Resíduos não, matéria-prima
Ao olhar a fábrica da Celulose Riograndense em Guaíba (RS) funcionar a pleno vapor, não se imagina que, enquanto o grande picador de toras da empresa trabalha, ele produz não apenas os cavacos que se transformarão nas 1,8 milhão de toneladas de celulose que a indústria produz anualmente, mas também aciona uma cadeia de produção de insumos para a agricultura e paisagismo. Esta iniciativa teve pai: o ambientalista brasileiro José Lutzenberger. Ainda nos anos 80, Lutzenberger visitou a então fábrica da Riocell que inaugurava sua estação de tratamento de efluentes, após anos de luta ambiental para melhorias na fábrica de celulose.
A história de Lutz
No ano de 1982, o ambientalista foi apresentado, então, para uma iniciativa da própria indústria de construir uma estação de tratamento de efluentes líquidos, com primário, secundário e terciário – coisa que até então nenhuma outra fábrica de celulose no Brasil (e a maioria no Mundo) tinha nesta plenitude -, e os filtros e precipitadores nas chaminés. A partir daí, Lutzenberger passou a ministrar palestras de educação ambiental em reuniões internas da empresa. Foi o início de uma colaboração intensiva que buscava achar meios de aproveitar, para fins agrícolas, os resíduos orgânicos, como o lodo biológico do tratamento dos efluentes líquidos, as cascas de eucalipto e os resíduos minerais com potencial uso como corretivos de solos.
Trabalho paisagístico
Paralelamente, Lutz também fez um fascinante trabalho paisagístico, criando um parque ecológico no aterro contíguo às instalações da fábrica, nas margens do lago Guaíba, utilizando adubos orgânicos da compostagem dos resíduos para recuperar o solo local. Hoje, na Celulose Riograndense – ao contrário do que ocorre na maior parte das fábricas no mundo -, os resíduos orgânicos, ao invés de serem depositados em aterros, são transformados em húmus, um substrato agrícola utilizado em hortas, culturas de hidroponia e pomares.
Central de reciclagem
À frente deste trabalho, há 30 anos, está a empresa Vida Desenvolvimento Ecológico, fundada por José Lutzenberger e contratada pela CMPC para cuidar da destinação dos resíduos industriais sólidos. Uma Central de Reciclagem de Resíduos Sólidos foi instalada no interior de Eldorado do Sul, em parceria com a Celulose Riograndense. A Central é composta por duas áreas: uma no Horto Florestal José Lutzenberger e a outra no Horto Florestal Boa Vista, com área útil total de 67 hectares.
Sem essa
O deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS) adverte que nos governos Lula e Dilma não diminuíram a desigualdade no País. “A desigualdade aumentou em todas as pesquisas feitas nestes governos, e quem diz isso é Thomas Piketty, o grande teórico, economista neomarxista dos tempos modernos”.