• Ninguém aceita uma parcela de poder sem a condição de uma parcela de malvadeza.

    • Émile-Auguste Chartier •

  • Sem acordom

    Publicado por: • 31 maio • Publicado em: Caso do Dia, Notas

       Valho-me de uma frase do jornalista Carlos Brickmann, do blog Chumbo Gordo, comentando a falta de líderes do lado do Governo: “o problema é que os caminhoneiros também não têm líderes: o grupo que negocia com o Governo concorda em suspender a paralisação, mas a paralisação continua. Situação complicada: se os dois lados não têm líderes, quem é que pode chegar a um acordo?”

    Cansaço

       Já dá para dizer que a greve começa a fraquejar, mas o desabastecimento segue forte. Começando pela carne. Pegar o gado na fazenda, levá-lo até o frigorífico, abatê-lo, distribuí-lo ao atacado e de lá para os pontos de venda demanda tempo e negociação.

    Sem feriado

       Uma prova que as coisas começam a melhorar nos hortifrutigranjeiros é o aviso da Ceasa/RS, informando que vai funcionar normalmente nesta semana, inclusive no feriado de Corpus Christi de hoje. Cítricos como bergamota e laranja desapareceram até nos mercadinhos de bairro, afora uma ou outra operação que se abastece com a área rural de Porto Alegre.

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  • Muitas vezes, a alma parece-me apenas uma simples respiração do corpo.

    • Marguerite Yourcenar •

  • A tormenta

    Publicado por: • 30 maio • Publicado em: Caso do Dia, Notas

       Todo mundo conhece a metáfora do copo meio cheio ou meio vazio, dependendo do estado de espírito do observador. Pois a imagem da borrasca é parecida para definir a nossa situação. Estaria a tormenta passando ou se reforçando? Dando sequência ao pensamento que perfilei na edição de ontem, sobre o fato de nós jornalistas não sabermos o que vai acontecer, repito que ninguém sabe. Saberemos quando pedras de granizo de meio quilo caírem sobre nossas cabeças. Ou não.

    Furo na barragem

    Dá para notar que a greve dos caminhoneiros (ou locaute dos transportadores) começa a furar aqui e acolá. Longe da normalidade, mas o primeiro furo na represa está esguichando forte e não adianta muito botar o dedo nele. Ocorre que o Brasil está todo ele de tanque vazio, literal e figuradamente. E, para piorar, temos a greve de 72 horas dos petroleiros, claramente uma greve política.

    À procura do Big Bang

    A esquerda está aturdida com o movimento e agora quer cavalgar a crise com o lema que tudo sempre deve piorar. A esquerda radical quer incorporar a greve, deflagrar outras (daí a dos petroleiros) e, em cima desse pipocar, querem assumir o controle. Uma espécie de Big Bang ideológico.

    O ruim pode piorar

    Entraram atrasados, mas não pode ser desprezada a hipótese de uma tormenta maior. Não pela greve em si, mas porque o day after vai ser uma ronha. A inflação dará um salto, os preços serão reajustados pelo custo maior do fornecedor e, não bastasse esse merdemoto, está na frente do nosso nariz a reoneração da folha de pagamentos. Quer dizer, 20% a mais. Ou incorpora no preço e não vende, ou não aduz e quebra.

    Pensando bem…

    …estou achando que a tormenta está é engrossando. Se ainda tivéssemos um governo minimamente resoluto e um Congresso responsável, ainda poderíamos atravessar a borrasca. Mas pergunto eu: estão vendo isso?

    O circo

    O PT faz suas graçolas. Está divulgando o cronograma de lançamento da pré-candidatura de Lula para a presidência. Entrem na fila da atenção pública, rapaziada, porque terão que disputá-la, do respeitável público, com as greves e efeitos dela.

    Azar o nosso

    Os jornais também estão amargando prejuízos sem conta. Os estoques de papel e tinta são finitos, e o terceiro pilar do custo de um jornal é a circulação. Nem precisa falar dela.

    Cobertor curto

    Há um fator a mais que pesa na precisão da cobertura. Quando a crise começou a engordar, as redações foram enxugadas a tal ponto que sobrou só o time que ganha menos. A prata de casa mesmo diminuiu barbaridade. Então, além da qualidade, tem a quantidade. Por isso, não cobrem notícias outras. Todo mundo está imerso no olho do furacão tentando entendê-lo.

    O fato…

    Deu na Zero Hora: o presidente da Câmara (de Vereadores. N.R.) de São Sebastião do Caí, no Vale do Caí, garantiu que já há um acordo entre os vereadores para revogar a lei –  criada pelos próprios parlamentares em abril – que estabeleceu a eles o direito ao 13º salário. Conforme Cláudio Renato Becker (MDB), a decisão de voltar atrás na criação do 13º aconteceu após repercussão negativa junto à população.

    …e sua graça

    Em primeiro lugar, é preciso não entender nada de eleitor nem de opinião pública para achar que a população não reagiria negativamente a esse despautério. Segundo, votar e aprovar uma indecência dessas é para matar. E vocês ainda acham que esse País tem futuro….

    Jornal do Comércio

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  • A perna que levanta

    Publicado por: • 30 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

    Minhas rugas de preocupação vêm aumentando, não só pelos anos que passam, mas por causa dos acontecimentos últimos. Não existe Brasil grátis. Do ponto de vista meramente orgânico, físico, existem produtos como o ácido L-poliláctico (PLLA), um bioestimulador de colágeno, injetável, conhecido como Sculptra, que pretende ser novidade nesse campo.

    Hoje se usa laser (sigla para light amplification by stimulated emition of radiation) com grandes resultados, diferentemente dos primeiros anos das cirurgias plásticas massificadas. Houve casos deploráveis, com socialite esticando a pele até o ponto de deformação. Lembro de um artigo escrito por um cirurgião plástico que condenava esses procedimentos. Começava assim: “Uma mulher que faz plástica fica com cara de quem fez uma operação plástica”. Ou seja, se vê o resultado (desses exageros) até nas barrancas do Rio Caí.

    Lembro de uma senhora altamente qualificada – do ponto de vista de conta bancária – que fez uma. Estávamos em uma vernissage, moda dos anos 1970, quando ela entrou. Ficou de pé e nem mesmo abriu um sorriso, séria. Comentário de um colunista social:

    – Ela não pode sentar, não tem como. E se rir, levanta uma das pernas.

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