• A blitz do cavalo

    Publicado por: • 19 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

    Há tempos, os policiais rodoviários abordaram na RS-240 (RS) , um jovem mal vestido montando um cavalo crioulo “encilhado, de bonito porte, galopando ao longo da rodovia”, segundo a nota oficial. Ele confessou que roubou a animália.

    Então fiquei imaginando uma cena hipotética. A viatura chega e manda a dupla para o acostamento.

    – Documentos.

    – Do cavalo ou os meus?

    – Dos dois. Quero ver o certificado de propriedade do cavalo.

    – Bueno, do cavalo não tenho, comprei há pouco, não deu tempo de fazer o registro. Os meus tão aqui.

    O policial dá uma volta ao redor do animal.

    – Os quatro pneus, aliás as ferraduras, estão carecas. Pisa no freio.

    O cavaleiro puxa as rédeas. O policial levanta o rabo do bicho, que dá um pum muito fedorento bem na cara da autoridade.

    – Tem catalisador de carro francês, fede pra caramba, mas a descarga tá aberta. Não tem luz de freio, e cadê as placas? E o pisca alerta?

    Olha por cima do lombo do equino.

    – Tá podendo, hein? Tem até banco de couro. Cadê o extintor?

    O jovem diz que tem sim, mas se engana e puxa uma garrafa de canha. O policial saca um bafômetro.

    – Alto lá! – defende-se o larápio. – Ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo!

    – Mas não vale pro cavalo, meu! Manda o matungo assoprar no canudo.

    Em vez de assoprar, o animal come o canudo.

    – Teje preso, ocultação de provas!

    – Mas seu guarda….

    – Balada segura, lei seca é lei seca, azar o teu.

    Então ele chama a viatura.

    – Recolhe.

    O cavalo dá uma bela de uma relinchada. O policial entende isso como deboche.

    – Recolhe os dois.

    Vem o caminhão guincho. O motorista coça a cabeça.

    – E levo o cavalo pra onde?

    O policial coça a cabeça.

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  • Recuerdos de 2008

    Publicado por: • 19 fev • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O Banco Central prepara mudança na legislação para permitir que um mesmo imóvel seja dado em garantia em mais de um financiamento, por instituições financeiras diferentes e prazos diversos. Doutor Guedes, certamente o senhor sabe que a crise do subprime de 2008 nos Estados Unidos começou assim. Com tremores secundários até hoje.

    CEGUEIRA COLETIVA

    Canso de repetir, de avisar, de implorar até, que os sites dos jornais têm relativamente pouca leitura por causa das fontes (letras) desmaiadas. É por isso que o tempo médio que um leitor fica na frente da tela de site de jornal é de apenas 6,8 segundos (dados Google). O cara desiste de ler por causa disso, pelo menos o leitor com uma certa idade. Olha os títulos e ilustrações da página inicial e deu. Vou morrer repetindo isso, sobre essa enorme burrice.

    LEITORES DE ORELHA

    O mais espantoso é que as direções e executivos não se deem conta disso. Além de perder leitores, deixam de ganhá-los. Por causa disso, uso negrito nesse blog. Ah, me disse um diretor de grande empresa de comunicação, eu consigo ler. Sim, mas na dobro do tempo em que lê o mesmo número de caracteres de jornal impresso. E tem a gurizada que lê, garantiu outro. Que gurizada? Só uma fração lê uma matéria de cabo a rabo. É versão digital da leitura de orelha de livro.

    O BRASIL QUE DÁ ERRADO

    Publicado dia 18 de fevereiro de 2013 e ainda atual. Confiram.

    Temos vivido tempos conturbados no Rio Grande do Sul. A poeira ainda não baixou da tragédia de Santa Maria. Então, para se fazer uma análise mais serena, é preciso dar tempo ao tempo. Entendam bem, compartilho a indignação e a dor das famílias, mas a sociedade gaúcha como um todo mostrou facetas preocupantes. Somos um Estado de linchadores, em que a serenidade é avis rara. Também não dá para aguentar a exploração política em torno da tragédia, assim como é brabo aguentar o ritual de tirar o corpo fora das responsabilidades

    A questão é que aqui não existe meio termo. É tudo oito ou 80. Vivemos falando que deveríamos deixar para trás o tradicional espírito beligerante, mas constatamos que, em vez de melhorar, as coisas parecem estar piorando. No episódio das árvores cortadas no Gasômetro para dar curso às obras, vi-me em plena Inquisição. O caso é que ideologizaram tudo. Conseguiram isso até com sacolas de supermercado, as de plástico são de “direita” e as ecobags são de “esquerda”.

    Temos carradas de exemplos enraivecidos no dia a dia. É só olhar o comportamento no trânsito, por exemplo. Ou discussões por bobagens na mídia, ninguém aceita o contrário. Somos fundamentalistas, crê ou morre. Depois falamos mal do radicalismo do Oriente Médio. Só nos faltam as AK-47 e os homens-bomba.

    PENSAMENTO DO DIAS

    Tem tanto influenciador digital na praça que breve não teremos mais influenciados. Então quem vai influenciar quem?

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  • O Brasil que dá certo

    Publicado por: • 19 fev • Publicado em: O Brasil que funciona

    Nova diretoria da Associação dos Advogados Trabalhistas de Empresas no Rio Grande do Sul (Satergs), que dirigirá a entidade no biênio 2020/2021, toma posse em 2 de abril, no Clube Leopoldina Juvenil, em Porto Alegre. A eleição de Camilo Gomes de Macedo (presidente) e Luiz Fernando Moreira (vice-presidente), sócio da Flávio Obino F° Advogados, ocorreu na segunda-feira (17).

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  • A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixa cicatrizes no cérebro.

    • Noam Chomsky •

  • Jornalismo fiel

    Publicado por: • 18 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

    Sempre digo que o jornalismo mais fiel é o da reportagem policial. Ele dá a idade, profissão, detalhes da vida, como marca do carro quando é acidente, enfim, forma um perfil que as editorias de economia não dão. De alguns anos para cá, logo após o nome, vem a idade. Os americanos fazem isso sempre. Devia ser obrigatório aqui.

    Bueno. Claudio Frederico Vogt, um coronel do Exército reformado, tem um blog (www.escritorcfvogt.blogspot.com.br) no qual conta causos da sua mocidade na cidade gaúcha de Sarandi sob sua ótica de forma saborosa. O jornalismo moderno desaprendeu a arte de contar histórias. Tudo dá uma, mesmo coisas bem técnicas.

    Ao caso do coronel, então. Um trecho:

    “Começou uma briga entre dois torcedores. Com caipirinha nas veias, um queria acabar com o outro. No auge da fúria, faltou luz na Cidade. Ninguém via nada! Havia o risco de alguém ser atingido por uma cadeirada perdida. Ciente do perigo, fui me proteger na sala do Presidente. Fiquei na porta aguardando os fatos. O ecônomo não tinha nem lanterna. Contar com a sorte fazia parte da nossa cultura. Seguiram-se momentos de suspense… O brigão, que se achava mais esperto, cometeu um erro estratégico: acendeu um fósforo! Tomou uma bofetada cinematográfica! Os palitos de fósforo voaram! A situação piorou: sem luz, sem fósforo, sem lanterna, com um ferido.

    Palitos de fósforo voaram é muito bom, assim como bofetada cinematográfica. Mas a melhor delas é a cadeirada perdida.

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