A cruz de Creso

23 jul • A Vida como ela foiNenhum comentário em A cruz de Creso

 Um dos menores, mas melhores, bar-chopes de Porto Alegre foi o Bob”s, na rua Cristóvão Colombo, 36, pertinho da Barros Cassal. Seu Roberto e esposa conseguiram a proeza de me fazer gostar de croquete de peixe, que normalmente eu não comia. Tinha a crosta crocante e se fazia acompanhar de um molho remolado de comer ajoelhado, outro complemento que eu não fazia questão – mas não esse do Bob’s.

O bar tinha sete ou oito ou mesas e uma massa de adoradores da comidinha do seu Roberto. Uma torrada de três camadas e um filé alto com guarnição limitada completavam o cardápio, além do indefectível sanduíche aberto de todos os bar-chopes de Porto Alegre dos anos 1960 e 1970.

O garçom chamava-se Creso, que completava a renda vendendo perfumes, isqueiros e estojos de maquiagem, estes conhecidos como o presente do remorso. Certa vez, parodiei a música Negrinho do Pastoreio, exemplar peça composta pelo meu amigo Barbosa Lessa, um dos maiores folcloristas do Rio Grande do Sul. Substituí a parte “Credo em Cruz Ave Maria” por “Creso em Cruz Ave Maria”. Dali em diante o Creso nunca mais me vendeu fiado.

Eu e minha boca grande.

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Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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