Regras são regras
O alegretense Luiz Odilon colecionou uma série de causos sobre o universo de toda aquela região, incluindo as ferrovias gaúchas. Até meados dos anos 1960, o Rio Grande do Sul também tinha uma estatal, a Viação Férrea do RGS (VFRGS), que utilizava, nos anos 50, o Trem Minuano com os mundialmente famosos e luxuosos vagões Pullman.
Uma linha saia de Porto Alegre, passava por São Leopoldo, Capela de Santana, Montenegro e depois se ia pra Caxias. Foi para o espaço por causa da tola opção pelo rodoviarismo sem rodovias.
Anos depois, a empresa gaúcha foi absorvida pela Rede Ferroviária Federal (RFF), já marcada para morrer e depois ser privatizada. O canto de cisne foi o Trem Húngaro, nos anos 1980, ligando a Capital com Uruguaiana. Um luxo, com seus janelões que partiam do chão, bar, ar condicionado e até a versão ferroviária das aeromoças, as ferromoças.
Quando Jânio Quadros foi eleito presidente da República, em 1961, tratou de moralizar (segundo seu conceito) o serviços públicos, proibiu as minissaias e queria que todos usassem um terninho cáqui safári, que ele mesmo usava todo santo dia. Agora entra a narrativa de Luiz Odilon:
“Certo dia, fui à estação ferroviária de Alegrete às quatro da tarde, horário do “passageiro”, trem de transporte de viajantes. O dia estava muito quente, mas para surpresa minha o funcionário da estação trajava, além do uniforme com quepe, um sobretudo de lã, e suava bastante. Vendo aquilo e achando muito estranha a sua indumentária, sendo ele meu amigo, indaguei-lhe:
-Mas tchê, tu não está com calor?
-Mas bah, respondeu. – Estou pegando fogo, mas olha só a ordem de serviço que recebi.
Passou-me um papel timbrado da empresa, o qual trazia drástica ordem de serviço, determinando entre muitas outras coisas que:
“Os funcionários devem usar uniforme completo, sobretudo na hora do trem de passageiros”.