Um montão que mata

11 nov • NotasNenhum comentário em Um montão que mata

Uma forma original de explicar o que venha a ser um micróbio foi de um colega de colégio, quando ainda se chamava de curso ginasial. Instado pelo professor a dizer de forma sucinta o que era micróbio, o aluno com poucas luzes e muita criatividade assim respondeu.   

– Micróbio é um bichinho tão pequenino que um montão de assim a gente não enxerga. 

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A definição foi auxiliada com o braço levantado na altura levantado na altura da barriga. Achei graça e achei que resumia bem o conceito. Mas o  professor não.  

Com o passar dos anos, convenci-me, cada vez mais, que o colega explicou o micróbio e outros seres microscópicos, como o vírus, para gente sem instrução como nenhum doutor seria capaz de descrever. Pois a imagem do “montão assim” pode ser usada para outras figurinhas que são o flagelo da Humanidade. Dependemos da nossa imunidade e da medicina para controlá-los, mas ao fim e aí cabo eles sempre vencem a guerra se algo não nos matar antes.

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O coronavírus e familiares causaram uma devastação no planeta inteiro, e a única forma de controle são as vacinas. Mas, mesmo assim, a muralha da imunidade tem rombos nada desprezíveis. Isso todos sabemos. Mas o vírus não se limitou a matar pessoas, devastou a economia até hoje.

Empregos foram ceifadas, a roda da economia travou e teve que ser empurrada artificialmente para pegar no tranco.  E assim vamos de um solavanco para outro nessa longa estrada que falta muito para terminar.
Tudo por causa de um montão assim que não se enxerga.

A evolução do sanduíche

Porto Alegre é a cidade onde mais se come sanduíche de picles, salvo honrosas exceções. Você pede um sanduíche aberto e lá vem aquela pomposidade toda quase da altura de um prédio.

Primeiro você tira a azeitona, depois a cenoura em conserva – depois o pepino, o tomate, cebola em conserva e, finalmente, uma fatia de queijo (de soja) e uma camada de presunto tão fina que nem dá pra ver eclipse do sol. Em resumo, tirando esse entulho autoritário é sanduiche de pão.

O triste fim de um baixinho

Eu moro – morava – na parte baixa das Montanhas Rochosas, EUA. Tenho muito medo de cobras, por isso nunca saio das trilhas, porque a cascavel daquela região, a crotalis atrox, é particularmente perigosa. Já perdi amigos e parentes por causa dessa bandida, cujo veneno miotóxico paralisa a vítima em poucos segundos.  

Nada de aviso via chocalho. Ela pica silenciosamente. Por isso mesmo me cuido muito nas trilhas, porque minha visão não é boa. A cascavel tem sensores de calor, infravermelho, sua língua bipartida capta moléculas de qualquer ser vivo. Então ela espera os sinais e ataca. Eu já tinha percorrido metade da trilha rumo à minha casa, o medo ia desaparecendo, então afrouxei a guarda.

De repente, vi um vulto crescendo, senti uma picada dolorosa e, em seguida, meus músculos ficaram paralisados. Eu estava começando a morrer.  Pouco depois uma grande boca veio em minha direção, e antes de tudo ficar escuro, pensei que, para pequenos roedores das Montanhas Rochosas como eu, definitivamente a vida não é justa. Tive inveja dos humanos.


Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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