• Os sem-ficha

    Publicado por: • 11 jun • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Devido ao fato de sermos contemporâneos, sempre achei que os mais proeminentes ministros de Michel Temer fossem mais espertos, no sentido de macaco velho, que sabe das coisas da vida e do governo, pela ordem. O episódio da greve dos caminheiros e da confusão das tabelas de frete exigidas pelos grevistas mostrou que não são, como direi, malandros no trato dessas coisas.

    Erro de avaliação

    Como é que eles não se deram conta que dobrar o valor do frete tornaria inviável o transporte de cargas e, ao fim e ao cabo, seria ruim – como foi – até para os próprios autônomos, por que ninguém pagaria esse valor acordado? Você pode discordar do ministro Eliseu Padilha, mas não pode duvidar da sua familiaridade com questões do dia a dia, o conhecimento instantâneo das consequências. Não podia porque, pelo que vimos, nem ele se deu conta disso.

    Alô, Terra?

    Logo que a confusão governamental começou, escrevi que o mal de Brasília era o fato de ela não ficar no Brasil. Então tudo é tão longe, tão distante. Falta-lhes conversa de bar, como sempre digo. Ou não sabem mais como vivem as famosas bases. Não vão com assiduidade ao supermercados e mercados, feiras, não compram roupas, não bebem cerveja em boteco, não conhecem a última piada (pelo menos piada não governamental). Perderam a noção e, o que eu acho pior, a capacidade de enxergar mais longe. O próprio Temer sofre do mal.

    Já está ruim…

    Se Temer renunciar, como já foi cogitado quando do episódio da gravação dos irmãos Batista e no auge da greve, o Brasil poderá entrar num caos planetário. Aos fatos. Neste caso, assumiria o presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia, do DEM. Com base no espírito de uma lei de 7 de abril de 1964, porque ela não foi detalhada, o presidente da Câmara deve convocar eleições indiretas em 60 dias da qual só poderiam participar integrantes do Congresso, mantendo as eleições de outubro.

    …mas pode piorar

    Como na lei de 64, só se pode intuir seu espírito, candidatos de fora podem arguir a inconstitucionalidade porque não explicita isso com clareza. Aconteceria o quê? O Supremo seria acionado, e daí teríamos um Brasil ingovernável. Nem precisa dizer o efeito econômico e político – e ideológico.

    Falsos brilhantes

    No futuro – se houver um – discutir-se-á como puderam os jornais dos tempos que correm ter tantos jornalistas escrevendo sobre assuntos técnicos e até nem tanto sabendo zero do que se tratam. Chega a ser inacreditável a quantidade a dimensão das asneiras, seja no jornal, rádio ou TV. E com que empáfia, meu Jesuscristinho, a empáfia…

    E tem mais

    A grande verdade é que as redações de hoje nadam em aquários muito pequenos. E se acham no oceanário de Singapura, o maior do mundo.

    Financiamento

    O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) irá financiar a construção de parque logístico de armazenagem, recebimento e expedição da empresa Dasppet Produtos Veterinários Ltda. O projeto, cujo investimento total é de R$ 7.485.96, terá um aporte do Banco no valor de R$ 6 milhões. A empresa, com sede no município de Guaíba, atua como distribuidora exclusiva de produtos veterinários de alta qualidade.

    Renúncia

    O Conselho de Administração da CMPC S.A., em sessão realizada sexta-feira, aceitou a renúncia apresentada por Hernán Rodríguez Wilson do cargo de Diretor Geral da Companhia. Na sessão, o Conselho realizou uma homenagem especial pelo bem sucedido trabalho de Hernán Rodriguez nas diversas funções que desempenhou na CMPC, desde que ingressou na empresa, em 1987, e em sua gestão como Gerente Geral desde 2011.

    Diretor

    Hernán Rodríguez continuará ligado ao Grupo Controlador das Empresas CMPC como representante dos conselhos das empresas em que o Grupo Matte mantém participação. Nesta mesma data, o Conselho nomeou como novo Diretor Geral das Empresas CMPC S.A Francisco Ruiz-Tagle Edwards. O Sr. Ruiz-Tagle é engenheiro comercial e atualmente é o Diretor Geral da subsidiária de Celulose. Ele possui vasta experiência na CMPC, no Chile, no exterior e em diferentes áreas e negócios da Companhia.

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  • O retrato de Mao

    Publicado por: • 11 jun • Publicado em: A Vida como ela foi

    Quando 1964 estourou, eu morava com meus pais e, como muitos da minha geração, era da esquerda festiva. Naquela década, era expressão muito usada, porque para boa parte dos “esquerdistas” ser gauche era a onda da moda. Menos ruim do que hoje, esse segmento não conhecia lhufas da literatura marxista, normalmente, filhos de pais da classe média, inclusive a alta. Ou seja, era a síndrome do tambor: bate, faz um barulhão; fura não tem nada por dentro.

