São demais os perigos desta vida

11 jan • NotasNenhum comentário em São demais os perigos desta vida

Como na música de Vinicius de Moraes e Toquinho, mas poderia ser dito por um toreiro que tropeçou bem na reta do touro ensandecido. A vida é uma sucessão de quase-mortes que não damos importância devido à repetição diária.

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Basta o motorista de um ônibus em cima de uma ponte ter uma coceira ou um espasmo na mão, e lá se foi todo mundo tomar banho dezenas de metros abaixo. Guimarães Rosa já dizia que viver é muito perigoso, e desde que escapei de um acidente no aeroclube de Montenegro, tenho essa sábia constatação sempre no meu para-brisa interno. Basta um delize e, num zas-traz, lá se foi o boi com corda e tudo.

Certa feita, estava eu na Freeway, em uma Mercedes novinha, dentro do limite de velocidade. Mas bastou um pequeno afundar do pé direito no acelerador que mal percebi que estava a 160 Km/h.

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Não que fosse uma velocidade estonteante para os dias e automóveis atuais – nas autoban alemãs é comum ver carros a 250 Km/h porque é permitido, dentro de certas circunstâncias. Mas é para ver como uma pequena distração abre as portas do azar.

Quando era menino, os automóveis tinham motores mais fracos que gente com um ataque de diarreia. Chegava-se aos 40 Km/h, e os passageiros já perguntavam se o motorista não estava correndo demais.

A primeira coisa que eu olhava nos carros era o painel. Tirando os carrões americanos, os pequenos europeus dificilmente tinha marcador além dos 100/110 Km/h. De zero a 100 levava-se um dia, isso com vento a favor e no plano.

E, levando para o plano da saúde, uma pequena infecção podia levar à infecção generalizada. Isso porque, até os anos 1960, os antibióticos eram poucos. Tive um irmão, Mário, que morreu, antes de eu nascer, de tétano. Aliás, esse perigo existe até hoje se você não tomar uma injeção antitetânica ao se ferir com uma lasca de madeira ou prego contaminado.

Passando para outro plano…

Veja a quantidade de pequenos fatos que podem levar a grandes consequências. Se você tivesse conhecido sua futura mulher ou se ela tivesse conhecido outro alguém minutos antes… Quem sabe poderia ter conhecido Gisele ̈Bündchen se tivesse ido a um baile em Horizontina.

Ou ter casado com a mulher barbada de algum circo mambembe. Ou não ter casado, outra hipótese. Neste caso, viver sozinho seria uma opção.
Sempre menciono uma quadrinha medieval cuja tradução é esta:

Por causa de uma ferradura                 
Perdeu-se o cavalo                   
Por causa do cavalo                   
Perdeu-se o cavaleiro                   
Por causa do cavaleiro                   
Perdeu-se a batalha                   
Por causa da batalha                   
Perdeu-se a guerra                   
E tudo por causa de uma ferradura

É conhecida a piadinha do SE, tão antiga quanto piada de papagaio. Se minha tia tivesse genitália masculina não seria minha tia, seria meu tio.

Quando falamos em mundos paralelos, o “se” seria um deles. Nele sua tia, ou seu tio, se sua futura mulher ou marido não tivessem topado com você a Gisele não teria casado com o Tom Hardy.

Talvez nem conseguisse ser übermodel, nem ganhado centenas de milhões. Ou, “se” fosse o caso teria emprego de marido e o Tom Hardy teria casado com uma madrinha de futebol americano, daquelas que fazem acrobacias e evoluções vestindo saiotes, tênis branco e empunhado um bastão, como se observa antes das partidas nos Estados Unidos.

Os meteorologistas usam uma metáfora para explicar como o tempo está interligado. Uma borboleta batendo as asas no Rio de Janeiro muda o clima de Paris. Esse bater de asas no mundo do “se” é outra possibilidade dos mundos paralelos..   

Se existirem.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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