Trabalho de formiguinha

25 ago • NotasNenhum comentário em Trabalho de formiguinha

As mais de 12,5 mil espécies de formigas existentes na Terra, há mais de 100 milhões de anos, nem sempre eram pequenas e caminhavam de quatro. No início, elas eram altas, quase do tamanho de um homem atual e caminhavam como nós, eretas.

O problema é que, além das antenas, elas ainda usavam as duas patas para gesticular. Então era uma balbúrdia geral.

Se com dois braços o gesticular sem controle já alvoroça um ambiente, como fazem os italianos, imaginem quatro extensões do corpo “falando” ao mesmo tempo. Sem citar as sapateadas com as patas-pés traseiras.

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O resultado é que a construção dos formigueiros era caótica, eles desabavam com qualquer ventinho, ninguém pegava junto por causa dessa Torre de Babel corporal. E, na hora de colher alimentos, cada um era por si. Que se estrepasse o coletivo.

As rainhas – sim, não só abelhas têm rainhas – começaram a ficar preocupadas. A população diminuía porque, sem alimentos, as formigas morriam de fome, guerreavam umas com as outras e eram promíscuas com outras espécies.

As doenças sexualmente transmissíveis fugiram do controle. Então as rainhas de todas as espécies fizeram uma assembleia-geral extraordinária para definir o futuro.

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Levou tempo, mas elas conseguiram modificar o DNA das súditas. Graças à sua inteligência, passaram a gerar filhos cada vez menores. No entanto, em número cada vez maior. Ao cabo de poucas centenas de milhões de anos, estes insetos diminuíram de tamanho, começaram a caminhar de quatro e deixaram de gesticular porque usavam as mãos como patas.

Como uma espécie entrou com liminar e para ceder um pouco à pressão, elas aprimoraram a função das antenas, que passaram a detectar odores enquanto o ventre das agora quadrúpedes deixavam rastros odoríferos quando caminhavam.

Com isso, deixaram de pensar individualmente, passaram a pensar no coletivo e funcionar como se fossem um corpo só, como hoje, vivendo em frestas ou longe do alcance dos maus humanos. Sem essa competição entre indivíduos, os formigueiros ficaram sólidos, imunes às intempéries. Qualquer estrago era prontamente corrigido pela equipe de Controle de Danos. 

Para evitar que todas as 12,5 mil espécies guerreassem por comida, as rainhas dividiram as espécies entre veganas e carnívoras. E assim viverão felizes para sempre. E herdarão a Terra.

Um, e chega!

Recebi um release de uma editora sugerindo 10 livros para ler antes da prova do Enem. Lembra a história de uma mãe que pediu a uma amiga que presente de aniversário poderia dar para o guri.     

– Dá um livro.     

– Livro não, ele já tem um. 

Chegaremos lá, se é que já não chegamos. 

Concurso de frases cretinas

“Sou daqueles que acreditam que quanto melhor, melhor”.

Ex-senador Álvaro Amorim (PSC-SE)

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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