Quando a poeira baixar

29 mar • NotasNenhum comentário em Quando a poeira baixar

E se a poeira baixar,  a mídia voltará a garimpar notícias e coberturas deixadas de lado porque a ideia fixa e assestar os binóculos na pandemia e no seu agente. Saberemos o quão largo foi o buraco aberto com a ausência da visão periférica,  quantos e quantos assuntos mudaram a vida do mundo e deles não tivemos conhecimento.

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Encalhado

Um dos maiores navios porta-contêineres encalhou no estratégico Canal de Suez, no Egito, e até ontem não conseguiram movê-lo. É um monstro de 400 metros de comprimento que leva 18,3 mil desses caixotes abarrotados de produtos de consumo, o que é  bronca mínima perto da enorme fila de navios igualmente abarrotados.

A fila não anda

Seria manchete não fosse outra a prioridade das redações. Seriam capa outros assuntos de igual ou maior importância. É doloroso constatar que, mesmo se a peste der uma folga, as subnutridas redações vão ter que fazer diariamente escolhas de Sofia, porque são muitos os temas e poucos são os repórteres. Vivemos um buraco negro de informações.

O buraco da esquina

É até engraçado. Quando o jornalismo gaúcho se ocupava mais com o exterior, nós resumíamos a ópera dizendo “tudo sobre a China, nada sobre a esquina”.  Sou um exemplo vivo disso. Quando voltei a ser colunista, no Jornal do Comércio, retomei meu lugar ao sol falando exatamente da esquina e seus buracos. Canta tua aldeia e cantará o mundo blá blá blá.

Enquanto isso, no front…

Otto Lara Resende escreveu nos anos 1960 que mineiro só era solidário no câncer. No Brasil de hoje nem na peste os especialistas são sólidários entre si. O Butantã quer fabricar sua própria vacina e o essencial IFA e o que vem à lume? Críticas acerbas à Butatanvac. Logo ele que produz vacinas há quase um século.

A noite dos mortos vivos

R450804b14fe167e4b6202ac1f41c0594Lembro de uma cena desse filme de George Romero, em que o comentarista de TV se enleia progressivamente com os fios dos microfones até ficar atado e depois comido pelos zumbis. Alegoria perfeita.

Quer dizer que temos que ficar eternamente atrelados e dependentes dos laboratórios internacionais? E o fornecimento do insumo farmacêutico ativo ter a que ser sempre importado da China? Estranho não desejar avanço da tecnologia brasileira. Cheira até a interesses outros…

O novo deus da aldeia

Agora que o The New York Times esculhambou com o sistema de saúde gaúcho e de porto-alegrense, os aldeões se prostrarão no altar NYT gritando ” bwana, bwana”, como nos livros de Tarzan dos Macacos escritos por Edgar Rice Burroughs.

Samba enredo 2021

O prefeito mandou abrir
A Justiça mandou fechar
O povo que estava a sorrir
Logo se pôs a chorar

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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