Sem novidades no front

9 jul • NotasNenhum comentário em Sem novidades no front

É o título de um livro do alemão Erich Maria Remarque, retratando a visita de um soldado alemão à sua família, em breve folga das trincheiras da I Guerra Mundial, depois levado ao cinema sem o mesmo brilho. Como quase sempre. É um drama pungente que me marcou fundo quando o li, aos 15 anos.

https://cnabrasil.org.br/senar

A guerra, qualquer guerra, é uma tragédia pessoal e coletiva. Hoje, o cinema romantiza a carnificina. Tudo em câmera lenta, com sangue de mentira como se fosse uma poesia que brutos amam. É verdade que existem excelentes filmes e séries contando verdades esquecidas e enterradas, inclusive sobre a guerra subterrânea, da espionagem e contraespionagem, alguns desmistificando falsos heroísmo e revelando outros verdadeiros.

https://mla.bs/f633fc52

A guerra é um paradoxo. Apesar de ser fábrica de mortos, acelera a tecnologia e a medicina para prolongar a vida. Mata-se para viver.

O fascínio da morte

Passados mais de 70 anos, livros,  filmes e teses são onipresentes até hoje. A morte fascina, assim como a história. Ninguém faz um filme ou escreve um livro sobre a paz.

A verdade é que gostamos de ver as máquinas de guerra em ação. As mortes são detalhes, comprovantes de eficiência das primeiras.

Já o front brasileiro…

Segue igual. Governo contra opositores, muita fumaça e canhoneio a torto e a direita. O futuro do Brasil vai até as eleições de 2022. No curto prazo, o fim da CPI. A expectativa e que fato ou factoide vai sucedê-la. A imprensa em geral se alimenta de sangue. A normalidade não lhe interessa.

O Monstro do Parque

Já contei aqui a história do Monstro do Parque. Em fins de 1969, a Polícia fez uma ofensiva e prendeu todos os criminosos mais procurados. Daí que não havia mais assunto. Eu era repórter da noite/madrugada de Zero Hora. O chefe da reportagem policial, Vilmo Medeiros, nos reuniu para avaliar a difícil situação. Quem de nós saberia de um criminoso, mesmo chinelão?

Alguém lembrou que havia queixa de um estupro no Parque da Redenção, atacou de madrugada. Uma testemunha, uma biscateira, contou que o autor tinha uma longa cicatriz no rosto. Pronto, surgiu o Monstro do Parque, ao qual foram atribuídos todos os crimes da cidade, de assaltos a estupros.

Saí da Zero Hora em seguida, mas acompanhava as peripécias de um criminoso que, a rigor, nem existia. Os jornais estampavam retratos falados do cara, e, por volta de 1974, prenderam o Monstro do Parque, lalau chinelão que calhou ser parecido com o retrato falado.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

FacebookTwitter

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

« »