Diziam que botar um Bombril na ponta da antena interna resolvia. Alguns enfiavam a palha de aço na antena externa, geralmente em cima do telhado.

    Não funcionava. Ou melhor, funcionava, mas por outros motivos. Para começar, todos os televisores antigos foram fabricados pelo engenheiro Murphy. Ou seja, a imagem rolava sempre quando você voltava para a poltrona. Enfiando o Bombril na antena, parecia que ele operava o milagre da estabilização da imagem.

     No fundo, era porque você finalmente botava a antena na posição certa. O Bombril era um falso brilhante em assuntos televisivos.

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  • Memórias de um rotineiro

    Publicado por: • 19 jun • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Quando me perguntam como é ter uma profissão excitante como o jornalismo, respondo que de excitante ela não tem nada. É sempre a mesma coisa, década após década, só mudam os personagens para as mesmas mancadas, erros, mentiras e resultados de sempre. Por isso, o jornalismo diário é a desgraçada de uma rotina.

    O jornal de ontem

    O melhor exemplo é quando você lê o jornal de ontem. Ficou velho, velhíssimo. Agora pegue um jornal de 30 anos atrás e surpreenda-se com “mas já naquele tempo?” Especialmente quando são erros de governos. Mas bah!, dirá você, a corrupção não era tanta. Era, só que era permitida. Nada de mal se um deputado ganhasse uma viagem cara com hotel cinco estrelas para Paris, por exemplo. Fazia parte do dia a dia o agradecimento por um projeto de lei salvador da pátria.

    Os dez por cento

    O que mudou foi o porcentual da comissão. Primeiro que havia mais respeito, hierarquicamente falando só o famoso andar de cima podia entrar no Simão Rachid. Digamos que de gerente para cima. A plebe ignara, os funcionários comuns, nada ganhavam mesmo que tivessem papel fundamental no processo. No máximo, uma garrafa de uísque importado no Natal.

    Os trinta por cento

    Lembro de um assessor da diretoria de banco que não existe mais que era conhecido na praça como Fulano de Tal Dez Por Cento. Nisso concordo, nos dias de hoje, mudou muito. Vivo fosse, nosso bom homem seria chamado de Fulano de Tal Cinquenta Por Cento. No mínimo, Trinta. A evolução foi além do aumento do porcentual, a arraia miúda começou a querer sua parte também, ou abria o bocão e estragava o negócio. Já não se faz mais lealdade como antigamente, lamentavam os caras Dez Por Cento.

    Marco Zero

    Creio que o divisor de águas na corrupção e jeitinhos, tipo saber antecipadamente data e regras de editais de obras públicas, fez um upgrade quando a xerox se popularizou. Aí abriram a porteira, e o boi se foi com corda e tudo. Porque a máquina de cópias era democrática. Qualquer um sabia manejá-la. Quando ainda eram caras as cópias, a máquina ficava na sala do chefe. Depois, foi para uma salinha no fundo do escritório ou repartição.

    A vez dos boys

    Aí sim a corrupção deu um salto. Nem secretária e muito menos a chefia ia para a salinha do fundo tirar cópia xerox. Mandavam o boy. Foi assim que, no tempo do Sistema Financeiro da Habitação, os boys eram muito requisitados. Eles e as secretárias. “Que mal faz tirar uma copiazinha só?” O pagamento: uma bela cesta de Natal. Ou quem sabe uma viagenzinha…

    Ainda não…

    …é o epílogo. Tem muita linguiça no meio do pirão.

    Na moda, sempre

    Centenária, mas sempre conectada com o novo. Assim é a Óptica Foernges, que inova mais uma vez ao lançar a coleção exclusiva “Foernges por Claudia Bartelle”, que traz o aval e a curadoria da influenciadora digital Claudia Bartelle. Com nove modelos entre óculos solares e de grau, a novidade conta com uma variedade de cores para o público feminino ideal para todas as ocasiões.

