A dança da solidão

9 jul • A Vida como ela foiNenhum comentário em A dança da solidão

Na Rua Marechal Floriano, pouco acima da Riachuelo, em frente ao que hoje é um Zaffari, havia uma danceteria inocente chamada Gato Preto, na primeira metade dos anos 1960. O luminoso retangular em preto e branco mostrava um bichano piscando um olho. Não se tratava de um território de caça, pelo menos não como os conhecemos.

Era uma casa com assoalho de madeira à guisa de pista de dança, mas dança com maior respeito. Nada de bolinadas, amassos, muito menos beijos. Dança de salão ao som de boleros e música romântica. As mulheres e homens geralmente eram do interior, dois perdidos na noite suja da cidade grande à cata de um antídoto para a solidão.

Em comum tinham a tragédia da timidez. Sentados nas mesas, os rapazes procuravam olhos neles focados, e elas se faziam de difíceis para deixar claro que não eram mulheres fáceis, emitindo códigos de retribuição quase imperceptíveis.

Na maioria dos casos, dava empate.  Dois bicudos não se beijam.

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Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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