A Lei da Retroatividade

20 out • NotasNenhum comentário em A Lei da Retroatividade

O Brasil tem uma estranha atração por este diploma legal que, na realidade, não existe, mas é aplicada como se fosse. A maioria das reivindicações trabalhistas tem essa exigência, por exemplo.

Mesmo no noticiário jornalístico se cultiva a retroatividade econômica como se fosse o dia em que o jornal rodou. Dados da economia do segundo trimestre são vistos como sendo o terceiro. E projeta-se o crescimento anual em cima de períodos em que a sorte sorriu, mesmo sabendo que o panorama visto da ponte para o quarto trimestre mostra mais espinhos que flores.

Agora mesmo, a Confederação Nacional da Indústria mostra que o consumo não acompanha a produção do setor. Ainda acho que temos uma segunda lei, a Lei Me Engana que Eu Gosto.

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Sem falar no quadro da guerra e suas consequências. A exemplo do preço do petróleo, fretes marítimos em alta, devido não só ao custo maior de combustível, mas também ao aumento dos prêmios de seguros. Imagina quanto custa um superpetroleiro que leva o petróleo do Oriente Médio para países consumidores.

Até mesmo na política o Brasil gosta de ser retroativo. Governadores e senadores que voltam à política concorrem a vereador ou deputado estadual.

https://cnabrasil.org.br/senar

Também no campo da cirurgia plástica essa condição se faz presente. Por exemplo, senhoras (e senhores) idosos fazem cirurgias que buscam a mocidade em toda extensão de pele esticada.

No meu humilde entender, operação plástica perfeita é aquela em que se olha para quem fez uma para surgir a pergunta “Você está diferente, o que houve?” Palmas para o doutor.

Um dos sinais que o fim está próximo é plásticas em que se engrossam os lábios de tal forma que a sujeita caiu da cobertura do prédio e deu de cara no chão. Em outras, a pele fica tão esticada que, ao abrir um sorriso sentada no sofá, a pessoa estica uma das pernas.

Azar de quem estiver no raio de ação dela. Não só não querem morrer, mas se isso acontecer, querem morrer com 20 anos de idade.

Lembrei de uma história do doutor Roberto Marinho, fundador da Globo. Abria as reuniões com seus executivos com a frase “Se um dia eu vier a morrer…”

Elevador

O brasileiro, no terceiro andar de um edifício, chama o elevador e a porta se abre quase instantaneamente. Aí ele pergunta às pessoas que estão dentro:

– Está descendo?

Todos respondem:

– Não.

E o brasileiro pergunta

– Está subindo?

Todos respondem

– Não.

E o brasileiro, já todo afobado:

– Está o quê?

Todos respondem

– Está parado…

A vida segundo um Príncipe

A vida do padre cearense Antonio Thomaz (1868-1941) nunca foi fácil. Até a própria Igreja não gostava dele devido às suas poesias e sonetos que contemplavam a vida de gente simples, palhaços, prostitutas.

Morreu amargurado e pediu ao povo cearense que nunca reunisse suas obras em formato de livro, no que foi obedecido. Ficou conhecido como o Príncipe dos Poetas Cearenses, e um dos motivos está nesse admirável soneto abaixo.

CONTRASTE

“Quando partimos no verdor dos anos
Da vida pela estrada florescente,
As esperanças vão conosco à frente, 
E vão ficando atrás os desenganos.

Rindo e cantando, céleres, ufanos,
Vamos marchando descuidosamente;
Eis que chega a velhice, de repente,
Desfazendo ilusões, matando enganos.

Então, nós enxergamos claramente
Como a existência é rápida e falaz,
E vemos que sucede, exatamente,

O contrário dos tempos de rapaz:
Os desenganos vão conosco à frente,
E as esperanças vão ficando atrás!”

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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