• Linhas e entrelinhas

    Publicado por: • 29 jun • Publicado em: Notas

     A recente pesquisa do Datafolha mostrou que apenas 7% dos entrevistados acharam bom ou ótimo o governo Temer. Significa que, afora os “não sabem” seriam os restantes 93%, certo? Com o risco de ser mal entendido pelo fundamentalismo guasca, não. Os jornais poderiam ter registrado que para 23% o governo é “regular”. Ora, nas presentes circunstâncias, achar Temer “regular” está longe de desaprovação.

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  • Sei nada

    Publicado por: • 29 jun • Publicado em: Notas

     Detectei outra faceta de jovens que começam a entrar no mercado de trabalho, jornalismo entre eles. Parte das mulheres exibe um ar de enfado no ambiente de trabalho, como se já soubessem de tudo e nada mais fosse novidade. Estranho. Eu não sei nada e cada vez sei menos. Como disse o filósofo e matemático francês René Descartes, troco tudo que sei por metade que não sei.

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  • O coco assassino

    Publicado por: • 28 jun • Publicado em: Caso do Dia

     Essa frase do dia, sobre o perigo que existe em cada boa nova, em todas as áreas e na própria natureza. Essa é a dialética da coisa, terrível e bela, ou bela, mas terrível. Vejo esses documentários Bambi sobre as belezas da natureza selvagem, como ela é sábia, que coisa linda e fofa são os filhotes de leão. Até filhotes de hiena são engraçadinhos, né mesmo?

     Mas o menino é pai do homem. Uma vez adultos, essas bolinhas peludas são máquinas de matar. Leões adultos comem os próprios filhos para deixar a leoa novamente no cio. Mesmo no ventre da mãe, tubarõezinhos fetos comem seus irmãozinhos fetos. O maravilhoso gêiser que lança jatos de água com regularidade está acima de um conjunto de vulcões que pode explodir todo Yellowstone e estados vizinhos.

     Se a natureza fosse sábia, coco nasceria no chão, igual a batata, e não cairia nas cabeças dos azarados. Estou falando sério: morrem 15 vezes mais pessoas por cocadas do que por ataques de tubarões. Números de 2002 mostram que morrem anualmente cerca de 150 pessoas atingidas pro cocos, fora os sequelados. Sem falar nas mortes nas milhares de ilhas e ilhotas do Pacífico, estatísticas que não chegam à civilização.

     Aí é que está a genialidade do Médico e Monstro, do escritor Robert Louis Stevenson, um dos meus gurus. Se todo ser humano tem dentro de si uma figura bondosa como Dr Jekyll e demoníaco Mr Hyde, por que a natureza também não teria essa dualidade? E tem mais, ela é muito cruel.

     Melhor dizendo: por que seriam os humanos diferentes da natureza que tanto admiramos?

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  • O alemão do brasileiro

    Publicado por: • 28 jun • Publicado em: A Vida como ela foi

     Câmeras, cinegrafistas, fotógrafos, repórteres e meio mar de gente invadiram o salão de uma instituição alemã tão logo começou a falar o jornalista Adroaldo Streck, falecido neste ano. O jornalista e radialista estava na Alemanha e foi convidado para falar em um seminário sobre a economia brasileira.

     No início da fala, ninguém deu muita pelota para o brasileiro, mas à medida que ele avançava nas suas observações a alemoada da mídia criou um congestionamento de gente, câmeras, fios e cabos. Mas o interesse não era pela economia do Brasil, era pelo dialeto alemão que Streck falava pensando que se fazia entender, o que, na colônia alemã, se chama de plattdeutsch, o baixo alemão.

     Esse dialeto, que alguns não reconhecem como dialeto e sim uma variante linguística, era o alemão falado pelos colonos quando chegaram no Brasil no século XIX e que literalmente o estacionou no tempo, aqui e acolá enriquecido por expressões portuguesas mas com tons do alemão – das Telegóda, por exemplo, o delegado.

     Os alemães explicaram que acorreram à conferência porque foram informados que alguém fala uma língua que nenhum museu do som e nem academias de letras teutas conhecia. Sabiam que existia, mas ninguém que a falasse. Então parte não era de jornalista, mas de pesquisadores e linguistas.

     Essa foi a contribuição que Adroaldo Streck deu para a terra de Goethe.

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  • Todo avanço extraordinário da Humanidade, como os computadores, encerra igualmente um mal extraordinário.

    • F. A. •