Tempos molhados
Há exatos 50 anos, os três estados do Sul, especialmente o Rio Grande do Sul, viviam enchentes que deixaram milhares de desabrigados. Como já escrevi, foi a primeira vez que se soube da existência do menino malvado El Niño e de sua irmã, igualmente uma má companhia.
Nestes anos 1980, eu fazia o Informe Especial da Zero Hora, e frequentemente recebia de um leitor previsões de tempo a longo prazo. Se o inverno seria chuvoso, ou o verão mais quente que em anos anteriores, coisas desse tipo.
Dizia que observava o movimento das formigas, direção da fumaça, algo bem natural. Ele se autodenominava previsor caipira, e costumava acertar no atacado. Varejo, tipo chover hoje ou amanhã não era especialidade dele, e nem se arriscava a prever no curto prazo.
Passaram-se os anos e vi no obituário que o previsor havia falecido. E soube como ele acertava.
Ele era operador de telex de uma cooperativa do Interior, e tinha acesso aos dados do satélite meteorológico da Bolsa de Cereais de Chicago. Que fumacinha e formigas a milhão, que nada. Tecnologia pura.