• A crise nossa de cada dia

    Publicado por: • 4 jul • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Confesso que enchi o saco de tanto ouvir falar em crise. Não é de agora. Já escrevi aqui que leio e ouço esta palavra desde que comecei a entender jornal. Meu pai, que era alemão, dizia que nós brasileiros não sabíamos o que era realmente uma crise. Quando você tem que comer carne de cavalo podre em cidade devastada pela guerra, isso sim que é crise, dizia. Então me deem licença para pular fora dela.

    VIVA O SOARES

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    Mercadinho de bairro nunca está em crise, pelo menos não igual à do país. Podem até vender mesmo em períodos mais duros, mas como a maioria é tocado pela família podem funcionar em todos os dias e feriados mesmo quando o comércio formal não pode. Então viva o mercadinho. Em elogiando esse tipo de estabelecimento, saúdo o Mercado Soares na avenida João Pessoa de Porto Alegre.

    SALVE SEU JOÃO

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    O seu João é um sem-teto com mais de judiados 70 anos que está quase sempre na Rua da Praia com um pandeiro sem couro. Ele finge que toca o instrumento e os passantes fingem que acreditam e lhe dão alguns trocados. No dia que bati essa foto, um conjunto de bluegrass de primeira linha fazia sucesso. Muitas moedas e cédulas de valor baixo arrancavam sorrisos dos rapazes da banda.

    O PANDEIRO DO SEU JOÃO

    Seu João acompanhava ou tentava acompanhar o ritmo das músicas da gurizada chacoalhando os metais do antigo pandeiro. Pelo menos não precisava repartir seu rico dinheirinho com ninguém. Não vou dizer que ele é um homem feliz, mas se vira nos 30. Como os guris do bluegrass. Estes arrancam aplausos e vendem seus CDs. É o que a casa oferece. Por este lado, não estão em… esquece.

    A MÁXIMA DE CAUBY

    Eu gostava do Cauby Peixoto. Não só pelas músicas que cantava mas porque nunca dizia a palavra NÃO quando conversava – nas músicas são outros quinhentos. Dava voltas no vocabulário para substituir a expressão. Eu o conheci no tempo das vacas magras, nos anos 1960, quando aceitou ser solista de um inexpressivo bloco de carnaval de Porto Alegre. Se não era feliz, fingia muito bem. Pouco tempo depois, tudo melhorou, tornou a fazer sucesso e ganhou dinheiro de novo.

    ESTOU PORRR AQUI

    Como dizia Seu Peru da Escolinha do Professor Raimundo. Quando o mundo de Chico Anysio desapareceu e o de Jô Soares trocou de ramo, o humor brasileiro – agora sim – entrou numa crise medonha, da qual nunca mais se recuperou. A não ser o humor que a gurizada curte.

    UTILIDADE PÚBLICA

    A carteira recomendada da Banrisul Corretora já acumula ganho de 30,98% em 2019. É uma sugestão de alocação de ativos, elaborada por analistas de valores mobiliários, que tem por finalidade auxiliar os clientes servindo como referência para seus investimentos em renda variável. No mês de maio, a rentabilidade da carteira foi de 4,98%.

    Começa a circular mais uma edição da revista PRESS AGROBUSINESS, que traz como matéria de capa o lançamento do Plano Safra 2019/2020, que pela primeira vez unifica o crédito para os grandes produtores rurais e para a agricultura familiar, num total de R$ 225 bilhões.

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  • O Brasil só vai sair do atoleiro quando aceitar que existe realidade.

    • Professor Richard Moneygrand •

  • Eu, robô

    Publicado por: • 3 jul • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Houve um tempo em que se duvidava que uma Inteligência Artificial digna desse nome efetivamente pudesse ser realidade. O filme Eu, Robô, foi uma boa sacada – de ficção. Já temos máquinas programadas para pensar, mas ainda são máquinas burras. Pega-se um algoritmo e enfia na cabeça de uma lata cheia de fios, circuitos e mais sei lá o que, e voilà, temos um ser programado para executar tarefas até bem complexas.

    Imagem: Freepik

    EU, BURRO

    Mas continua sendo uma lata burra. Aquela coisa de ficção, de máquinas que ganham vida e normalmente destroem quem lhe deu o sopro divino começou com Frankenstein. O cadáver-que-caminha-e-fala de Mary Shelley não foi adiante por causa da fedentina, acho. Imagina um cadáver caminhante dentro do seu guarda-roupa. Sim, o formol faz maravilhas, mas com pessoas vivas além das mortas. Só eu conheço dezenas de formolizados que vivem, caminham, falam e comem.