    A Coleção Foernges por Claudia Bartelle foi desenvolvida pela própria influencer e em todos os modelos reflete o seu toque de requinte e bom gosto. Os óculos apresentam design brasileiro com qualidade internacional. Produzidos pela empresa brasileira Clair Mont, de Minas Gerais, contemplam matérias-primas italianas em sua fabricação, como o acetato de celulose. Além disso, no processo fresados feitos a mão com sendo elaborados e minuciosamente projetados com alta tecnologia e ampla diversidade de cores.

    Os modelos exclusivos são feitos para mulheres que buscam inovação com ousadia e personalidade ao usarem óculos atrativos que chamam atenção pela proposta moderna, arrojada e extremamente elegante.

    Leilão de artes e antiguidades

    O colunista social Paulo Gasparotto e o leiloeiro Norton Fernandes Filho realizam, no próximo dia 25 de junho, terça-feira, um Leilão de Arte e Antiguidades. Reunindo cerca de 110 peças, o evento acontece na Di Leone Eventi (R. Dr. Vale, 553) a partir das 19h30. Os interessados serão recebidos com uma mesa gourmet montada pela Chef Juliana Corrêa e Cava Don Román. Um mimo especial produzido pela Dots Chocolaterie fechará a noite.

    Fazem parte do leilão esculturas, objetos de decoração, quadros, tapetes e mobiliários, além de vasos, luminárias, bandejas, garrafas e arte sacra. Estarão disponíveis itens do acervo pessoal de Paulo, além de peças de outros colecionadores, incluindo algumas pertencentes ao ex-presidente Getúlio Vargas. Entre as obras colocadas à venda, destacam-se os vasos de Emile Gallè e Charles Schneider e os quadros de Pedro Weingärtner, Ângelo Guido e Siron Franco.

    Uma exposição antecede o leilão, e o espaço estará aberto para visitação das 10h às 19h do dia 25 de junho. Os interessados poderão também fazer lances online, pelo site www.nortonleiloes.com.br.

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  • Se o governo parou, talvez o país ande.

    • Jornalista Carlos Brickmann •

  • Os contadores de votos

    Publicado por: • 18 jun • Publicado em: A Vida como ela foi

    No final dos anos 1960, fui convocado para ser contador de votos. Que saco, pensei. E não é que eu estava certo? Vocês não têm ideia como era feita a apuração, como era cansativo e cheio de furos. Eu recém tinha entrado para a Zero Hora, então queria assassinar o cara que deu meu nome. Vilmo Medeiros, meu querido chefe de reportagem policial, foi chamado pelo TRE-RS e levou alguns subordinados para o mesmo inferno. Eu entre eles.

    A contagem se dava nos primeiros Armazéns do Cais do Porto, com amplos espaços divididos por placas de compensado. Era eleição para deputado estadual e federal e não lembro para que mais. A mim e meus asseclas coube a contagem para a Assembleia Legislativa. Funcionava assim: a chefia separava as cédulas e as distribuía. Duplas contavam os votos, um cantava e outro fazia aquela marcação antiga de risquinhos até completar cinco. Brancos e nulos já tinham sido separados.

    Além da rotina massacrante, tínhamos que aguentar os fiscais de partido, que às vezes pediam recontagem das cédulas e eram atendidos ou não pelo juiz. E meus colegas de outros jornais querendo saber detalhes como o texto dos votos anulados com palavrões, coisas assim. Havia uma pausa para o almoço, oferecimento da Justiça Eleitoral.

    Foram três dias de martírio, das 8h da manhã até a hora de não aguentar mais. Litros de café me deixaram com tremedeira e insônia. Quando a apuração encerrou, os mártires ganhavam um dia de folga, com atestado que valia pontos caso se fizesse concurso público.

    Simplesmente não consegui dormir. Minha futura sogra me deu um comprimido de Valium tamanho família, mas nem ele me ajudou. Eu parecia um zumbi na cama. Fui convocado pela segunda vez alguns anos depois, mas não lembro de muita coisa. Talvez meu cérebro tenha apagado a terrível experiência.

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