O jeito falido de fazer política

27 jun • NotasNenhum comentário em O jeito falido de fazer política

É o brasileiro. Os partidos, mais de 30 e pelo menos 13 na fila, são um aglomerado de interesses pessoas e muitos criados para trocar apoios e ceder espaços nos horários gratuitos da TV e mamar nas gordas tetas  no Fundo Eleitoral mais o outro butim, o Fundo Eleitoral. 

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Há quem diga que até nos Estados Unidos existem dezenas de pequenos partidos e outro tanto de candidatos a presidente, o que é verdade, só que tudo desemboca nos Democratas e Republicanos, ao fim e ao rabo, como dizia aquele capataz de estância do Alegrete.

A República das Tetas

Mesmo sem ter nenhum vereador eleito, os amantes das tetas eleitorais ganham um novo cargo. Um naquinho, é verdade, mas é repartido por poucas pessoas.

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É bem verdade que nem todas essas siglas são malandras ou trocam interesses. Há gente indignada com o jeito eleitoral brasileiro e, da indignação, fundam um que, imaginam, possa crescer com o adubo da honestidade.

Quem manda na política brasileira são os grandes, paradoxalmente esfacelados por brigas internas. Então os insatisfeitos pedem o boné e fundam outros, calçados em nomes com densidade eleitoral, chamados de bons de voto. Aí, o  jogo recomeça em outros ringues, mas com os mesmos pugilistas que, desta vez, esmurram antigos colegas. Tudo por um nocaute.

O jogo do osso

Trata-se de um antigo jogo do azar que, assim como o jogo do bicho era – e ainda é – contravenção. Consistia em jogar um osso com dois lados e apostava-se em um. Tem lá suas manhãs.

Na nossa política partidária, o jogo do osso tem outras regras. Quem tem um jamais o larga e briga até com a mãe para ficar com ele. O jogo consiste em quem ficar mais tempo com ele e o vai roendo devagarinho assim como fazem os cães. Para estes, é comida; para os humanos, é poder. Funciona como um cetro.

Alguns donos de ossos, mesmo os de esquerda, estão abraçados neles há 30, 40 e até 50 anos. Quando chegam as eleições, outros mais jovens também querem seu ossinho. Mas em regra são aniquilados pelos donos dos ossos grandes. Como nas áreas das praias onde tem um bosque de casuarinas, nada nasce entre elas, nem grama. Casuarina também não larga osso.

O deputado federal gaúcho Jerônimo Goergen (PP) exerceu cinco mandatos consecutivos. Criou instrumentos poderosos para auxiliar o campo e a cidade, como a desoneração da folha de pagamentos, a Lei da Liberdade Econômica, entre outras iniciativas. 

Quando deputado estadual, criou a CPI da Carne. A única que não foi caça às bruxas, mas investigou do início ao fim como a carne chega tão cara ao consumidor.

Achou que era hora de se candidatar a um cargo executivo. O partido negou. Então ele está fora da política. Vai se dedicar à sua profissão inicial,  advogado. Uma enorme perda para a política sadia.

Encontrei-o em um almoço no sábado. Quando nos despedimos ele resumiu a ópera: “Hoje, a política não dá espaço a quem quer resolver problemas da sociedade”.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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