    EU, ETERNO

    Como extensão da cultura frankensteiniana, o que está em jogo é a ressurreição, mas não só ela. O que se procura é a imortalidade. Tudo se resume à busca da imortalidade. Desde sempre a humanidade a tentou e sempre deu com os burros n’água. Mas o fascínio permanece. Ou por que vocês acham que os faraós e suas múmias atraem leitores/espectadores/telespectadores até hoje? Por causa da vida eterna, ora. Até o pessoal das vilas quer uma outra vida por miserável que seja.

    EU, BOATO

    Dá-se o mesmo com boatos. Quando eles são submetidos a uma dieta de todinhos e vitaminas adquirem vida e passam da condição de inverdades fofocalhadas para verdades verdadeiras. A nossa história está cheia de casos, e eu conheço centenas de boatos que viraram verdades. Não confundir com lendas urbanas, que são uma espécie de reencarnação parcial e mentirosa de fatos reais acontecidos em algum lugar do mundo e da história. Os gregos, sempre eles, mais Shakespeare e o Antigo Testamento mapearam a condição humana, suas ações e reações.

    EU, VERDADE

    Na política brasileira isso é muito comum. Todos sabem de histórias em que um fulano de tal é tão citado pela imprensa que impregna até quem os nomeia para cargos mais elevados. Ministro, então, houve dezenas que passaram de azarões para cerejas do bolo em algum posto do governo.

    EU, SÃO TOMÉ

    O noticiário está cheio de boatos com perninhas que os transformam em verdade. O difícil é saber qual o potencial de uma marcação cerrada para que o bichinho crie pernas e se torne real. Leio há semanas que o ministro Chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni está rifado. Nesta sexta-feira ele vem palestrar no almoço do Brasil de Ideias da Revista Voto. Vai ser no British Club e lá estarei. Como o conheço, vou averiguar se ele é isso tudo que o Bolsonaro não gosta ou se tem pirão debaixo dessa carne.

    PARÁGRAFO PRIMEIRO

    Caso o ministro Onix deixe de ser ministro até sexta-feira, será um caso raro em que boato e verdade nasceram do mesmo ventre. Então alguma coisa deu errado.

    TESTE DA FAMA

    Você aí que se julga famoso, porque ocupou algum cargo de relevância pública, privada, artística ou social, sabe como se faz a prova dos nove? Eu ensino, mas só desta vez. Funciona melhor quando existe um nome ou sobrenome não-brasileiro: se ao digitar o nome da figura em questão com erro no sobrenome o corretor não der bola sinto muito, você é aspirante a famoso. Mas se o corretor oferecer a opção correta, aí sim, você é famoso pra caramba.

    PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA

    Diante das altas taxas de incidência de abusos contra crianças e adolescentes, a Prefeitura e a Câmara Municipal de Canoas, por meio da Escola do Legislativo Dr. Marcos Ronchetti, realizam na próxima quarta-feira, 3 de julho, a primeira edição do Workshop de Combate e Prevenção à Violência contra Crianças e Adolescentes de Canoas. O evento acontece, às 13h30, no Ginásio da EMEF Thiago Würth, no bairro Mathias Velho.

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  • Cure o passado, viva o presente, sonhe o futuro.

    • Provérbio irlandês •

  • Manoel dos 30

    Publicado por: • 2 jul • Publicado em: A Vida como ela foi

    Se existiu um sujeito que se virava nos 30 era o Manoel Nascimento, 71, falecido domingo. Era uma figura conhecida no Centro de Porto Alegre desde o início dos anos 1970. Como podem ver pela foto, Manoel nasceu sem braços, mas nem por isso desistiu. Começou a vender bilhetes da Loteria Federal e depois as loterias da Caixa.

    Fiz uma nota com foto dele na página 3 do Jornal do Comércio de Porto Alegre dia 29 de março, mostrando que ele era um exemplo para muita gente que desiste da vida mesmo sem nenhum problema físico. Agora imaginem a dificuldade que o Manoel tinha na administração do dia a dia, desde se vestir, comer e beber e outras atividades corriqueiras – para nós.

    Manoel, escrevi, foi à luta, se virou nos 30. E sempre com um sorriso, como se observa na foto. Nunca desanimou e nem maldisse a vida que o fez nascer assim. Suas camisas tinham dois bolsos. Em um, guardava o dinheiro e troco para quem escolhia os jogos da Caixa, que ficavam no outro bolso. No dia em que o fotografei, perguntei se ele alguma vez foi passado para trás.

    – Não que me lembre – falou.

    Gente como o Manoel sempre me comove. Em vez de ficar choramingando nas calçadas, arregaçam as mangas. Vale para todos os portadores de alguma deficiência, incluindo os que praticam esportes. É gente fora do comum, pontos fora da curva.

    Meus respeitos, seu Manoel.

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