A caipirinha do Índio
Freguês diário do Restaurante Dona Maria, no Centro Histórico de Porto Alegre, o Índio abria os trabalhos antes do almoço pedindo uma caipirinha de cachaça no capricho. Era um pedido tão rotineiro que a bebida era preparada assim que ele assomava na porta do restaurante.
Pois, certo dia, ele entrou numa fria sem saber que era fria. Vamos aos fatos. Assim que o copo chegou na sua mesa, perto da copa e do caixa, nosso amigo deu uma boa talagada.
– Êta que tá boa essa caipa – falou.
Dois ou três goles depois, até se notava uma alteração na voz, certamente causada pelo álcool. Só que não.
Quando estava quase no fim, chegou um esbaforido garçom com outra caipira na bandeja.
– Seu Índio, mil desculpas! É que meu colega, que é novo na casa, pensou que era cachaça a água que estava na garrafa de Três Fazendas, a água especial do seu Ernesto.
Seu Ernesto era o dono do estabelecimento. E o outro até a tonturinha sentiu com água. Nunca subestime o efeito de um placebo.