O ventilador assassino

1 jul • A Vida como ela foiNenhum comentário em O ventilador assassino

Bar Pelotense, rua Riachuelo, 1975, 11h de sábado. Dois senhores de idade entram, sentam-se a uma das mesas de mármore com ferro trabalhado. Vem o garçom Elpídio, comanda na mão, Bic atrás da orelha.         

– Dois chopes, rápido. Muita sede.

Assim que os copos chegam à mesa, eles fazem um brinde batendo os copos, e bebem como se viessem do deserto. Mal estavam na metade ouve-se um barulho estranho vindo do alto pé direito da casa. Um pesado ventilador de teto de pás metálicas se desprende e mergulha direto.

Espatifa-se e espatifa a mesa. Por milagre, bem na hora em que os dois estavam curvados para trás, bebendo. Houve um silêncio atônito no recinto, até que um deles levantou o dedo.         

– Mais dois.   

O garçom trouxe pressurosamente os chopes. O mais velho levantou e falou como se estivesse em campanha.       

– Olhem só nossa sorte dupla. Saímos de Barra do Ribeiro de manhã, e, ao entrar na BR-116, um caminhão pegou nosso Opala de cheio, perda total. Não sobrou nem a tampa do porta-luvas. E nenhum de nós teve um só arranhão! E agora vem essa do ventilador assassino.    

Sentou e pediu mais dois chopes. Desta vez, todos os fregueses brindavam juntos. Até o Elpídio, com seu reluzente dente de ouro, acompanhou o brinde.

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Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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