Todo poder às massas
Presentes em lares e operações gastronômicas, em especial nos bufês self-service, as massas tem 99,6% de penetração no Brasil, mercado que movimenta mais de 1,3 milhão de tonelada por ano, faturamento de R$ 11,2 bilhões. O setor comemora crescimento de 6% em 2020. O mundo sem massa não seria o mesmo.
Certa ocasião, um pecuarista disse que os italianos que eram malandros. A massa em si é sempre a mesma, só mudam o formato e acrescentam molhos e penduricalhos outros, disse ele. Já a carne, queixou-se, é sempre a mesma. Injustiça sua, bradei. Do boi só não se aproveita o berro, e mesmo assim já vi buzina de carro imitando um. Sem falar que depois de tudo ainda sai croquete.
Posso fazer um comercial de grátis? Obrigado. Para este comando que vos escreve e muita gente mais, a melhor casa de massas de Porto Alegre é o Atelier das Massas, na rua Riachuelo perto da Marechal Floriano.
Não esqueça que existem massas com ou sem ovos.
Mais um que se foi
Velho conhecido da cidade o Restaurante Tirol entregou o ponto na rua José de Alencar. Entre os motivos da desistência, o proprietário culpou as altas taxas de aplicativos de delivery, objeto de reclamações de 10 entre 10 comerciantes. Em alguns casos chega à metade do valor do pedido. Há anos que recebo queixas de amigos donos de restaurantes.
A ditadura dos aplicativos
Infelizmente não há o que fazer. Cada um bota o preço que quiser no seu produto ou serviço. A face perversa deste serviço é que a maioria precisa deles, daí as taxas escorchantes. Manda quem pode, obedece quem precisa. É uma face do capitalismo selvagem.
A presença das traíras
Nem a concorrência abalou essa postura. Só um boicote organizado e em massa poderia mexer com essa filosofia. E isso é tão difícil quanto pregar botão com luvas de box. Seria convite aos traíras que furam o esquema.
Cadê a cara dos caras?
Outra perversidade dos aplicativos, incluindo os de transporte é que eles não têm rosto, portanto não têm boca. Só falam, quando falam, pelo Waths ou por email. E poucos dizem que o reclamante tem razão e tomam os devidos providenciamentos, como dizia o Odorico Paraguaçu da novela.
Há horas escrevo que a Lei de Defesa do Consumidor é uma piada. Só funciona como laranja de amostra. E para chegar lá é uma missa. Perde-se tempo, dinheiro e ganha-se cabelos brancos antes do tempo. Ou se os perde.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
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