Os ovários do Peninha
O ano era 1978, e eu fazia um trabalho para uma agência de propaganda, a Publivar. Nos tempos da ligação nem sempre fácil, pendurei-me ao telefone da mesa da secretária/telefonista, tentando falar com o médico da minha mulher.
Felizmente, não era nada, um exame indicara uma alteração nos ovários, o que não se confirmou. Feliz da vida olhei para o lado e lá estava o Peninha, de terno, gravata e pasta de executivo.
Cinco anos antes, eu o conhecera como boy, onde ganhou o apelido. Bela pessoa, divertido. Mas, de vez em quando, a polia escapava. Fiquei contente ao ver que havia subido na vida, afinal era contato de uma empresa.
– Seu Fernando, sem querer, eu ouvi sua conversa com o médico. A senhora sua esposa está bem?
– Graças a Deus está tudo OK, grato pelo interesse.
Peninha sacudiu a cabeça.
– Eu sei o que é ter problemas nos ovários, é uma dor muito forte. Tive isso nos meus.
– Teus o quê?
– Ovários. Doíam pra caramba.