• Notas

    Publicado por: • 27 fev • Publicado em: Notas

    Há vagas

    Ano eleitoral, ano de candidato procurar marqueteiros e jornalistas para a campanha. Se existe uma coisa certa em política partidária é que não há um modelo padrão definido. O que funciona para um não vale para outro. Temos exemplos de sobra na questão dos marqueteiros, que são bons para todos que os contrataram.

    A saboneteira

    Antigamente se dizia que “vender” candidato é como vender sabonete, uma espécie de lei única. Não mesmo. Embora uma quantidade apreciável de candidatos sejam sabonetes, se é que me entendem, não é a mesma coisa. Aí vem um paradoxo medonho: se ele for bom mesmo e empiricamente conhecer os segredos do ofício não atenderá os conselhos do contratado. Se for ruim, não há propaganda que venda um mau sabonete.

    Procura-se jornalista

    Quanto a jornalistas que são convidados por candidatos, dou um conselho gratuito e que reputo ser de primeira necessidade. Primeiro, claro, procure saber se o sujeito que quer contratá-lo não está no SPC dos maus pagadores, Segundo passo, pergunte quanto vão pagar pelo período ou pedirão qual o seu preço.

    A fórmula

    Neste último caso, não titubeie. Se você quer ganhar 10, digamos, peça 20 e metade adiantado. Assim, se ele não honrar o compromisso já terá os honorários pagos adiantadamente. Se pagar os 50% restantes, é lucro inesperado.

    P.S.

    Evite receber em cheque. Este documento que já foi muito honrado hoje tem má reputação. Ele e quem o assina em boa parte das vezes. Nem motel aceita mais cheque.

    Qualidade

    Pelo segundo ano consecutivo, o Hospital Universitário de Canoas, administrado pelo Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (GAMP), receberá a Certificação em Qualidade Assegurada no Preparo de Pele e Normotermia pelo Programa 3M.

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  • A transição do catolicismo

    Publicado por: • 26 fev • Publicado em: Caso do Dia

     O Brasil está deixando o catolicismo e se encaminha para ter maioria evangélica, informa matéria do jornal Valor Econômico, para quem o país vive em transição religiosa. Faz todo sentido. Tenho escrito e analisado o que parecia ser um fenômeno há muitos anos, desde que as então chamadas seitas ocupavam locais estratégicos de Porto Alegre. Quando digo que parecia fenômeno é porque não existe isso. Fenômeno é a consequência natural de um processo que estava nas nossas barbas, mas dele não nos damos conta.

     Há uma série de explicações para a perda de prestígio e poder da Igreja Católica. O Deus deles não é punitivo como o católico, para quem somos condenados ao inferno por qualquer coisa. Já nem falo do Deus luterano calvinista e outras, essas sim, religiões evangélicas do Hemisfério Norte. O Deus das nossas até quer que você ganhe dinheiro, ao contrário do catolicismo – é mais fácil um rico entrar nos céus do que um camelo passar no buraco de agulha blablabla.

     Vou dizer uma coisa: essas religiões evangélicas brasileiras ganham cada vez mais adeptos porque praticam um eficaz sistema de autoajuda aos crentes. Por isso, eles pagam o dízimo com gosto. Tem mais razões do lugar onde vim, como diz a plebe, mas as principais são essas.

     Sem falar que, em matéria de marketing religioso e logística de localização de templos, elas dão de relho no Vaticano.

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  • O guardião do tempo

    Publicado por: • 26 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

     A transição dos cabarés de Porto Alegre para as casas noturnas ou casas de garotas de programa começou em meados dos anos 1970, e a pioneira no novo estilo do negócio sexo chamava-se Soninha. Nos cabarés, havia espaço para dançar, de rosto colado, bolerões, tangos, músicas de dor-de-cotovelo na pequena pista que cada cabaré tinha. A novas casas eram na base do vapt-vupt, não tinham nada de envolvimento romântico. As garotas atropelavam os fregueses.

     A Soninha ficava entre o Morro Santa Teresa e o Cristal. Como falei acima, o tempo era dinheiro e quanto mais rápido fosse o programa melhor para a garota e para a casa. Se o freguês quisesse ficar mais de uma hora o preço ia às alturas. Como eram poucos os motéis na época, os quartos ficavam na casa mesmo, geralmente, moradias antigas de alto padrão com muito espaço. O tempo “normal” era – e ainda é – de uma hora. Duas horas entrava a bandeira 2.

     A própria Soninha fiscalizava o tempo, tolerava poucos minutos depois de uma hora. A fila anda, se é que vocês me entendem, e sai da frente porque atrás vem gente. Excedidos os 60 minutos, que se chamava de programa, a dona do bordel passava pelas portas fechadas dos quartos tenho na mão um desse brinquedos de borracha para nenês; quando apertados, emitiam um assobio fininho tipo “fiiiii!”. Era o aviso de tempo esgotado.

     Essa tecnologia, o “fiiii!” emitido por um inocente brinquedo era o guardião do tempo das sessões de sexo.

     Imagem: Freepik

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  • Quando eu morrer, me bebam; se eu for cremado, me cheirem.

    • Paulo Motta •

  • Notas

    Publicado por: • 26 fev • Publicado em: Notas

    Corrupção light

     Corrupção sempre existiu, diz o coral dos analistas para justificar os tempos modernos, em que esse mal chegou no Brasil e fez um arranha-céu. De fato, existia em décadas e até séculos anteriores, mas nunca chegou a esse descalabro. Os que se arrumavam levavam um bom tempo para amealhar mal havidos. Comissões de dezenas e até centenas de milhões de reais contavam-se nos dedos.

    imagem ilustra a corrupção no Brasil em notas na coluna de Fernando Albrecht

    A escala

     Era coisa de 5%, 10% e olhe lá. Os que cobravam 10% viravam celebridades. Conheci um bancário graduado que era chamado de fulano de tal “dez por cento”. Raramente pegavam o cabra com a boca na botija. E quase nunca dava Polícia, portanto cana só em casos excepcionais. Incomodava era a reputação, mas só para iniciantes. Os corruptos mais calejados não estavam nem aí para a fama.

    Técnica de compra

     Mas o que mudava mesmo era o status do corrompido. Nos anos 1970, quando o mercado imobiliário deu um salto espetacular graças à irrigação de dinheiro do BNH, não se mirava em diretores, gerentes ou alguém mais graduado, não senhor. Um paulista quatrocentão que era dono de uma empresa de crédito imobiliário me contou que as grandes construtoras gastavam pouquíssimo comprando informações sobre futuras licitações de grandes obras.

    A cesta do pobre

     Sabem quem? Mandavam uma cesta de natal luxuosa no que hoje seriam coisa de R$ 15 ou 20 mil para apenas duas pessoas: secretária da diretoria ou departamento de licitações – claro que a maioria era honesta – e o boy, que tirava as cópias xerox de todos os documentos emanados pela direção. Tudo em uma empresa passava pela máquina xerox. O boy ganhava uma titica, uma cestinha básica com latinha de patê, vinho de Jundiaí, vermute doce, um panetone e algumas barrinhas de chocolate.

     Latinha de patê. O capital sempre pagou mal.

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