As sobrinhas da tia

7 set • A Vida como ela foiNenhum comentário em As sobrinhas da tia

Visitantes do interior que vieram para a recente Expointer perguntavam onde estavam as sobrinhas da tia Carmen, aquele casarão na rua Olavo Bilac, em Porto Alegre. Vem gente do interior ou de outros estados, acostumados que estavam com as gurias de vida airosa.

Antes da tia, o abastecimento das moças vinha de casas como a Gruta Azul, e, em décadas anteriores, da boate Mônica. Expositores e turistas a negócio ou a lazer obedeciam ao Princípío de Maomé, que se não fosse à montanha, a montanha viria a ele.

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Para ganhar comissão, elas davam um cartão da boate. Quem fosse em casa e o mostrasse, era recompensada. Valia também para o taxista. 

Aos poucos, esse sistema foi deixando de ser eficiente, e em parte por causa da concorrência de autônomas, digamos assim. Não tinha que dar dinheiro para a casa e atravessando a BR-116 havia motéis à reveria. Tudo muito prático.

Como diziam os reclames dos anos 1960, direto do produtor ao consumidor. Só faltava o resto do slogan, “satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”.  Para usar um termo novo, esse ramo de comércio não tem 0800 e muito menos o “fale conosco”, a não ser para marcar novo dia, hora e local. 

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A concorrência avulsa acontecia com a entrega discreta de um cartão de visitas com as informações-chave, nome (de guerra) e telefone. O resto se conversava, inclusive os honorários.

Passados alguns anos, veio a internet, e tudo nesse mundo ficou de cabeça para baixo, inclusive literalmente. Para as acompanhantes, era muita mão de obra ir para a feira.

Ocorre que esse serviço, que não é regulamentado, necessita de criatividade. Novamente, se Moisés não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. 

Um dos sistemas usados é se aproximar de alguém importante, pessoa pública ou ainda com jeito de conta corrente bem fornida e pedir para tirar um selfie. Algumas têm cara de inocência. Outras se vestem como as colegas norte-americanas, com botinhas com franjas, blusa de couro e chapéu de vaqueiro. Para lograr êxito, um bom par de seios quase vazando silicone é quase condição sine qua non. Como diz o samba cantado pelos Demônios da Garoa, é o progressio que vem.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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