Adiós, pampa mia
Como no tango, o engraxate Paulo da Praça da Alfândega já viveu melhores tempos. Com o advento do tênis e sapatênis e um certo relaxamento ao dar aos pés um abrigo mais elegante, além do ficar em casa, os engraxates viram seu faturamento minguar e até desaparecer. Foi-se o tempo do capricho da cabeça aos pés.
Sapatênis têm essa vantagem, não precisam ser engraxados e, quando acabam, vão para o lixo. Então sapateiros também foram afetados. Sapato de couro pode sofrer transplante de sola e meia sola. Outro dia, um amigo que a sorte não esqueceu mostrou seu sapatênis de R$ 1 mil.
– São eternos – falou, triunfante.
– O chulé também – respondi.
Tudo que não acaba tem custo não detectado.