Pensamento do Dias
O que os pardais do trânsito não veem, o bolso não sente.
O bar, restaurante e rotisserie Pelotense tinha esse meio do nome nobre por berço. Nos anos 1950, o estabelecimento da Rua Riachuelo de Porto Alegre era frequentado por cavalheiros de gravata e relógio de bolso. As senhoras sentadas em cadeiras de ferro trabalhado e mesas de mármore usavam chapéu e longos embebidos em perfume francês, eventualmente também com champanhe Veuve Clicqot, que a plebe ignara logo rebatizou de A Viúva.
Passaram-se os anos e os dinheiros e a Pelotense, além de um cardápio apenas razoável, virou palco da fundação do Proálcool, representada pela barulhenta Mesa Um. A roda era formada por advogados, magistrados, jornalistas, engenheiros e outros que tais. No balcão, também de mármore, aperitivava a turma dos Em Pé. Detestavam beber sentados por um motivo ou outro.
Um deles, um senhor rubicundo com jeito de porquinho da Índia anabolizado, bebia o seu martelinho de maracujá com cachaça de um gole só. Fazia glu-glu-glu em três segundos. Ato contínuo, saia do recinto não sem antes se virar para a mesa e rogar uma praga. Em tom profético, com vozeirão que parecia sair do indicador apontado para cada um em rodízio.
– Vais para o São Miguel e Almas, e não demora!
Talvez não tenha registrado a ameaça em cartório, porque foi ele quem subiu primeiro a lomba do cemitério. Alguma comorbidade, talvez. Não recebeu o décimo terceiro naquele ano.
Foto: João Mattos
É conhecido o temor do brasileiro em fazer exames e ir ao médico. A frase que mais se ouve dos recalcitrantes é “quem procura acha”. Então eles não procuram. Tudo piorado pelo fato de estes centros de compra, lazer e gastronomia estarem com boa parte e até a maior parte das lojas fechadas. É um sentimento natural de fuga quando em outros tempos se gostava de gastar dinheiro nestes templos de consumo.
A seleção canarinho que pretende expulsar Bolsonaro do posto número 1 do país, até agora só chutou na trave. Dificilmente sai coelho da Constituição. Afora ser pioneiro em falar palavrões na TV e vê-los publicados na imprensa, o que os transforma em não-palavrões, o presidente não abriu a janela do descuido constitucional. Todos sabem disso, menos os incautos de sempre. Ontem, a bolsa subiu e o dólar caiu porque Seu Mercado chegou à conclusão que ainda não é hora da onça beber água.
Apesar do quadro ligeiramente favorável ao Capitão, há que se considerar que a ofensiva da imprensa e instituições peso-pesado não vai parar. É como cusco latindo nos calcanhares, sem querer me referir a estas instituições, por favor. O que muda é o Capitão se irritar com isso e então partir para ataques escabelados. Deveria seguir a regra de ouro do silêncio quem precisa ser obsequioso. Basta ser silêncio. Mas é mais fácil a Terra parar de girar que Bolsonaro calar.
…País nenhum como este, já escreveu e deu fé nisso outro Olavo, o Bilac. Mal sabia ele que no futuro teria outro significado, bem menos jubiloso. Já a Águia de Haia, Ruy Barbosa de Oliveira, cunhou esta preciosidade:
“O povo não tem representante porque as maiorias partidárias reunidas nas duas casas do Congresso distribuem a seu bel-prazer as cadeiras de uma e de outra casa conforme os interesses das facções a que pertencem.”
O Sebrae RS retomou, nesta segunda-feira, 25 de maio, o atendimento presencial em Porto Alegre, no Espaço de Negócios, Av. Senador Salgado Filho, 135. A Unidade de Gravataí (Av. José Loureiro da Silva, 1819) também voltou a ter atendimento presencial. O horário de funcionamento para os clientes em Porto Alegre e em Gravataí é das 10h às 17h, de segunda a sexta-feira, com orientações nas áreas de finanças, marketing, vendas, pessoas e acesso ao crédito.