Tudo sobre a China, nada sobre a esquina

4 mar • NotasNenhum comentário em Tudo sobre a China, nada sobre a esquina

Do ponto de vista de vida “normal” e da cobertura jornalística do dia a dia, o jornalismo está descuidado da vizinhança. Afora a cobertura da guerra e suas circunstâncias e desdobramentos econômico-financeiros, sobra muito pouco. A Editoria Geral, como nós chamamos, está morta ou parece estar. As editorias focadas em segmentos como cultura e noticiário policial ainda têm material. Mas isso não enche jornal.

https://www.banrisul.com.br/bob/link/bobw02hn_conteudo_detalhe2.aspx?secao_id=3503&utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=blog&utm_campaign=credito_universitario&utm_content=escala_600x90px

Até mesmo o noticiário político está esvaziado. Incrível, até Bolsonaro está quieto, enquanto Lula fala sozinho.

No entanto, tirando os que estão grudados na TV, a vida continua. Pessoas pegam ônibus, bebem café (ou cerveja…) comem lanches, cortam o cabelo e fazem compras indispensáveis. Fala-se pouco sobre a guerra nas ruas, como publiquei ontem.

Pois é neste ponto que o jornalismo está falhando, e falhando feio. Enquanto sobram matérias relatando o sofrimento das pessoas na Ucrânia, faltam matérias sobre o nosso povão, que pode não estar levando chumbo russo, mas também tem seus sofrimentos. E aí está a falha nossa. O que pensa o povo da vila, do entorno do Mercado Público sobre a guerra?

https://cnabrasil.org.br/senar

De novo vem a velha história “tudo sobre a China, nada sobre a esquina”. Sabemos mais – embora quase zero – sobre Putin do que do vendedor e do cliente do cachorro-quente da esquina. Nem entramos nas igrejas para sentir o clima, o que diz o povo nas paradas de ônibus, e nem sobre a guerra.

É uma lacuna viciante do nosso jornalismo, saber mais como é a mecânica de um tanque russo e saber zero sobre como anda o serviço nas nossas oficinas mecânicas.

História até o sem-teto tem, basta contá-la de forma interessante. Ocorre que desaprendemos a arte de contar histórias. Por isso, os jornais estão tão chatos. Leu um, leu todos. Às vezes, até o horóscopo é mais interessante.

Ofensas possiveis

Joe Biden chamou Vladimir Putin de ditador. O russo já insinuou que o americano está senil. Se essa escalada continuar, poderá e deve enveredar para barraco de Vila.

– Putin, você é beberrão!

– E você não consegue caminhar e mastigar chiclete ao mesmo tempo.

– Sai,  careca, aeroporto de mosquito!

– Melhor ser isso que não ter nada dentro da cabeça.

– Olha o respeito, vou mandar um F35 pra te arrebentar.

– E eu um míssil balístico. Vai botar tua dentadura num copo com âgua, velhote.

– E tu lava essas cuecas borradas!

E assim começou a III Guerra Mundial.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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