• Uma lenda no Mercado

    Publicado por: • 16 abr • Publicado em: A Vida como ela foi

    Meu nome é Zezinho, mas podem me chamar de o Último Samurai. Pelo menos de Bagé. É assim que o garçom do restaurante Gambrinus, do Mercado Público de Porto Alegre, gosta de se apresentar. Do alto dos seus impressionantes 1m60cm, segundo uma régua falsificada, Zezinho não aparenta a idade que tem, graças a uma mistura de raças que inclui leves traços japoneses, embora há quem diga que parece mais espanhol com  mouro.

    Zezinho já foi garçom titular do famoso restaurante Tia Dulce, na avenida Independência. Palco de memoráveis madrugadas pregadas a uísque e sopa de cebola nas frívolas madrugadas invernais, entre os anos 60 e 80. Sabia tudo de toalhas brancas e cardápios coloridos, como também conhecia a vida pregressa dos frequentadores, especialmente dos alegres rapazes da banda. Quanto a esses detalhes, Zezinho é um túmulo. Nada a temer dele, portanto.

    Afeiçoado a trocadilhos e minipiadas, o Último Samurai mistura chistes com os pratos que apregoa, como salada de batata com bacalhau.

         – O peixe é nacional, mas a batata é inglesa.

       Existiram e ainda existem tantos Zezinhos em Porto Alegre e poucos exemplares tiveram suas histórias preservadas em prosa ou verso. Pena.  Dariam um bom e grosso livro.

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  • Tem gente que não pode ver um mico que sai correndo para pagá-lo.

    • Jornalista Carlos Brickmann  •

  • Ardor petista fenece

    Publicado por: • 16 abr • Publicado em: Notas

    O terceiro dia

         Como previsto, o ardor da militância petista no Gólgota carcerário da Polícia Federal de Curitiba vai fenecendo aos poucos. Certamente, restarão fiéis recalcitrantes e amigos mais chegados até sua saída, sabe-se lá quando. Acredito que não demora muito. Como já passaram-se três dias da sua crucificação – segundo a militância – e ele não ressuscitou, resta saber se ele subirá aos céus eleitorais mais adiante.

    A teologia do poste

         Sempre se disse que Lula é capaz de eleger um poste, tese confirmada quando da eleição de Fernando Haddad, como prefeito de São Paulo e com a sucessora. A aprovação de Haddad ao final era quase igual a de Michel Temer agora. Como ele é cogitado com poste para outubro, seria bom passá-lo em uma autoclave, onde os postes de verdade são submetidos a um tratamento químico sob alta pressão para prolongar sua vida.

    O estepe vazio

         Cogitado para substituir Lula, caso ele não possa disputar a eleição, o ex-prefeito governador Jaques Wagner é um dos ausentes mais ilustres da via crucis curitibana. Nem em São Bernardo do Campo esteve, alegando outros compromissos, muito menos no cerco de Curitiba. Se esteve, não foi ouvido nem cheirado. Sem falar que está nominado na Lava Jato.

    Segredos intestinos

    Quando e se a imprensa se debruçar sobre a cizânia das várias correntes internas do PT, o capítulo Vagner merece uma boa análise. O que terá havido para ele esfriar ou ser resfriado é uma boa questão. Ou então ele submergiu para evitar o contágio, coisa improvável. Mas esse nosso mundo está cheio de improbabilidades prováveis.

    O Ursinho Trump

         Donald Trump está enchendo a Síria de mísseis, ele e seus colegas europeus. Desta vez, ele está do lado dos mocinhos, mas nem por isso a mídia reconhece sua ação do bem. Trump até cobrou um agradecimento.

    Nem contra nem a favor…

         …antes bem pelo contrário. Não dá para entender O Globo. Como é sabido, o jornal não tem um editorial clássico, mas pequenos textos sobre vários assuntos distribuídos ao longo da edição. Semana passada, publicou um suelto, como é chamado no jargão jornalístico, em que defende a tese de conspiração contra Lula.

    Filme antigo

         Querer ficar bem com todo mundo costuma dar efeito contrário, o de não ficar bem com nenhum dos dois lados.

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  • Diário de uma Vida Nova

    Publicado por: • 13 abr • Publicado em: Caso do Dia

    Sangue  velho

    Com esse meu exílio em casa para me revigorar e voltar a uma vida normal (na próxima semana), vi tudo quanto é filme novo e antigo na Sky. Nos mais velhos, qualquer sangue que jorra é cor de chocolate. Será que é chocolate de Gramado? Infame, sim, mas vocês queriam o quê, a essa altura do campeonato?

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  •  A fantasma

    Publicado por: • 13 abr • Publicado em: A Vida como ela foi

    Na minha infância, em São Vendelino, morávamos ao lado do Cemitério Luterano. Então, eu tinha intimidade com os mortos, desde que eles não saíssem a passear, especialmente de noite. Como todo piá, considerando-se que à noite todos os gatos são pardos, quando eu ia para a casa do meu tio – que ficava no lado aposto -, prudentemente cobria a parte do rosto que dava para o cemitério, com uma fileira de ciprestes centenários.

    Certa vez, a prima Iara veio para pousar alguns dias conosco. Como toda citadina, assustava-se com os fantasmas do campo. Em uma madrugada, acordamos com seus gritos. Ela estava vendo um fantasma no maior mausoléu do campo santo, que ficava bem no meio da área. Corri para ver e, de antemão, engatilhei uma gargalhada. Parei antes. Realmente, havia um vulto branco em cima do túmulo.

    Para  encurtar o causo, era um vaca leiteira fugitiva do seu Inácio “Notz” Schneider. Nunca vi fantasma dar leite.

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