Os pastéis do Adãozinho
Um dos melhores bares da cidade foi o BOx 21, no Hortomercado, da Quintino, quase esquina com a Cristóvão Colombo e Bordini. Uma das especialidades era um pastel maravilhoso.
Certa noite, saí da redação com o colega Adão Oliveira, que era nosso correspondente em Brasília. Falei do pastel, e ele adorou a ideia, porque era apaixonado por pastel.
Chegamos lá, eu pedi dois pastéis e o Adãozinho pediu oito. O dono, Paulo Sérgio Lontra, recentemente falecido, perguntou se era para viagem.
– Não, falou o Adão, vou comer aqui mesmo. Mas sem recheio. Gosto de comer só a casca.
Cada um com suas manias, falou o Lontra, e deu a comanda para a cozinha.
Depois que comeu todos, pediu a conta.
– Mas quero desconto, só comi a casca.
Foi minha vez de olhar para o Adãozinho demoradamente. Ele, com a maior cara de pau, insistiu. No fim, chegaram a um meio termo.
Um dos frequentadores era um Delegado de Polícia que apelidamos de Prisão de Ventre – nunca tinha prendido ninguém. Mas essa já é outra história.