• Breve história do espanto

    Publicado por: • 13 dez • Publicado em: A Vida como ela foi

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    Até quase o final dos anos 1960, o linotipo era o coração da oficina de um jornal. Era uma máquina de escrever gigante que se alimentava de chumbo derretido, por ser este um metal com ponto de fusão muito baixa em relação a outros metais. Ao bater nas teclas, formava letras e números em sequência que depois eram alinhas em caixilhos de madeira para posterior impressão. Foi inventada em 1884 por um alemão chamado Ottmar Berghental (os alemães, sempre eles…). Foi uma revolução gráfica.

    Cheguei a “datilografar” matérias curtas nas máquinas linotipo quando era repórter policial da madrugada, na Zero Hora de 1968. Quase sempre quando acontecia algum crime no momento em que o jornal começava a ser impresso – a redação era na Sete de Setembro, e as oficinas na Luiz Afonso, Cidade Baixa.

    Quando aspirados, e não tinha como evitar a não ser com máscaras, os vapores do chumbo causavam uma doença chamada saturnismo, que entupia articulações, artérias e outros delicados mecanismos do corpo humano. Levava à morte no longo prazo.

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    Para os mais novos, acostumados com o QR CODE, este sistema não parece ser tão espantoso assim. Já nem falo em 1968, mas se nos anos 1980 alguém mostrasse um simples cartão de papelão bem fino com hieróglifos incompreensíveis e dissesse que um processo chamado escaneamento abriria automaticamente 50 ou 100 ou mais páginas de um documento, bem, seria levado para um psiquiatra. Aqui. Se fosse nos Estados Unidos ou na Europa, seria contratado por alguma empresa, para que ele mostrasse como é que se faz o furo da bala.

    Mas tem uma coisa. No tempo da linotipo, o sistema não caía. O sistema éramos nós.

    Foto: Osni Machado

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  • Teoria geral do toco

    Publicado por: • 13 dez • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    No jargão jornalístico, toco é brinde ou presente que jornalistas recebem de pessoas físicas e jurídicas no final do ano. É malvisto principalmente por quem não o recebe.

    Podem ser coisas simples e úteis, como agendas, ou alguma bugiganga eletrônica como periféricos de computador ou de smartphone, objetos de decoração, ou presentes mais valiosos, como vinhos finos, espumantes e até cestas de Natal. Feita essa introdução preparem-se porque vou chutar o pau da barraca do jornalisticamente correto.

    O TOCO COMO JABÁ

    Chega a um ponto em que o presente é tão valioso que sugere algum favor prestado pelo jornalista que o recebe, editor ou da senzala. Os caras que moram na casa grande também os recebem, mas os simples mortais da redação nem têm ideia do que rola. Pode até ser uma viagem para Paris com estada paga no carésimo hotel Georges V. Dizem que a diária é tão cara que quase se equivale à dos hotéis de Gramado. Há jornais que proíbem seus jornalistas de receber toco nas redações. Mas sempre tem a entrega em casa, não é mesmo?

    TERMÔMETRO DA ECONOMIA

    E agora ao ponto. Há vários indicadores ou termômetros que medem o avanço ou recuo da economia. O aumento das embalagens de papelão é um bom indicador e o número de caminhões que passam pelos pedágios. Então eu instituo o toco como termômetro do PIB. Uma breve consulta com coleguinhas mostrou que se 2018 foi horrível, em que até as agendas sumiram, 2019 está sendo bem melhor. Não como nos velhos tempos, quando as operadoras davam celulares de brinde para quase toda a redação.

    RECADO AO GUEDES

    Doutor Paulo Guedes, desculpa a intimidade, mas vou lhe contar o que o senhor já deve saber: o aumento de tocos nas redações confirma que a economia brasileira está melhorando. O toco não mente, ministro. O papelão ou os caminhões podem mentir, mas o toco não. Vai por mim. Se alguém da oposição lhe disser que o crescimento não passa de um voo de galinha, desminta utilizando os números do toco.

    TOCÃO E TOQUINHO

    Mesmo não sendo jornalista, não vai me dizer que o senhor também não ganha toco. Não suborno, que fique bem claro.  Toquinho. Champã, um bom cubano, um Johny Walker rótulo azul, essas coisas que jornalista sabe que existem mas nunca viu de perto. Aberto, pelo menos.

    Multinacional gaúcha

    Depois do Uruguai, a Lojas Renner está abrindo duas lojas em Córdoba, Argentina, e mais duas em Buenos Aires em 2020.  O investimento por loja é de US$ 4 milhões. Esse José Galló é um fenômeno empresarial.