    Mesmo tendo lido mais que a média, eu surfava nessa onda revolucionária. E a turma de Mao distribuía graciosamente exemplares de uma revista chamada Nova China, contando as maravilhas do país perfeito. Eram edições que usavam um papel de alta gramatura, de primeira. Nove em cada dez fotos eram do Mao Tse Tung. Bueno, aí pelo dia 6 ou 7 de abril, vi que a cosia era séria, então me obriguei a queimar as duas dezenas de Nova China. Era difícil até de rasgar as páginas, por isso, as amontei no quintal e despejei um tubo interior de fluído para isqueiro e taquei fogo.

    Mas quem disse que elas queimavam? O papel especial usado, imagino que impregnado com alguma tinta anti-inflamável, continuava mostrando a cara gorducha de Mao. E eu naquela agonia. E se bate a cana? Olhava ora para o portão ora para os exemplares indestrutíveis, por mais que eu atiçasse o fogo. Levou mais de meia hora para queimar parte delas, e, mesmo assim, dava para distinguir as fotos e títulos.

    O DOPS não veio, para meu alívio paranoico. Acho que foi naquela época que passei a achar que o Mao não prestava. Imagina, deixar um militante nessa embaraçosa situação.

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  • Viver consiste em construir recordações futuras.

    • Ernesto Sábato •

  • Se é incerto que a verdade que vais dizer seja compreendida, cala-a.

    • Maurice Maeterlinck, pensador belga •

  • O frio e as desgraças

    Publicado por: • 8 jun • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O que dizer nesta sexta-feira maravilhosa, vestida com o frio que nós gaúchos gostamos, que não seja pessimista? Temos tudo para uma injeção cavalar de tranquilizante na veia. O dólar pinoteou para quase R$ 4 reais, a inflação já crava os dentes no calcanhar dos pobres mortais, os populistas e sem noção habitam os primeiros lugares nas pesquisas, a embrulhada que conseguiram fazer com o preço do frete poderá capotar o caminhão da pouca tranquilidade que ainda tempos. E o que mais?

    A sábia madre superiora

    Como dizia a madre superiora sempre lembrada nos meus tempos de colégio, é fumeta. Fumeta era um produto químico que, ao ser incendiado, largava uma espessa fumaça que matava mosquitos, baratas e outros seres nojentos cujo único objetivo era infernizar a vida dos humanos. E até na fumeta os desgranidos nos causavam dano, porque era fumaça tóxica porque feita com BHC, um organoclorado que tem porta de entrada, mas não de saída no corpo humano. A madre tinha razão.

    A fumacinha enganosa

    Fumeta é o gasto de 68 deputados federais que chega ao equivalente a 48 toneladas de café com aluguel de máquinas de espresso e café moído na hora, informa o site Congresso em Foco. Bem, aí já não tenho tanta certeza se o custo com café em máquinas coletivas de fazer cafezinho não é tão mais baixo, mais o custo com pessoal. Por sinal, há dias faleceu, em provecta idade, o ex-senador maranhense Epitácio Cafeteira, político assaz conhecido nas décadas de 1970 e 1980. Se vivo fosse, saberia analisar melhor o caso.

    Nomes e seu destino

    Cafeteira é um desses nomes que ninguém esquece, e que juntando nome e sobrenome estava e estão sempre na cabeça do eleitor, porque inesquecível. Tenho opinião cristalizada, o nome de um político ou de um produto (dá no mesmo) catalisa sua votação. Mas atenção: nome e sobrenome tem que formar um conjunto sonoro ideal, um complementa o outro. Um bom exemplo sempre é Coca Cola, se formos para produtos comerciais. Quantos João da Silva (sem nome no meio) são políticos de sucesso hoje em dia ou foram em outras épocas? Só como exceção.

    No tempo dos maconheiros

    Até que esqueci um pouco as agruras de sexta. Sabem do que eu tenho saudades? Do tempo em que o gasto com máquinas de café de suas excelências seria manchete porque não havia outra coisa mais importante como fraudes, propinas, furtos & roubos, toma lá e dá cá, invasões e tráfico comandando o mundo do crime através dos PCC da vida. Naquele tempo, como dia Jesus, era só maconha e comprimidos ou injeções de Pervertin, que nem barato dava, a não ser insônia. E a maconha era para maconheiros, um palavrão, não rara, misturada com bosta de vaca seca.

    Para piorar…

    …hoje nem sei mais se chamo meu vizinho de vizinho ou de vizinha. Certa vez, perguntei e a resposta foi: os dois. Sai dessa, madre superiora.

    Jornal do Comércio

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