O Rolex que me sacaneou
Certa vez, fui visitar o empresário hoteleiro Renato Ritter, do Ritter Hotéis. Reparei no belo Rolex de ouro que ele tinha no pulso.
Vendo meu interesse, ele abriu uma gaveta cheia de relógios de grife de todas as marcas, comprados por 10 dólares em Bangkok, na Tailândia. Ele tirou um Rolex de ouro com pulseira idem e me deu.
Como abaixo de 20 reais não é feio receber brindes, aceitei. Botei no pulso, mas o usava só em áreas seguras. Imagina eu ser assaltado e morto por causa de um relógio de “ouro” que não valia nem um lanche.
Dias depois, notei que ele atrasava ou adiantava sem mais nem menos. Olhava, eram 11h. Cinco minutos depois, eram quatro da tarde.
Como depois do quartzo não existe mais isso, posto que submetido à corrente elétrica da bateria, vibrava exatamente 60 mil ciclos, fiquei mais cabreiro ainda. Falsificação da falsificação, só podia.
Então dei-o para minha faxineira para que desse ao seu filho com recomendação que não o usasse na rua. Ela me olhou de um jeito estranho.
– Mas seu Fernando, o que meu filho faria com um relógio sem vidro no visor?
Maldição. De alguma forma, o vidro tinha caído e ao botar e tirar a mão no bolso os ponteiros se prendiam no tecido e ficavam marcando horas malucas. Enganado pelo próprio bolso, que humilhação.