    NO ENCALÇO DAS CLIENTES

    Vejo a antiga marca gaúcha seguindo os passos – ou criando os seus – de uma Zara, uma C&A, ajustando-se ao consumidor dos países onde operam. Por falar em Zara, sempre estranhei como essa rede espanhola não faz campanhas publicitárias nem mesmo em datas temáticas, como Natal e tem um público cativo (feminino).

    O FURO DA BALA

    Como tudo é natural inclusive o sobrenatural, como poetava Mário Quintana, fui à caça e descobri o segredo de Polichinelo. Ela lança não apenas duas ou quatro coleções por ano como quase todas as operações voltadas às mulheres, mas seis e, às vezes, mais. Ninguém resiste a um biquíni novo.

    O CASAMENTO DA SIMONE

    casamento Simone Leite

    Em cerimônia discreta, com a presença apenas das famílias e de alguns amigos, Simone Leite, presidente da Federasul, casou-se recentemente com o produtor rural Rodrigo Sousa Costa, ex-presidente da Associação Rural de Pelotas. O casório aconteceu na Vila Olinda, Nova Petrópolis. Flávio Mansur, colunista social do Diário Popular de Pelotas, descreveu o vestido de Simone como um modelo “da linha romântica, com cauda e véu curto“.

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  • A amizade que acaba nunca começou.

     

    • Publio Siro, escritor romano •

  • O Brasil que dá certo

    Publicado por: • 13 dez • Publicado em: O Brasil que funciona

    PARCEIRA do BRDE desde 1993, a Dália Alimentos inaugura o Complexo Avícola, em Arroio do Meio, na tarde desta sexta-feira (13). O projeto é um dos pilares do Programa Frango de Corte, que abrange a produção de frangos através de integração vertical avícola, a industrialização de produtos agropecuários de aves e derivados e a produção de rações animais.

    O BRDE participa do empreendimento financiando as etapas de industrialização, que incluem a construção do frigorífico de abate de aves, da fábrica de farinhas e de óleo animal e da fábrica de rações. O valor total repassado para a Dália é de aproximadamente R$ 140 milhões, entre investimento e capital de giro.

    O frigorífico, com capacidade inicial de abate para 55 mil aves/dia, demandará em torno de 350 postos de trabalho. A planta industrial tem 18 mil metros quadrados de área construída e está localizada na comunidade de Palmas, às margens da ERS-130, no município de Arroio do Meio. O primeiro abate está agendado para o dia 27 de janeiro de 2020.

    A cooperativa atua em 132 municípios do estado do Rio Grande do Sul, onde residem as 3.154 famílias associadas e os 2.160 funcionários que a integram.

     

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  • As boas maneiras

    Publicado por: • 12 dez • Publicado em: A Vida como ela foi

    etiqueta a linguagem dos taheres no prato

    O advogado e amigo Antônio Carlos Côrtes enviou essa ilustração sobre variações em torno do mesmo prato. A etiqueta manda cruzar os talheres quando se está satisfeito, mas o povo, mesmo o que mora mais alto, não obedece mais essas regras como antigamente. Para piorar, quando existe entrada, as facas e garfos são menores que os utilizados no prato principal. Em teoria, acabou a entrada, o cara da bandeja leva prato e talheres.

    Só que não. Provavelmente para diminuir o custo da cozinha, muitas vezes, os talheres da entrada e do prato principal são os mesmos. O que ainda resta das regras do bem comer e como se comportar em público, essas coisas, estão desparecendo.  O mundo começou a ir para o brejo mais ou menos na virada dos anos 1960 para 1970. E com ele, a etiqueta. As mulheres, principalmente, eram educadas rigidamente sobre comportamento em público, desde a postura até uso de talheres passando pelo caminhar. Lembram dos professores gritando para os meninos “barriga para dentro e peito para fora”?

    Em Porto Alegre, havia cursos de etiqueta, e até empresas que franqueavam estes ensinamentos, como a Socila. Quem era famosa em dar aulas para debutantes era a jornalista Célia Ribeiro, e ensinava bem. No Interior, era comum as costureiras que faziam vestidos de noivas complementarem renda com aulas de etiqueta.

    A questão é outra, o furo é mais embaixo. Aprendia-se boas maneiras em casa e isso desapareceu. Você reconhece uma pessoa bem-educada pelo jeito com que ela se porta na mesa. Não precisa necessariamente usar o garfo na mão esquerda. O que interessa á a curta viagem entre o prato e a boca e o mastigar discretamente, principalmente não conversando ao mesmo tempo.

    Para muitas pessoas, não adiante ensinar etiqueta por anos. Isso você tem dentro de si, mesmo em estado latente, ou não tem.

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